O povo que se cuide
Nas eleições municipais de 2012, um
candidato a prefeito, pelo PT, tinha como slogan: “Para cuidar do povo como
Lula nos ensinou”. O triste é que o dito candidato se proclamava
“marxista-leninista-trotskista”. Ora, o marxismo diz que a obra de libertação
dos trabalhadores será obra dos próprios trabalhadores.
Nos
primórdios do movimento socialista, havia um segmento liderado pelo
revolucionário Auguste Blanqui, que propunha uma organização disciplinada, que
teria a tarefa de “assaltar o poder” em favor das massas populares. Essa proposição
blanquista foi posteriormente chamada de substituísta, uma vez que um grupo bem treinado
poderia substituir as massas
populares e promover a sua libertação.
Em
1902/3, o revolucionário social democrata, Vladmir Lenine, propôs um modelo de
partido que tinha feições acentuadamente blanquistas. A proposta leninista de
partido defendia a existência de especialistas, treinados na arte de conspirar
e enganar a repressão. Deveria funcionar de forma ultra centralizada e
disciplinada, como convinha a uma organização paramilitar. Essa concepção de
partido levou a que o Partido Operário Social Democrata russo sofresse um
“racha”, dividindo-se em duas correntes políticas: os bolcheviques e os
mencheviques.
Mas
não pararam por aí as discordâncias quanto à concepção de partido proposta por
Lenine. Os mais destacados revolucionários, de então, se opuseram com veemência
à tal proposição, incluindo-se dentre as figuras proeminentes do socialismo,
Rosa Luxemburgo e Leon Trotski. Este último chegou a elaborar e publicar, em
1904, um ensaio sob o título Nossas Tarefas Políticas, em que denunciava o
caráter substituísta do partido defendida pelos bolcheviques e alertava que,
caso prosperasse aquele modelo partidário, um partido de experts, haveria de
substituir as massas populares enquanto seu Comitê Central substituiria o
próprio partido e, alguém “ungido”, “beatificado” haveria de substituir o
próprio Comitê Central. E essa profecia de Trotski se confirmou de forma contundente
no processo da Revolução Russa iniciado em 1917. Não é demais afirmar que um
povo “libertado” será um povo tutelado,
jamais um povo livre.
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