terça-feira, 31 de agosto de 2010

A explosão mexicana

A cada dia torna-se mais acentuada a violência que ronda sobre todos os quadrantes do mundo. Ela se manifesta através das guerras, da violência no trânsito, da violência urbana, da violência doméstica e do banditismo. São incontáveis as campanhas levadas a cabo em favor da paz. Ora são procissões religiosas que apelam aos céus uma convivência tranquila entre os homens. Ora são caminhadas de pessoas, vestidas de branco, apelando aos governos que detenham a marcha da violência. Ora são revoadas de pombas brancas que, simbolicamente, clamam pela paz. Entretanto, essas iniciativas, tem se mostrado, de maneira soberba, que são inócuas, não produzem os efeitos desejados.
Costumamos chamar atenção para uma curiosidade: todos são a favor da paz: o médico, o professor, o gari, o soldado, o vigário, o bispo, o jovem, a criança, o idoso, mas apesar de todos se manifestarem em favor da paz, a violência subsiste e se intensifica. Cabe uma pergunta: por que isso acontece? E a resposta é única: acontece em razão de que não se busca a causa real da violência e ela, como já dissemos, em outras ocasiões, tem nome, chama-se CAPITALISMO.
A sociedade capitalista baseia-se na produção do lucro para uma minoria e a busca incessante desse lucro provoca os mais mesquinhos e brutais interesses ao lado de um profundo desajuste social. A guerra, por exemplo, alimenta uma rentável indústria bélica que aufere astronômicos lucros, construindo máquinas mortíferas, altamente sofisticadas. Daí, a guerra ser tão fomentada, pois ela é um bom negócio para poucos. Enquanto isso, as outras formas de violência expressam o desajuste social. Hoje, há um agravante para essa situação que reside no uso crescente de drogas e, consequentemente, o seu criminoso tráfico. Há poucos anos, a Colômbia era palco maior da violência pelas drogas; hoje, é o México que se coloca na vanguarda desse cruel fenômeno através das guerras entre diferentes gangs. O México explode. O mundo explode. Isto só cessará com a superação do sistema capitalista.

sexta-feira, 27 de agosto de 2010

Qual o lado deles?

Os motoristas e cobradores de Fortaleza ganham menos do que ganham os mesmos profissionais na cidade de Teresina. Dado os seus baixos salários, os trabalhadores rodoviários, daqui, lutam por reposição salarial. Já levaram a cabo alguns movimentos paredistas, entretanto, os empresários continuam irredutíveis. No seu movimento de reivindicação os trabalhadores sentiram o peso dos cassetetes e dos sprays de pimenta da Guarda Municipal comandada pela prefeita Luizianne Lins. Enquanto isso, a Justiça estipula multas astronômicas para o sindicato dos trabalhadores numa tentativa fazê-los recuar em suas reivindicações.
Alguém já viu a Guarda Municipal aplicar golpes de cassetetes e sprays de pimenta nos olhos das classes empresariais? Já se viu a Justiça estipular multas aos sindicatos patronais para puní-los em sua irredutibilidade? Claro que não. Eles, Prefeitura e Justiça, são o Estado, e ele não está a serviço do bem estar social, mas do sistema capitalista, cujo principio é a preservação da propriedade privada e do sacrossanto direito da burguesia aos seus vultosos lucros.
Para ter a tarifa vigente o Estado concedeu favores fiscais aos empresários, não afetando, assim, seus lucros. No capitalismo é assim. Não é o emprego e nem o salário, que devem se constituir como princípios sagrados, mas a propriedade e o lucro de uma minoria.
Há uma luta permanente entre o capital explorador e o trabalho explorado. Ao lado do trabalhador existe a sua própria capacidade de organização e de luta. Ao lado dos capitalistas está todo o aparato repressivo e persuasivo; está o Estado. Cabe-nos dizer de que lado devemos estar. Os que aceitam o sistema vigente prestam-se a servir aos interesses da burguesia, mesmo que alguns se rotulem “socialistas” ou “comunistas”. Ora, ser Estado, em nossa conjuntura, é ser defensor do capitalismo, portanto, defendemos que os verdadeiros socialistas não devem pleitear o papel de agente executivo do Estado, seja ele prefeito, governador, presidente, ministros ou secretários.

terça-feira, 24 de agosto de 2010

Modelo? Que modelo?

Há cerca de oitenta anos a esquerda convencional, de matriz stalinista, abdicou da bandeira anticapitalista para aderir ao velho social-patriotismo da Segunda Internacional degenerada. Com a burocratização da Revolução Russa, os interesses do Estado Soviético passaram a sobrepujar os interesses da Revolução Socialista. Nos países mais desenvolvidos a esquerda convencional passou a defender a política de co-gestão do sistema capitalista através das famosas Frentes Populares, coligações eleitorais que reuniam partidos pretensamente de esquerda com setores de uma dita burguesia progressista.
Nos países retardatários, a esquerda convencional assumiu uma política nacional-reformista cujo esteio era a luta patriótica pela soberania e a consecução de algumas reformas que possibilitariam, num momento posterior e indefinido, que se chegasse a uma segunda etapa, a etapa da Revolução Socialista.
Assim, por longos anos, deixou-se de lado o anticapitalismo para centrar as energias contra o “inimigo comum” ao proletariado e à burguesia, que seria o imperialismo. Num primeiro momento, o imperialismo era representado pelos países centrais do capitalismo. Depois, deu-se um passo atrás no processo de degeneração política e reduziu-se a expressão anti-imperialista aos yanques, supondo-se que eram eles, a causa dos males sociais e não o capitalismo.
Posteriormente, a esquerda convencional passou a denunciar um capitalismo selvagem, pretendendo que houvesse um modelo civilizado de capitalismo. Por fim, chegou a era do neo-liberalismo. Tratava-se do modelo mais cruel de espoliação e isso motivou uma campanha exacerbada contra esse modelo. Essa campanha deixava distante a necessária denúncia do capitalismo e passava-se a reivindicar outro modelo, que fosse menos cruel, e promovesse um pretenso desenvolvimento sustentável nos marcos do próprio sistema. Mas a questão não é trocar um modelo por outro. A questão é centrar a luta contra o capitalismo, independente do modelo que ele se apresente.

segunda-feira, 23 de agosto de 2010

Islamismo fascista

Sucedem-se a cada dia, a cada hora, a cada minuto os testemunhos mais eloquentes do caráter fascista do fundamentalismo islâmico. País como o Irã, onde se estabeleceu uma teocracia fundamentalista, pratica odientos crimes levando a prisões, torturas e à forca, seus dissidentes; praticando barbaridades como a sentença de apedrejamento a uma jovem acusada de adultério; perseguindo e assassinando pessoas pelo pretenso crime de práticas homossexuais. Suprimindo, assim, toda e qualquer forma de liberdade.
Não bastasse a república teocrática do Irã revelar o seu fascismo, temos o Talibã praticando barbaridades, como a amputação do nariz e das orelhas de uma jovem para puní-la por algum comportamento revelador de inconformismo. Mais recentemente, uma força militar do Talibã, executou uma dezena de cidadãos americanos que participava de uma missão pacífica de socorro aos enfermos, sob o argumento de que eles portavam bíblias em uma língua paquistanesa e que isso revelava propósitos doutrinadores conflitantes com os credos islâmicos. A Síria é outro país que, sob a égide do fundamentalismo islâmico, pratica o mais cruel totalitarismo.
Diante desse cenário, não se ouve com frequência, nenhum protesto de nossa esquerda convencional. Ela não se escandaliza com essas barbaridades, isso porque os fundamentalistas, por razões profundamente obscuras, são possuídos de um grau intenso de raivosidade em relação aos norte americanos. E, a esquerda convencional, no seu obtuso anti-americanismo, vê com simpatia tudo que se opõe ao “império do norte”, mesmo que tal oposição represente o que de mais bárbaro pode se ter nesse momento histórico.
Uma esquerda de verdade será, por definição, anticapitalista, porém a esquerda convencional, há muito se demitiu da luta anticapitalista para assumir posições estritamente social-patriotas tendo como alvo maior, o imperialismo norte americano passando ao largo do imperialismo na sua feição inglesa, francesa, japonesa, alemã, belga ou canadense, o que é uma completa distorção.

terça-feira, 17 de agosto de 2010

Ela disse...

A candidata do PT à Presidência da República, Dilma Rousseff, questionada, em entrevista ao Jornal Nacional da Rede Globo de televisão, por que o PT fazia severas restrições ao PMDB ideológico de Ulisses Guimarães, Franco Montoro, Tancredo Neves, Mario Covas, e hoje, estabelece estreita aliança com o PMDB fisiológico, representado por Michel Temer, José Sarney, Jader Barbalho, Renan Calheiros, Romero Jucá? Ela disse: O Partido dos Trabalhadores amadureceu, e o seu amadurecimento responde a essa questão.
Como já fizemos, em outras ocasiões, cabe insistir na pergunta: O PT, serviçal do grande capital e aliado da escória da política brasileira, amadureceu ou apodreceu? Hoje, ele não tem o menor pudor em dizer aos grandes capitalistas que eles devem estar satisfeitos, pois nunca usufruíram tantos lucros, e é em nome dessa satisfação que a candidatura Dilma é a mais rica dentre todas.
É interessante observar a insistência com que o PT quer nos impor uma eterna oposição ao governo FHC. Primeiro, é oportuno que se diga, que o governo petista conservou os fundamentos da política econômica e financeira dos governos Itamar Franco e Fernando Henrique. Depois, o que se haveria de esperar de um partido que se reivindica dos trabalhadores, é que ele encarnasse os interesses históricos das massas laboriosas, e esses interesses têm como espinha dorsal a luta contra o capitalismo e nunca se ater a políticas compensatórias cujo fim é atenuar as tensões sociais e cooptar as massas desinformadas para o seu projeto continuísta, marcado pelo servilismo ao sistema sócio-econômico vigente.
A comparação FHC e Lula é completamente descabida, não só por suas semelhanças mas porque ela não vai além de um truque para nos desviar a atenção da questão essencial. A humanidade hoje vive um terrível dilema: ou ela destruirá o capitalismo ou por ele será destruída. Essa sim é a essência da questão histórica que hoje nos assalta e a discussão de governos mais ou menos populares é uma forma de escamotear o problema mais crucial dos nossos dias.

quinta-feira, 12 de agosto de 2010

Por que mais rica?

É verdade que nós, modo geral, não temos o hábito de pensar. Até dizem que pensar dói, ou seja, é um exercício doloroso de reflexão e questionamento. Em face disso, poucas são as pessoas que atentam para o fato de que a candidata Dilma Rousseff, auto-proclamada mãe dos pobres, tem a campanha mais rica dentre todos os postulantes à Presidência da Republica. De onde vem tanto dinheiro? A resposta é clara. Vem dos banqueiros, altos comerciantes, agropecuaristas e industriais. Vem da alta burguesia, das empreiteiras, que sabem muito bem ser a candidatura Dilma Rousseff um bom investimento. Isso ficou claro para eles durante os oito anos de governo Lula. Nesse período nunca a burguesia lucrou tão fartamente, nunca a burguesia gozou de tanta estabilidade social, pois o governo Lula, para bem servir ao sistema capitalista, tratou de patrocinar a miséria através do Bolsa Família, enquanto engessou as centrais sindicais e estudantis, tudo isso a um custo bastante razoável. Dilma Rousseff se apresenta como uma candidatura continuísta. Eleita presidenta, haverá de assegurar os mesmos lucros e a mesma tranquilidade social que o suborno e a propina haverão de garantir. A bem da verdade, porém, não somente a candidatura dessa senhora tem o caráter continuísta. Marina e José Serra também têm a mesma postura. A burguesia, entretanto, imagina que o Partido dos Trabalhadores – PT, fora do governo, poderá instrumentalizar as centrais sindicais e estudantis como forma de fazer oposição a governos tipo: Marina e José Serra.
Céu de brigadeiro. Mar tranquilo. Eis o que foi para a burguesia o governo Lula e promete ser um eventual governo Dilma Rousseff. Fora do script, está a candidatura de Plínio de Arruda Sampaio, e em razão disso, é que somente agora, a poderosa Rede Globo de Televisão resolveu inserir esse candidato no debate, e assim mesmo, de forma reduzida, pois enquanto os continuístas desfrutam de tempo maior, ao Plínio de Arruda é reservado um tempo bem menor nas entrevistas e reportagens da aludida rede de televisão.

terça-feira, 10 de agosto de 2010

A pimenta que faltava

Insossa. Sem nenhum tempero. Assim estava a campanha eleitoral montada no tripé da maldade: Dilma, Serra e Marina. Três candidatos e um só discurso.
Mas, no debate entre os candidatos na TV Bandeirantes, chegou o tempero que faltava, chegou Plínio de Arruda Sampaio com um discurso qualitativamente diferente pregando a necessidade de se construir a igualdade social como única maneira de se enfrentar as mazelas sociais como a fome, o desemprego, os baixos salários, a violência, as drogas... Somente um combate radical contra a imensa desigualdade reinante no mundo e no Brasil é que se poderá ter esperança de justiça e paz.
A proposta de igualdade social é uma proposta anticapitalista e a candidatura de Plínio colocou, com todas as letras, essas questão, ao invés de se limitar ao continuísmo enganoso colocado pelas três candidaturas mais badaladas anteriormente.
O novo tempero conseguiu empolgar um contingente de pessoas que estava insatisfeito com o cenário imposto em torno das três candidaturas. Sinal desse empolgamento foi o vertiginoso numero de acessos ao twitter do Plínio, dando-lhe boas vindas e assumindo compromissos de levar adiante essa campanha que se caracteriza pelo compromisso com a verdade política.
Plínio é PSOL, e PSOL é 50. Daí esperarmos que em todos os estados da federação, tenhamos o voto 50 de cima a baixo, de fio a pavio, pois ele representa os reais interesses das grandes massas populares e não dos grandes capitalistas, banqueiros, agropecuaristas, industriais e grandes comerciantes que só tem olhos e ouvidos para o lucro, mesmo que esse lucro custe a destruição do meio ambiente e a penalização cruel de imensos contingentes populares. Em função de tudo que foi dito, esperamos que você trabalhador, dona de casa, estudante, assuma em suas mãos as bandeiras que a candidatura do Plínio representa, vez que não se trata da figura de um homem ou de um punhado de homens e mulheres; trata-se dos interesses maiores e mais profundos de todos nós que representamos a maioria da população.

sábado, 7 de agosto de 2010

Violência tem nome

Há um fato deveras curioso que temos, insistentemente, chamado a atenção. Todos são amigos da paz: o desembargador, o gari, o motorista, a dona de casa, o general... Entretanto, o que assistimos é campear, mundo a fora, a mais brutal violência, mesmo quando contra ela, promovem-se procissões, caminhadas, revoadas de pombas brancas, cânticos e poemas. Indiferente a todas essas manifestações pela paz, a violência continua viva e crescente. São as guerras, o banditismo, a violência no transito, a violência doméstica, as patologias tipo: pedofilia, ou assassinatos em série.
Estamos convencidos de que as campanhas pela paz passam ao largo da verdadeira causa de tanta violência. Não vêem que, por trás desse fenômeno brutal, existe um sistema sócio-econômico, cujas características principais são: a gritante desigualdade, o desespero e os desajustes sociais que se transformam em anomalias. Um verdadeiro combate à violência, uma eficaz luta pela paz tem, para ser consequente, que atacar a sua raiz, e esta tem nome, chama-se capitalismo.
Esse sistema sócio-econômico, que outrora foi progressista e promissor de um futuro radiante, mergulhou em um processo de esgotamento e, nessa condição, tem feito avolumarem-se as incontáveis tragédias sociais enquanto coloca em risco a própria existência quando agride de forma desvairada o meio ambiente destruindo a fauna, a flora, os mares, os lagos, os rios e os ares, em síntese: destruindo vidas numa progressão geométrica.
Esse quadro tão tenebroso e tão adverso de violência não deve só nos assustar. É necessário que cada um de nós deixe de assistir a esse fenômeno pelas telas de TV e tome a iniciativa de participar, efetivamente, de ações de caráter anticapitalista para que possamos assegurar um mundo de justiça e paz, ou seja, um mundo que bem pode ser chamado de socialista. Não é inteligente buscar fugir da violência pela via única da proteção individual, pois essas soluções são ineficientes. A paz só poderá vir pelas mãos de todos.

terça-feira, 3 de agosto de 2010

Poder público

Temos insistido em mostrar que a burguesia, para manter o sistema capitalista, lança mão de uma cultura baseada em múltiplas e gritantes mentiras. O capitalismo apóia-se sobre o império da mentira e essas mentiras são colocadas em nossas cabeças desde a mais tenra idade. Tratam de nos passar essa cultura de equívocos, fantasias e crendices, as nossas famílias, as escolas, as igrejas e os meios de comunicação. E nós, inadvertidamente, repetimos esses discursos mentirosos que nos foram impostos como se fossem idéias nossas. Dentre as múltiplas e descaradas mentiras, existe uma gravada na festejada Carta Magna cujos termos são os seguintes: “todo o poder emana do povo e em seu nome será exercido.” Bela e deslavada mentira! O poder é o Estado, e o Estado com suas inúmeras instituições desde a polícia, forças armadas, aparelhos administrativos e judiciários, e às escolas, representa o poder da burguesia sobre o conjunto da sociedade.
Dizendo melhor: no capitalismo, o poder é o Estado e o Estado é conduzido de acordo com os interesses da burguesia e não será o simples ato de votar que possibilitará a substituição do poder burguês pelo poder popular. Falar em poder público, em poder do povo no capitalismo, é cometer uma fraude uma vez que o Estado permanece intocado. Governos e parlamentares vão e vêm, enquanto isso o Estado permanece e ele é a encarnação do poder burguês. Resta-nos, portanto, buscar outros caminhos. Resta-nos buscar construir organismos de poder popular como sindicatos livres, associações de bairros autenticas e representativas, comitês de fábricas e de outros lugares de trabalho, entidades de jovens sejam nas escolas, nos bairros e nos movimentos culturais. Isso, porém, não implica em dizer que não devemos participar dos processos eleitorais e buscar utilizar-se deles para denunciar os verdadeiros inimigos do povo.
No capitalismo não existe poder público. Existe, sim, o poder burguês. Quanto ao chamado dinheiro publico, não passa de recursos que servem antes de tudo ao grande capital.