sexta-feira, 28 de outubro de 2011

MENTES CORROMPIDAS




            Geralmente quando empregamos a palavra corrupção nos vem logo à mente o roubo, o desfalque e toda sorte de má conduta. Poucos são os que observam que a corrupção de nossas mentes tem raízes muito mais profundas do que aquelas diretamente responsáveis por tantos crimes ostensivamente praticados e tão visíveis.
            Para esse processo de corrupção, não perceptível, ou seja, nunca observado, é que se cria uma cultura calcada em preceitos falsos e, às vezes, sutilmente mentirosos.
            Tomemos um exemplo para desenvolver esse nosso raciocínio que tem por objetivo denunciar o caráter mais profundo do processo de corrupção. Comecemos por tratar de um dos postulados de nossa cultura que dá sustentação jurídica, e não só jurídica, para que possa repousar impunemente essa imoralidade que é a existência de um sistema capitalista que, se outrora, foi revolucionário e progressista, hoje, exaurido, tornou-se uma impiedosa força contrária aos interesses maiores da humanidade.
            Tratemos da Constituição Federal, tratemos da idolatrada e festejada Carta Magna, e lá vamos encontrar o ponto de partida da edificação de um conjunto de conceitos cujo objetivo é sacramentar uma corrupção quase imperceptível.
            Lendo nesses dias um texto que dava sustentação a uma sentença jurídica, o senhor magistrado expôs, de forma bem contundente, que a sua condição de operador do direito, fazia com que ele usasse de todas as suas atribuições para consagrar o princípio sagrado da propriedade privada.
            Eis aí, senhores, a essência da nossa festejada Carta Magna. É nesse conceito, considerando a propriedade privada um direito intocável, que se apóia toda uma composição de outros conceitos. Eles se tornam legítimos e ao mesmo tempo, corrompem o verdadeiro conceito de justiça. Esta, deveria apoiar-se na propriedade social dos meios de produção e nunca num princípio que assegura a desigualdade social e, por conseguinte, as inúmeras mazelas em que vivemos, a partir da desigualdade produto que a propriedade privada dos meios de produção nos impõe.

terça-feira, 25 de outubro de 2011

“CÉU DE BRIGADEIRO”

Em artigo publicado no jornal O POVO em 11/10/2011, sob o título “A responsabilidade dos bancos”, o presidente da Central Única dos Trabalhadores do Ceará, levanta o seguinte argumento: “enquanto o sistema financeiro internacional atravessa momentos de crise, os bancos brasileiros navegam em um céu de brigadeiro. Somente no primeiro semestres desse ano o lucro cresceu 20% entre as sete maiores instituições bancárias, com ganhos que ultrapassam os 26 bilhões”.

A colocação do presidente da CUT do Ceará é de uma infelicidade suprema. Primeiro ele ressalta o fato de que os capitalistas em geral, e os banqueiros em particular, têm usufruído da maior tranquilidade para obter lucros gigantescos. Ai, cabe uma pergunta: quem garantiu esse céu de brigadeiro aos capitalistas? Quem assegurou tanta tranquilidade para que eles obtivessem tantas vantagens em situação de paz? A resposta é clara. O Partido dos Trabalhadores, quando lançou a “Carta ao Povo Brasileiro”, em 2002, assegurou que administraria os negócios do capitalismo sem que houvesse turbulência.

Ao preço módico de 13 bilhões de reais, metade do lucro de um semestre das sete maiores casas bancárias no Brasil, o PT promoveu um amplo trabalho de cooptação dos miseráveis com o Bolsa Família, que se transformou num amplo colégio eleitoral sobre o qual o PT tem sabido tirar proveitos políticos. Por seu turno o governo petista soube cooptar as centrais sindicais e estudantis, com propinas razoáveis, e, dessa forma, cumprir o prometido de não permitir tensões sociais e assim garantir plena tranquilidade para a burguesia implementar seu vantajosos negócios.

Um dos horrores políticos a ser destacado, consiste no fato de que o argumento do presidente da CUT – Ceará, pretendendo defender os bancários tenta sensibilizar os banqueiros sob o piedoso argumento de que eles já ganham tanto e assim deveriam agradecer esse exorbitante privilégio cedendo uns poucos reais para cumprir a pauta de reivindicação dos trabalhadores bancários. Isso é uma vergonha.

terça-feira, 18 de outubro de 2011

Estado democrático de DIREITA




            O Estado é um instrumento político de dominação de uma classe sobre outra. Por centenas de anos, a sociedade humana desconhecia a existência de Estado. Isso pelo simples fato de que durante tantos milênios não existiam classes e camadas sociais. Somente com o aparecimento da propriedade privada, surgiu a divisão da sociedade entre possuidores e despossuídos e, assim, surgiu essa instituição chamada ESTADO.
            Vê-se, claramente, que se trata de uma instituição bem recente se considerarmos a história do gênero humano. Poderíamos dizer que a existência do Estado, esse instrumento de poder, beira a casa dos dez mil anos. Trata-se, pois, de pouco tempo.
            De forma simplificada, poderemos dizer que existiu primeiramente o Estado escravagista, que durou cerca de cinco mil anos; depois o Estado feudal, cuja forma mais avançada foi o absolutismo; tivemos o Estado asiático com suas peculiaridades e, por fim, o Estado capitalista.
            Em todos esses momentos históricos, o Estado teve como objetivo assegurar os privilégios de uma minoria de ricos em prejuízo da maioria dos despossuídos. O Estado capitalista, esse que nós vivemos, apresenta-se sob duas roupagens: a primeira é chamada: Estado Democrático de Direito, quando o justo seria chamar Estado Democrático de Direita, pois a sua finalidade é manter a desigualdade social. A outra roupagem é o Estado de exceção, conhecido popularmente por ditadura e ele só se aplica quando não é possível conter o descontentamento popular por meios pacíficos. Tanto uma forma como outra de Estado capitalista tem como finalidade a preservação da desigualdade social e a defesa dos ricos. É evidente que o chamado Estado de Direito aposta no convencimento e, por essa razão torna-se uma maneira mais segura de manter a dominação capitalista. Já o Estado de exceção, a ditadura, lançando mão do chicote, para manter esse mesmo sistema, não é o modelo ideal de dominação. Sobre o Estado essa é a lição que devemos ter clara; o resto é engodo, é mentira, é enganação.

sexta-feira, 14 de outubro de 2011

Como comprar uma Pajero?




            Um automóvel Pajero, top de linha, custa mais 150 mil reais. Não é o mais caro, existem outros mais caros ainda. Há uma pressão, através da grande mídia, no sentido de que você consuma produtos que às vezes não estão ao nosso alcance. Para aquele médico ou advogado, mostrar-se como um profissional bem sucedido, é necessário exibir a posse de um veículo que esteja na faixa de custo igual ou similar, ao que nos referimos.
            Por seu lado o jovem de periferia almeja ter uma moto para melhor impressionar os amigos e provocar encantos nas coleguinhas. Por sua vez a jovem comerciária bem que gostaria de exibir um par de sandálias da Arezzo, e assim merecer as atenções, tanto de suas colegas, como quem sabe de um desejado paquera.
            Observamos que no sistema capitalista existe uma pressão muito grande no sentido do ter a posse, seja do veículo, da moradia, do vestuário, do perfume, das jóias... Não importa os meios utilizados para que você seja possuidor de algo que a sociedade julga importante. O profissional liberal que pretende ter a Pajero, não tendo recurso para tanto, está propenso a lançar mão de expedientes que podem causar grandes dissabores, como o de contrair empréstimos ou mesmo tomar atitudes que não são lícitas para alcançar a sua pretensão de consumo e merecer a reverência das pessoas.
            O jovem da periferia que não tem condições, com seus parcos recursos, de comprar um tênis de marca, estará propenso a enveredar pelo caminho das práticas ilícitas para obtê-lo. A mocinha comerciária que não dispõe dos pares de sandálias dos seus sonhos, das bijuterias e roupas de marca, é estimulada a praticar atos ilícitos que vão desde pequenos gestos impróprios até o extremo da prostituição, que se dá em diversas modalidades. Daí se conclui que é o sistema capitalista o responsável maior pela prática da corrupção, do roubo, do furto, do assalto a mão armada, e de tantos fatos que povoam as páginas policiais. Combater esses desatinos leva-nos a priorizar o combate à causa e ela tem nome: capitalismo!

terça-feira, 11 de outubro de 2011

VIVA O POVO IANQUE!



            Temos dito que a luta anti-capitalista para ter êxito é necessário que se processe nos países centrais, localizados na Europa Ocidental, Japão, Estados Unidos e Canadá.
            As revoluções se deram nos países periféricos como a Rússia, a China, parte da Coréia e Cuba, e esse fato redundou na sua derrota diante da contra-revolução mundial. Esses países tornaram-se estados policiais que se prestaram a ser vitrines da propaganda anti-socialista. Não bastasse esse efeito negativo, a derrota do socialismo em escala mundial produziu o stalinismo cuja grande obra contra-revolucionária foi a de submeter o socialismo científico a um trabalho de descaracterização na medida em que construíram um conjunto de dogmas sob o carimbo do “marxismo-leninismo”.
            O fato, repetimos, de o capitalismo ter se preservado nos países centrais explica de forma contundente a hegemonia política que esse sistema ora desfruta, apesar de que, do ponto de vista econômico e financeiro, viva momentos conturbados por sucessivas crises que castigam esses países que compõem a vanguarda desse sistema socioeconômico exaurido.  
            Vemos hoje, com sobeja alegria, manifestações populares de descontentamento, tanto na Europa como, sobretudo, nos Estados Unidos da América. O povo norte-americano foi completamente esquecido pela velha esquerda de matriz stalinista. Não se encontra nos inflamados discursos do Sr. Fidel Castro, palavras de apelo à conscientização e organização do povo ianque. As massas trabalhadoras daquele país foram sempre abandonadas à sua própria sorte, se prestando a imolarem-se como verdadeiros mártires, nas inúmeras guerras levadas a cabo pela ordem capitalista, destacando-se, dentre tantas, a longa e triturante guerra do Vietnã e, mais recentemente, as guerras do Iraque e do Afeganistão, que produziram e produzem, um sem número de mortos, mutilados e outros emocionalmente desajustados. Agora, o povo ianque começa a tomar consciência e levanta acampamentos de protestos, particularmente, no santuário do capitalismo, na Wall Street.

sexta-feira, 7 de outubro de 2011

Qual o projeto?




Seria de fazer rir, se não fosse de fazer chorar. Recentemente, a proeminente petista, Luizianne Lins, Prefeita de Fortaleza e militante da tendência Democracia Socialista - DS, diante do fato de um vereador petista, da Câmara Municipal de Fortaleza, ter se proposto a deixar o PT em função das perseguições de que tem sido alvo, a eminente “socialista”, fez o seguinte comentário: não se muda de projeto de um dia para outro.

Há nessa colocação a pretensão de que a coligação PT/PMDB representa um determinado projeto, enquanto o PSDB, o DEM e o PPS, representam outro projeto. Ora, isso não passa de uma grande mentira. Esses dois blocos políticos tem se caracterizado por práticas fisiológicas, ou melhor, esses dois blocos têm se ocupado em disputar os aparelhos estatais para deles lograrem vantagens.

A coligação PT/PMDB, hoje na Presidência da República, tem demonstrado a sua avidez em se apropriar de vultosos recursos e fartas benesses, e isso tem sido expressão de um projeto de natureza fisiológica, como é testemunho inegável o fato de que cinco ministros foram afastados do governo Dilma, sendo quatro deles, por explicita corrupção.

Tudo começou com o petista Antonio Palocci que, no curto tempo de um mandato, conseguiu misteriosamente, amealhar mais de 20 milhões de reais, e por isso, foi compelido a se afastar do governo. Ao Palocci seguiram-se outros três ministros, flagrados em condutas claramente corruptas.

Será que essa prática, francamente fisiológica, é a linha mestra do projeto PT/PMDB? Será que a política de enganar as massas populares através de campanhas assistencialistas, para cooptá-las eleitoralmente, é a essência desse projeto? Ou será que a política petista de corromper as centrais sindicais e estudantis, é um outro esteio de sustentação desse badalado projeto? Ou, por fim, será que a política de conluio com o capitalismo no Brasil e fora dele, é uma atitude de reafirmação desses propósitos? São esses os elementos constitutivos do projeto político de tão astuta “socialista”?

terça-feira, 4 de outubro de 2011

Cassetete marca PT-PSB


Professores do Ceará, em greve, devem tirar uma lição. Os governos, municipais, estaduais ou federal, são agentes do sistema capitalismo. Devemos ter claro que, neste sistema, existem duas classes sociais de interesses completamente antagônicos e inconciliáveis.
            É preciso não esquecer que no sistema capitalista não poderá haver qualquer governo que não se preste, antes de tudo, a servir aos interesses da burguesia. Isso em todos os níveis. Por isso os professores da rede municipal experimentaram o cassetete e o spray de pimenta petista, por ocasião de suas manifestações, quando em greve. A Guarda Municipal petista também se fez presente de forma truculenta por ocasião da greve dos motoristas e trocadores de ônibus.
            Que vergonhosa ironia, o partido dito dos trabalhadores, reserva cassete, spray de pimenta para a massa dos que trabalham, enquanto desmancha-se em mimos quando se trata dos empresários.
            No âmbito municipal tivemos diante dos grevistas a repressão petista, e no âmbito estadual, os professores tiveram que experimentar a truculência repressiva da coligação PT-PSB, representada pela figura do Sr. Governador, Cid Ferreira Gomes, enquanto os parlamentares Artur Bruno (PT), Chico Lopes (PCdoB), Antonio Carlos (PT e líder do governo), colocam-se efetivamente ao lado do sistema, quando não, se posicionando abertamente, exercendo o silêncio diante desses fatos tão graves.
            Dessa dura caminhada, os trabalhadores devem tirar uma conclusão: os governos e seus agentes estão e estarão do outro lado, do lado da burguesia, apesar de muitos usarem fantasias comunistas, socialistas, ou até mesmo trabalhistas. Dessa forma, temos que colocar de lado qualquer tipo de ilusão, e ter bem claro que os trabalhadores, para conquistarem os seus objetivos, terão de contar, tão somente, com as suas próprias forças e, para tanto, devem cultivar a existência de sindicatos livres, associações legítimas e representativas, totalmente fora da tutela dessa gente que serve ao capitalismo em troca de privilégios e benesses.