terça-feira, 30 de agosto de 2011

O MENINO E O BOI





O Centro de Atividades e Estudos Políticos – CAEP, durante os seus anos de existência, tem procurado propagar o pensamento socialista. Para tanto, promove alguns grupos de estudos, produz e distribui farto material objetivando levar a várias parcelas da população informações que julgamos necessárias para que se proceda a uma boa educação política. O CAEP não se limita a estabelecer diálogos com os segmentos mais letrados da sociedade. Isso não! Há uma preocupação constante em usar panfletos, cordéis e outras formas de literatura popular que possam ser apreendidas pelos trabalhadores, donas de casa, jovens e desempregados, pois é justamente essa massa popular que tem a força para transformar a sociedade e construir uma nova ordem econômica e social, diferentemente da ordem vigente, que haverá de nos proporcionar justiça e paz. Dentre os vários panfletos de caráter popular produzidos pelo CAEP e maciçamente distribuídos, destaca-se: O MENINO E O BOI, cujo texto é o que segue:

“Vimos, pelos caminhos do Pará, um menino de oito anos montado num gigantesco boi. O pequeno fazia o que bem queria do grandalhão animal. Levava-o para frente, para trás, botava-o para os lados e o gigante obedecia docilmente.

Diante daquela cena, veio-nos uma pergunta: como um boi tão grande se deixava manobrar por um garoto tão pequeno e tão raquítico? A resposta veio fácil: o garoto pensa e o boi não pensa. Na vida social existe uma situação bastante parecida. Uma minoria domina a imensa maioria do povo. Essa minoria, chamada de burguesia, maneja as massas populares como aquele garoto maneja o boi. Por que isso acontece? A resposta é parecida: a minoria é bem informada. A minoria pensa. Por isso, a minoria, ou seja, a burguesia, manipula a vontade do povo.

O povo tem a força, mas não tem a boa informação, e isso faz com que o povo se torne uma grande massa de escravos. É hora de quebrar as correntes da escravidão que amarram nosso cérebro e cujo nome é: analfabetismo político.”

Esperamos que os companheiros façam uso desse texto.

sexta-feira, 26 de agosto de 2011

O POVO Online - Opinião - O escândalo dos banheiros

O POVO Online - Opinião - O escândalo dos banheiros

FAXINA? QUE FAXINA?

Em pouco tempo de governo, a presidente Dilma foi obrigada a afastar três ministros por corrupção. Além dos ministros, vários membros do alto escalão foram presos e tiveram que ser afastados, mesmo a contra gosto do governo e dos partidos de sua base de sustentação. Esses fatos levaram a que se atribuísse à presidente a função de faxineira. Mesmo dispondo de toda a água, de todo o sabão, de todas as vassouras existentes, seria impossível promover uma verdadeira faxina no governo, tamanha é a herança de roubalheiras e falcatruas. Além disso, a Sra. Dilma se recusa claramente a promover atos de moralização uma vez que suas atitudes desagradam os partidos que lhe apóiam no Congresso Nacional. Por essa razão, ela se nega a demitir outros ministros envolvidos em falcatruas.

Vejamos como é diferente, no capitalismo, o tratamento dispensado a ladrões pobres e a ladrões ricos. Aos pobres é dispensado todo o rigor da lei e todo tipo de arbitrariedade que vai da tortura à exposição humilhante, levada a cabo pelos inúmeros programas policiais de alta audiência. Quanto aos ladrões ricos, são tratados com todos os mimos. É proibido contra eles usar algemas e mais ainda, expô-los diante do público. São muitos os ladrões ricos que gozam de todos os privilégios e mantêm-se longe do braço curto da justiça, quando se trata de punir pessoas bem sucedidas e endinheiradas. Essa impunidade é bem maior quando os larápios ricos estão abrigados no guarda-chuva dos inúmeros cargos políticos.

Essas circunstâncias, ou melhor, essa realidade deve nos levar à mais profunda indignação. Assim sendo, o nosso silêncio, a nossa quietude é inadmissível. É necessário, é urgente que o povo trabalhador, a dona de casa, a juventude, a população dos excluídos levantem a sua voz, ganhem as praças e as ruas e façam ouvir o seu clamar de repúdio a tantas bandalheiras que não chegam a ser surpresa quando sabemos ser o governo atual fruto da escabrosa coligação PT-PMDB, partidos coniventes e praticantes de toda sorte de irregularidades.

terça-feira, 23 de agosto de 2011

MINHA CASA, MEU PENAR




Com estardalhaço, Lula tornou pública a campanha Minha Casa, Minha Vida. Essa colocação mostra o quão mesquinho é o conceito de vida para essa gente quando se propõe a construir cubículos na presunção de estar oferecendo ao povo a coroação do seu viver.

A indústria imobiliária viu com muita alegria o lançamento desse programa, percebeu que haveria de faturar grandes parcelas de lucro com o aquecimento de suas atividades. E não somente a burguesia representada pelas construtoras, a indústria de fabricação de materiais como tijolo, cal, cimento, tinta, brita e tantos outros, também haveria de ter o seu quinhão.

Na cidade de Fortaleza, foi construída uma vila popular dentro do programa Minha Casa, Minha Vida. A senhora Esmeralda foi contemplada com uma das unidades construídas. Ela declarou que no dia em que recebeu a chave de seu mini-apartamento, de 45m² de área coberta, sentiu uma grande alegria. Mas dois meses depois de estar morando no novo abrigo, ela viu seu sistema hidráulico pifar enquanto a sua vizinha teve uma das paredes de sua morada com várias rachaduras. Esses episódios servem para deixar claro o caráter demagógico e desonesto com que governos procuram ludibriar as massas oferecendo-lhes migalhas como se fossem o bastante para lhe garantir uma vida com o mínimo de dignidade.

Assim é a vida no sistema capitalista: para a burguesia, a segurança social e todas as vantagens que podem ser oferecidas; para a massa do povo são destinados pequenos agrados com a intenção, mal simulada, de manter os despossuídos satisfeitos com esse mínimo e dessa forma conservarem-se calados diante da corrupção e de tantas outras falcatruas e desrespeitos que eles praticam sistematicamente. Em razão disso, é necessário que rasguemos a fantasia dos que se trajam de bons moços. É necessário despertarmos para a realidade e diante dela manifestar as nossas insatisfações deixando claro que nossas vidas são maiores dos que os cubículos que o programa Minha Casa, Minha Vida tem o disparate de nos oferecer.

sexta-feira, 19 de agosto de 2011

SOCIEDADE MAIS JUSTA





É com muita frequência que ouvimos oradores de esquerda, centro ou direita falar que devemos estar empenhados na construção de uma sociedade mais justa. Causa espanto ouvir tal discurso da boca de políticos que se auto proclamam socialistas ou comunistas. Ora, o raciocínio é muito simples, caso tivemos que eleger um caminho de luta por uma sociedade mais justa, estaríamos partindo do pressuposto que a sociedade vigente é justa. Como poderíamos chamar de justa uma sociedade que abrange sete bilhões de seres humanos e cerca de dois bilhões padecem na miséria? Como podemos chamar de justa uma sociedade onde as desigualdades chegam às raias do absurdo? Como poderíamos chamar de justa uma sociedade que nenhum respeito tem pelo meio ambiente e perpetra atentados contra a natureza, portanto, contra a vida? Não. Nesta sociedade não pode florescer nenhuma réstia de justiça. Nesta sociedade não haveremos de encontrar a paz que tanto desejamos, pois nela prospera, seja através das inúmeras guerras localizadas, seja através da violência no trânsito, ou seja, através do banditismo, a mais absoluta intranquilidade.

Desta maneira, cremos oportuno conclamar aqueles que se auto rotulam de comunistas e socialistas a voltarem-se para a luta contra esse sistema, que nada pode nos oferecer além de desgraças sociais. Conclamamos, esses senhores para se despirem das ilusões gradualistas, imaginando que passo a passo, nos limites do sistema, haveremos de galgar a libertação da humanidade dos grilhões do capitalismo. Somente a ruptura total que nos conduza à negação completa do sistema vigente é que poderá nos oferecer a oportunidade de conquistar um mundo de justiça e paz. Para essa luta, porém é desaconselhado qualquer vestígio de ilusões e fantasias, pois é somente isso que esse sistema pode nos oferecer, enquanto a realidade que nos aflige é marcada pela incerteza, a insegurança, a desilusão. Isso requer a construção de discursos que não se enredem pelos equívocos como este: por uma sociedade mais justa.

terça-feira, 16 de agosto de 2011

LEMBRANÇAS DA JUVENTUDE





Tinha precisamente 22 anos de idade, quando foi perpetrado o golpe contra-revolucionário de 1964. Apesar da pouca idade, já somava seis anos de intensa militância socialista com passagem pela tentativa de guerrilha no Norte de Goiás em 1962 e pelo enquadramento na Lei de Segurança Nacional, no mesmo ano. O golpe não me pegou desprevenido. Pertencia a um núcleo político que denunciava e iminência de um Golpe de Estado de caráter contra-revolucionário. Esbravejávamos a todo pulmão: o golpe vem aí! E o velho PCBão respondia: isso é coisa de vocês jovens que não têm experiência histórica; nós do PC, em aliança com os progressistas, estamos seguros de que o nosso glorioso Exército Brasileiro é democrático e não atentará contra a nossa Constituição. Por sua vez diziam eles: temos um dispositivo militar de natureza anti-golpe, comandado pelo nosso companheiro, general Assis Brasil, e caso eles ousem atentar contra a legalidade, saberemos reagir e resguardar todo o nosso processo democrático.

Poucos meses depois assistimos à confirmação de nossas previsões e o velho PCBão deixou de lado suas bravatas e sumiu. As únicas forças políticas a reagir ao golpe foram Brizola e os marinheiros e fuzileiros navais. O resto desertou.

Pós o golpe, eu e o meu grupo nos sentimos isolados. É quando surge, liderado por Roberto Carlos, o movimento da Jovem Guarda, cujo objetivo era arregimentar a juventude que se encontrava na orfandade política para suas músicas de falsos protestos na medida que eles se limitavam ao uso de cabelos grandes e fivelões, como forma de afrontar os valores estéticos predominantes.

A Jovem Guarda, que logo se alastrou Brasil a fora, foi uma jogada de mestre patrocinada pelos novos senhores do poder. Somente, bem depois, esboçou-se uma reação a esse movimento quando floresceu o movimento musical alternativo levado avante por Chico Buarque, Nara Leão, Gilberto Gil e outras estrelas que apontavam para uma saída alternativa diante do elitismo e alienação que representavam a música da Jovem Guarda.

sexta-feira, 12 de agosto de 2011

REVOLTA E REVOLUÇÃO





Temos assistido a várias revoltas mundo a fora. Em 2005, foram os imigrantes na França que se rebelaram, incendiando veículos e confrontando-se com a polícia. No Oriente, processaram-se movimentos de revolta em alguns países, e elas foram batizadas como a “primavera do mundo árabe”. Essas revoltas têm demonstrado muito vigor e custado muitas vidas, particularmente na Líbia e na Síria. Esses movimentos são expressão de indignação dos excluídos por um sistema que não traz nenhuma perspectiva de melhores dias para os revoltados.

Observe-se, porém, que esses movimentos não revelam projetos políticos de maiores mudanças, dão apenas vazão ao seu inconformismo. Partidos e movimentos de esquerda, quando existem, não se apresentam como canais de expressão política, como foi no caso da França. No caso dos países árabes os revoltosos sequer têm uma proposta clara, mesmo que de natureza democrática burguesa, reclamando a deposição dos seus governos, a conclamação de uma assembléia nacional constituinte e a garantia do exercício político em liberdade. Na Inglaterra, em Londres, esses acontecimentos se deram tendo o mesmo caráter despolitizado.

Tais fatos servem para demonstrar a radical diferença entre revoltas e revoluções. As revoltas, regra geral, expressam insatisfações, mas não trazem em seu bojo propostas de natureza política. As revoluções representam o desejo dos explorados em transformar a sociedade, sepultar o modelo vigente e implantar uma nova ordem que lhes garanta justiça e paz. Dito de outra forma: a revolta é despolitizada e a revolução é essencialmente um ato político.

Nesses múltiplos momentos de agitação, um deles foge ao carimbo de simples revolta, como no caso das manifestações no Chile, quando as massas estudantis, irmanadas com segmentos da população, levantam-se contra o governo ultra-direitista propondo uma reforma na educação que venha ao encontro dos interesses da população estudantil e da sociedade como um todo. No Chile a revolta tem um caráter revolucionário, e isso é fundamental.

quarta-feira, 10 de agosto de 2011

FAZER É IMPORTANTE

FAZER É IMPORTANTE




Fala-se, frequentemente, em “formação”. Devemos, entretanto, explicitar o seu caráter. Existem as formações militares, religiosas, político-reformistas e, além de tantas outras, a formação socialista. Uma formação socialista necessita de um bom embasamento conceitual, pois só assim se evita os constantes equívocos na caminhada política. Alguns resistem à insistência em levar avante uma formação calcada nos princípios do socialismo científico, argumentando que o importante é estar ligado ao movimento vivo das massas populares e com elas estabelecer um diálogo. Inegável é a importância dessa prática, mas é necessário ver a diferença entre o importante e o fundamental. Assim, dizemos: “fazer é importante, saber fazer é fundamental”.

Não existindo o “saber fazer”, vem o risco de se ter um diálogo equivocado com as massas. Na pretensa esquerda tem um segmento formado pelo PT-PSB-PCdoB, dotado de uma formação nacional reformista, que substitui a luta de classes pelo dogma, infundado, da contradição: nação opressora versus nação oprimida. Bem formados na escola do stalinismo, enveredam pela completa capitulação e o fisiologismo. Dizem que “estão fazendo”, que é importante “fazer”, mesmo sem levar em conta o que se faz ou a que se faz, quando sabemos que o “seu fazer” é a negação completa da causa socialista e um apoio mal simulado ao sistema socioeconômico vigente.

Um segmento menor procura postar-se, valentemente, como força anticapitalista. Esse segmento precisa criar mais robustez expurgando qualquer nível de ilusões e fantasias para, dessa forma, trilhar, coerentemente, pelos caminhos que nos levem à transformação social. E para isso, é preciso promover uma boa formação dos seus quadros militantes. Por termos isso como verdadeiro, é que insistimos na qualificação política dos quadros dessa esquerda, que se negou e se nega a deixar-se embalar pela fantasia das vias institucionais sem, contudo, negar que se deve participar de todas as disputas sempre no objetivo de somar forças e assim lograrmos a vitória.

sexta-feira, 5 de agosto de 2011

HOUVE MENSALÃO?




Assistimos, nesses dias, a um momento de intensa ebulição nos EEUU. O governo pretendia aumentar o seu teto de endividamento, sob pena de ter que praticar um calote. Em torno dessa questão, estabeleceu-se uma tensão entre a direita, representada pelo Partido Democrático, e a extrema direita representada pelo Partido Republicano. Tudo seria decidido no congresso, composto pela Câmara de deputados e pelo Senado. As partes buscaram o caminho da negociação que, embora tensa, não chegou a derramar o caldo. O entendimento entre as duas partes produziu um plano de orçamento híbrido, pois se propõe a atender os reclamos da extrema direita e as propostas do Partido Democrático, representado pela figura do presidente Barack Obama. A extrema direita, os republicamos e, particularmente, a sua tendência mais extremista ainda, a Tea Party, propunham um corte no orçamento, inclusive nos programas sociais. Esse episódio, que balançou o mundo capitalista, nos chamou a atenção para dois graves fatos. O primeiro é que, embora tudo tivesse que ser resolvido no congresso, não houve mensalão. Outra questão que nos deixa atônitos é a proposta de corte dos programas sociais que não levou o povo à rua para pressionar a extrema direita e resguarda os mínimos ganhos dos trabalhadores ativos e desempregados.

Enquanto a crise se avoluma, e põe em risco toda cadeia da economia capitalista, não vemos prosperar, na dimensão necessária, um movimento de caráter anticapitalista. Sempre se disse que o capitalismo, como tudo, não é eterno. Também se disse que o capitalismo trazia consigo um dilema: o socialismo, ou a barbárie. A barbárie ou a tragédia total virá, caso o capitalismo desmorone por conta das suas contradições sem que uma força de outro projeto econômico e social, esteja em condições de substituir o sistema exaurido. Em outras palavras: não aceitamos a casa em que moramos dado a sua extrema precariedade. Mas não é sensato pretender que ela venha a desabar sob nossas cabeças, e isso só pode ser evitado pela revolução socialista.

terça-feira, 2 de agosto de 2011

O QUE SE PASSA?


Abrimos o jornal e nos damos conta de que a presidente Dilma Rousself oficializou o programa Brasil sem Fronteiras. Esse programa, patrocinado pelo governo e pela iniciativa privada, pretende oferecer bolsas de estudos em universidades dos países mais avançados, nas áreas de engenharia, ciências exatas, computação, produção agrícola, petróleo e gás. Essa notícia leva muitos a imaginar que governo e empresários estão assumindo uma atitude generosa. Sem dúvida nenhuma, os cem mil jovens que serão agraciados com bolsas de estudos no exterior, se sentirão felizes. Mas a verdade, por trás dessa generosidade, prende-se ao seguinte fato: o crescimento do capitalismo no Brasil encontrou um ponto de estrangulamento, a falta de mão de obra qualificada, especialmente nas áreas supracitadas. Então, diante dessa situação e da impossibilidade das universidades brasileiras estarem aptas para, em prazo médio, colocar cem mil profissionais qualificados no mercado, resolveu-se lançar mão desse programa Brasil sem Fronteiras para cumprir essa tarefa com a urgência que ela exige.

Vê-se, assim, que as políticas implementadas pelo governo têm por objetivo servir aos interesses do capitalismo, muito embora, parte da população se beneficie com algumas de suas iniciativas e, espertamente, a burguesia tira proveito político dessa falsa generosidade cooptando politicamente uma grande parte da população para se dispor a continuar apoiando o seu projeto de governo.

Esse episódio se presta, quando desvendado, a mostrar a verdadeira face da burguesia, a de implementar políticas que estejam, em última instância, a serviço de seus interesses, dando-lhe lucros. Medida similar nós vamos ver no Programa Minha Casa Minha Vida que, se traz míseros benefícios para uma massa imensa de despossuídos, traz grandes vantagens para as grandes empreiteiras que usufruem astronômicos lucros através desse programa. Assim diremos: toda política pública desse sistema traz, antes de tudo, benefício para os ricos e migalhas para os pobres.