sexta-feira, 27 de abril de 2012

FAZER QUALQUER COISA



            Diante do quadro de profunda crise social que vivemos, expressado nos violentos atos que vão das guerras localizadas, à violência urbana, à violência doméstica, sentimos o impulso natural de fazer qualquer coisa. Mas não é somente quanto à violência, que exibe homicídios e estupros. Some-se a esses nominados casos, a questão das crianças abandonadas, dos moradores de rua, da prostituição infantil, do crescimento das favelas, da falta de assistência médica à altura, e de educação de qualidade. Face tal cenário, há uma impulsão para que façamos alguma coisa, porém, é bom ressaltar que fazer alguma coisa não significa ter que fazer qualquer coisa. Devemos nos empenhar em buscar a causa de tantos malefícios, de tantas mazelas e, sabendo a causa, dirigir os nossos esforços conscientes para erradicar os males sociais que nos afligem e conquistar um mundo de igualdade, justiça e paz. Ora, para que procedamos como pessoas conscientes, pessoas dotadas do saber consequente, é necessário nos voltarmos para a causa de tantos desajustes, dentre os quais não poderíamos deixar de assinalar a constante e agressiva destruição da natureza, a destruição do planeta, a destruição da vida.
            O motivo desses desacertos tem um nome, chama-se capitalismo, e é contra esse inimigo da humanidade que devemos mover todos os nossos esforços, no empenho de viabilizar uma política calcada no lema: “fora o capitalismo, viva a vida”. Vale assinalar, entretanto, que somente uma força é capaz de eliminar o capitalismo e construir outro mundo: a força do povo consciente. Sendo o povo essa força capaz de proporcionar esse milagre da transformação, é necessário e urgente que nós, que possuímos a informação quanto à natureza do nosso inimigo, façamos tudo para que todos tenham essa consciência. É no anticapitalismo que está o caminho para nos libertarmos desse sistema, cuja razão de existir é a procura do lucro para uns poucos, enquanto a humanidade suporta sobre seus ombros as agruras de um viver de dificuldades e incertezas.

terça-feira, 24 de abril de 2012

O GOLPE DE 1964



            Em 1964, por iniciativa da burguesia, os militares foram acionados para perpetrarem um golpe de Estado que impedisse o perigo de uma revolução social, como acontecera em Cuba. Assim sendo, promoveu-se a quebra da legalidade, com a prática de um golpe preventivo, de natureza contra-revolucionária.
            Há uma ridícula discussão: se foi o golpe levado a cabo no dia 31 de março ou no dia 1º de abril. Os golpistas, por escrúpulo, chamam o episódio de “Revolução de 31 de março”, entretanto, não se tratou de uma revolução, e sim de um golpe bonapartista, que contou com o envolvimento, direto ou indireto, de todas as parcelas da burguesia e com a omissão explícita do PCB.
            A vingança de chamar “o golpe de 1º de abril”, na tentativa de insinuar que se tratava de uma mentira, nunca foi suficiente para negar sua existência. Mesmo sendo num primeiro de abril, foi uma dolorosa verdade que atingiu o movimento de massas e as aspirações legítimas dos trabalhadores, explorados e oprimidos.
            Com freqüência, ouvimos os nossos cientistas políticos, com títulos de mestrado e doutorado, se referirem àquele episódio chamando-o de Golpe militar. Ora, temos dito que os militares não constituem uma classe social; trata-se de uma das instituições do Estado burguês formada por pessoas adestradas na arte de receber ordens sem discuti-las. E é nessa condição que elas, as Forças Armadas, constituem o braço armado do sistema capitalista e estão sempre prontas a rasgar toda e qualquer Constituição, para assegurar o “direito sagrado” da propriedade privada, como monopólio da classe burguesa. Em defesa da propriedade privada e da segurança da classe burguesa as Forças Armadas, em combinação com as forças policiais, estão prontas para o exercício da coação, sempre fieis ao refrão: “prendo e arrebento”.
            A esquerda capenga, que é a imensa maioria, chama indevidamente o golpe, de Ditadura Militar, e nas suas paupérrimas análises não se cansa de atribuir ao inimigo a causa de nossa derrota, esquecendo uma lição primária: os inimigos não traem.

sexta-feira, 20 de abril de 2012

Cem anos de Jorge Amado


            Ninguém, de sã consciência e honestidade, poderá negar o talento literário do Sr. Jorge Amado, belo contador de histórias e construtor de fantasias. Tive a oportunidade de conhecê-lo, na cidade de Alcântara, estado do Maranhão, onde ele buscava o silêncio para escrever um dos seus livros, que terminou de fazê-lo na ampla mansão do “bom burguês”, Eduardo Lago, em São Luiz. A característica maior de Jorge Amado era falar muito. Se era bom ouvinte, não tive a chance de saber.
            Tinha, desde aquela época, uma repulsa muito grande por esse escritor venal, cuja pena mágica, colocou a serviço do “pai Stalin”, como ele mesmo chamou. Era mais um escritor, que se colocava a serviço do stalinismo, assim como fizera Pablo Neruda, no Chile, e tantos outros dramaturgos, poetas, cinegrafistas e escritores de vários naipes.
            As obras de Jorge Amado eram, regra geral, criminosas, e fica até difícil ressaltar qual delas a mais perniciosa. No livro Os subterrâneos da liberdade, ele comete os mais cruéis crimes de calúnia, ressaltando dentre eles, o de acusar o grande militante socialista Hermínio Sacheta de traidor e oportunista. No livro O mundo da paz, ele descreve a URSS, do “pai Stalin”, como um país onde corria leite e mel. Do senhor Carlos Prestes, homem de têmpera e coragem, porém formado pela Academia de Ciência da URSS, e serviçal inconteste das ordens de Moscou, ele promoveu sobre o dito senhor várias lendas e a partir delas produziu o livro O cavaleiro da esperança.
            Os escribas, os poetas, os dramaturgos que se colocaram a serviço dessa obra monstruosa que responde pelo nome de stalinismo, têm um debito avultado para com a História e, sobretudo, para com as classes exploradas e oprimidas, na medida em que esses senhores forjaram, mundo afora, uma legião de pessoas crédulas em tantas lendas e fantasias perniciosas, pois calcadas na mentira e a mentira interessa, antes de tudo, ao capitalismo, enquanto a verdade é revolucionária e por essa razão ela é perseguida sistematicamente, particularmente, a verdade histórica.

terça-feira, 17 de abril de 2012

O PCdoB caducou?



            O Partido Comunista do Brasil surgiu em março de 1922, formado por ex-militantes do movimento anarco-sindicalistas no Brasil. Poucos sabiam sobre o socialismo científico, pois as obras de Karl Marx, Friedrich Engels, Rosa Luxemburgo, Karl Kautsky, Franz Mehring, Leon Trotsky, Vladimir Lênin, George Plekhànov, Julio Martov, Pavel Axerold, Alexandra Kollontai e outros poucos luminares dessa nova ciência lhes eram desconhecidos. Era natural que os ex-anarquistas, fundadores do PCdoB, tivessem pouco conhecimento a respeito do socialismo científico. Tentando suprir essa deficiência, os ex-anarquistas, liderados por Astrogildo Pereira, organizaram uma revista de nome “Movimento Comunista” e foi dela que surgiu a inspiração para a criação do PCdoB. Por ocasião de sua fundação, esse partido era explicitamente anticapitalista, tinha como símbolo a bandeira vermelha e entoava o hino da Internacional. Mas, a vida comunista do PCdoB durou pouquíssimo, pois logo em setembro de 1928 deu-se o VI Congresso da Terceira Internacional e, ali promoveu-se uma radical virada no perfil político dessa organização de âmbito mundial. Com esse episódio, o PCdoB teve que abandonar os princípios do socialismo científico, mal assimilados, para atender as exigências do VI Congresso em Moscou nos idos de 1928, conforme já falamos. 

            O Comunismo, ou seja, o socialismo científico foi banido enquanto formulação teórica. No lugar dos princípios, implantaram uma série de dogmas para respaldar uma nova teoria para a revolução no Brasil. A luta de classes, como motor da história, foi colocada de lado, sumiu, para dar lugar a uma presumida contradição entre nações opressoras versus nações oprimidas. Por outro lado, criou-se uma teoria de que o Brasil era um país semi-feudal e dependente, portanto o processo revolucionário seria “fundamentalmente” nacionalista e reformista, jamais socialista. Dessa forma o PCdoB envelheceu, caducou, ficou senil, tornou-se imprestável aos interesses dos trabalhadores. Assim sendo, só temos a lamentar.

sexta-feira, 13 de abril de 2012

O HUMOR



            O humor, assim como a poesia, a arte cênica, a pintura, são formas legítimas de expressão. É bastante frequente casos em que a poesia se antecipou na elucidação de algum dado importante da realidade, onde a pretensa racionalidade compenetrada não conseguiu a priori elucidar. Recentemente faleceu um dos maiores humoristas do Brasil, quiçá do mundo. Trata-se do nosso inesquecível Millôr Fernandes. Confesso que devo muito das coisas que aprendi aos textos desse grande humorista, assim como aprendi muitas coisas compensadoras, saídas de Karl Marx, Friedrich Engels, Rosa Luxemburgo e outros mais. Desde criança obtive o hábito de ler Millôr, e com ele incorporei o hábito de me por a pensar, ao invés de me prostrar como adorador de pretensas verdades. A irreverência é um dos papeis que aciona a prática do humor, assim como desfaz mitos e lendas, pois o humor é uma forma de manifestação da verdade que desfaz crendices perniciosas.
            O totalitarismo, seja o nazismo ou o stalinismo, não suporta a verdade, pois ela é revolucionária. Foi justamente, em razão desse caráter do humor enquanto portador da verdade, que Joseph Stalin suprimiu por completo essa prática na União Soviética. Depois, essa intolerância ao humor, veio existir na Alemanha nazista, e nos estados policiais que desfraldavam e até desfraldam, indevidamente, a bandeira do socialismo, quando na verdade praticam o terror. Essa simbiose do totalitarismo e a supressão do humor como prática legítima e sadia deve ser refutada. Entretanto, é natural que se faça a distinção entre o humor inteligente e sadio e o deboche, pois que este é tão somente desmoralizante.
            Quero aproveitar o ensejo para lembrar uma ou duas tiradas de humor, de valor  universal. Disse-nos Millôr: “a liberdade de pensar, é só pensar”. “O hábito de jogar xadrez desenvolve em cada um de nós, a capacidade de jogar xadrez”. “Ser pobre não é defeito, meu amigo, porém, incomoda”, de autor desconhecido.

terça-feira, 10 de abril de 2012

PARA QUE LUTEMOS



Nossa vida é feita de múltiplas lutas. Luta por um emprego, por melhores condições de trabalho, por melhor remuneração, por bons transportes, por moradias, por segurança, por um bom serviço de saúde e assim vai, uma lista infinda de batalhas, sendo a nós reservado pequenos momentos de paz. Alguém já disse: “viver é lutar”, mas é necessário que se diga ser condição principal para o nosso êxito termos clareza da natureza dos nossos inimigos, termos consciência da causa de nossas batalhas infindas.
A grosso modo, achamos que emprego, educação, saúde, segurança, bem-estar, decorrem da conduta dos governos, sejam eles em nível municipal, estadual ou federal. Esse é o “saber” corrente. Precisamos, porém, nos dar conta de que por trás desses governos existe um sistema socioeconômico que responde pelo nome de capitalismo, e é ele sim, que produz tantas e quantas mazelas sociais que nós padecemos. Ele é o inimigo do povo, e o povo só terá justiça e paz quando desconstruí-lo. Portanto, a luta cotidiana, seja por salário ou por emprego, seja por segurança ou por boa escola, deve ser travada sem descanso. Mas, é fundamental saber que essas batalhas não serão vencidas pelo povo caso não derrotemos o sistema capitalista. Daí a justeza em se dizer que, ou a humanidade destrói o capitalismo ou o capitalismo destruirá a humanidade.
Infelizmente essa lição tão importante, que todo trabalhador, toda dona de casa, todo jovem deviam saber nos é escondida, posta para baixo do tapete, como única forma do sistema capitalista se manter de pé. Para eles, os burgueses, é fundamental que ao invés dos trabalhadores, do povo em geral, se colocar contra o capitalismo, é preferível que se volte contra o prefeito, contra o governador, ou o presidente de plantão, contanto que não diga uma palavra contra o próprio sistema. Desse modo, os governos vão e vêm, e o capitalismo permanece de pé. Enquanto isso, os partidos ditos comunistas e socialistas não se empenham em impopularizar o capitalismo, preferindo as demagogias eleitorais.

sexta-feira, 6 de abril de 2012

A HORA DO VAREJO

  Neste ano de 2012, dar-se-ão entre nós eleições para prefeitos e vereadores. Dentre tantos problemas que se apresentam, dois merecem destaque.
            O primeiro é a corrupção que afeta o comportamento dos candidatos e, por que não dizer, de grande parte dos eleitores. Os candidatos praticam corrupção comprando votos ou o que é a mesma coisa trocando por favores.
            É chocante vermos a cumplicidade do eleitor com as falcatruas, quando observamos figuras carimbadas como Jader Barbalho conseguir eleger-se senador e a sua eleição ilícita merecer do STF, inesperada legitimação. Da mesma forma vemos a quadrilha do José Sarney receber a sagração eleitoral apesar de sua desonestidade. Temos o exemplo de Paulo Maluf que, por mais de uma vez, conseguiu ser o parlamentar mais bem votado. O processo eleitoral é marcado pelo exercício da corrupção, tanto por parte dos candidatos, quanto por parte de uma parcela significativa de eleitores dispostos a trocar seus votos por pequenas e imediatas vantagens.
            Quanto à segunda questão trazida à baila nesse processo eleitoral, é reduzir a imperiosa grande discussão da política no atacado, para a pequena discussão ou a discussão no varejo, das coisas miúdas que terminam predominando em todo o processo de debate.
          Quando falamos da grande política, da política no atacado, sequer estamos nos referindo à necessária política socialista. Estamos nos atendo a tratar das chamadas reformas de base, necessárias aos interesses do capitalismo, mas que eles não conseguem viabilizar esse programa, tamanho é o imediatismo, o fisiologismo, a incompetência. Diante desses entraves, limitam-se esses senhores, a práticas varejistas, enquanto se dedicam a uma política de assistência à miséria e o grande capital usufrui exorbitantes lucros navegando nas águas tranquilas de um país onde as massas trabalhadores e as lideranças populares foram cooptadas por via de uma política cuja bandeira é a corrupção das centrais sindicais e estudantis e dos movimentos populares.

terça-feira, 3 de abril de 2012

VAMOS IMPOPULARIZAR


            O stalinismo usou a Internacional Comunista criada com a finalidade de tentar ressuscitar as forças do socialismo então derrotadas, para outros fins. Usou-a para impopularizar o imperialismo. De inicio era o imperialismo como um todo. Depois da Segunda Guerra, voltou-se para a tarefa de impopularizar os norte-americanos. Deixou de lado a luta de classes, e impôs a tese de que, em primeiro plano, não estava a exploração do homem pelo homem, mas, a contradição entre nação opressora versus nação oprimida. Essa infeliz colocação objetivava impedir a revolução socialista, pois ela expurgaria os usurpadores do poder soviético, tornando a URSS um estado policial.             Como já dissemos, o avanço da revolução socialista varreria da História esses charlatães. Dessa forma, o stalinismo tratou de confinar o socialismo científico e impor ao mundo uma série de dogmas. Dentre esses dogmas, vale ressaltar o papel nocivo de um anti-imperialismo que nos conduziu a uma postura nacionalista e elegeu os ianques como únicos inimigos da humanidade.
            Construída essa infame teoria, deram as costas ao socialismo, enquanto com muito êxito, impopularizaram o imperialismo desconhecendo que o fato de alguém ser anti-imperialista,  não implica em ser anticapitalista. Entretanto, o partido, o movimento ou a pessoa que se coloca como anticapitalista é, simultaneamente, contra o imperialismo, o racismo, o machismo, a homofobia, a destruição da natureza...
            Assim sendo, o correto politicamente, é procurar impopularizar o capitalismo com o mesmo êxito que o stalinismo teve impopularizando os norte-americanos, chegando ao cumulo de deitar olhares de simpatia por facínoras como Bin Laden, Saddam Hussein e Marmud Armadinejad e algumas seitas de feição fascistas, pelo simples fato de serem antiamericanos, porém não são contra o capitalismo. Conclui-se dizendo: todo empenho é pouco na tarefa de impopularizar o capitalismo. E qualquer postura que desvie dessa missão, contribui para permanência desse nefasto sistema.