quarta-feira, 30 de janeiro de 2013

Direita Americana




            É muito triste constatar que as massas trabalhadoras dos EUA estão presas à hegemonia única e exclusiva da direita americana. Por culpa da Terceira Internacional Comunista, chefiada pelos burocratas de Moscou e por culpa também dos seus posteriores seguidores, as massas trabalhadoras norte-americanas foram relegadas ao abandono, ficando à mercê da burguesia imperialista.
             A população daquele país, hoje, está dividida, quase meio a meio, entre duas correntes de direita. De um lado a direita moderada do Partido Democrata, hoje liderado pela figura do presidente eleito Barack Obama e, por outro lado pela extrema direita, dotada de extremos traços nazifascistas, representada pelo Partido Republicano, em cujo seio trafega impunemente o Partido do Chá, facção partidária do mais extremado direitismo raivoso.
             Esse quadro desolador tem, como já fizemos alusão, como maior responsável a esquerda de matriz stalinista. Vemos, como exemplo, a Revolução Cubana, levada a cabo pelo movimento 26 de Julho, formado essencialmente por membros da pequena burguesia politizada que se opunha à ditadura sanguinária de Fulgêncio Baptista e que se opunha também à presença tão direta dos norte-americanos na vida política e social de Cuba.
            Sob o lema, nada socialista, de “Pátria ou morte, venceremos!” os militantes do 26 de Julho se insurgiram em armas, com o propósito de instalar o famoso Estado Democrático de Direito e tomar algumas medidas de caráter nacionalista. Apesar dos limites dos seus propósitos ao âmbito do capitalismo, a intervenção das massas populares, levou a que o processo revolucionário cubano, ultrapassasse os seus limites e desembocasse na expropriação generalizada da propriedade burguesa. À revelia da direção insurrecional, as massas, empiricamente, promoveram uma radical transformação do quadro político e social daquela ilha.
            O sr. Fidel nunca ultrapassou os limites do antiamericanismo. Sequer ele entendeu a real natureza do imperialismo. Nunca atentou para o fato de que o imperialismo é um produto natural do desenvolvimento do capitalismo e tem os seus interesses encampados pelos EUA, como policiais desse sistema, cabendo ressaltar, entretanto, que também a Alemanha, a França, a Inglaterra, o Canadá, a Itália... são expressões desse mesmo imperialismo.
            Não há uma só palavra do sr. Fidel Castro dirigida às massas trabalhadoras do EUA. Por sua vez, dele não parte nenhuma ofensa ou acusação ao imperialismo na sua forma alemã, inglesa, francesa ou japonesa. Isso apenas expressa o grau de atraso e de indigência política do chamado, indevidamente, marxismo-leninismo ou mesmo marxismo-leninismo-trotskismo.

segunda-feira, 28 de janeiro de 2013

MAIS UMA TRAGÉDIA


                                        
          O Brasil e o mundo assistiram a mais uma grande tragédia ocorrida, dessa vez, na cidade gaúcha de Santa Maria. A força da santa não foi maior do que a força da ganância capitalista em busca do lucro. Para aumentar os lucros, os promotores de uma festa, na boate Kiss, colocaram num espaço destinado a mil pessoas, mil e quinhentas delas.
        Além desse fato, por si só criminoso, somaram-se outros, como a inadequação do ambiente no quesito segurança. A fiscalização é coisa que, nesse sistema corrompido, pode se resolver ministrando boas doses de propina. Costumam buscar a causa de tamanho infortúnio, tão somente nas questões técnicas, quando o certo é ver que, a causa fundamental do aludido desastre, é a ganância, como já foi dito. Isso precisa de ficar bem claro para todos nós.
        Por sua vez, é evidente que as lágrimas e a corrente de solidariedade que se espraiou pelo Brasil e pelo mundo merece todo o nosso acatamento. Entretanto, não podemos deixar de lado o fato de que o sistema socioeconômico vigente é a causa maior das desgraças que se processam pelo mundo afora.  Por essa razão, é que insistimos na necessidade imediata de construir uma imensa corrente anticapitalista, uma corrente que tenha a clareza de que o sistema vigente está esgotado e se impõe  a necessidade de sua imediata superação, através de um projeto socialista que, ao invés de se nortear pelo lucro, para uns poucos, suprima essa conduta substituindo-a  pelo socialismo.
         Há os que dizem, que esta proposta mostrou-se inviável. Isso não é verdade. O que houve foi à derrota do movimento socialista em escala mundial, e as insurreições russa e chinesa degeneraram para a construção de um capitalismo de Estado, embora usassem os rótulos socialista e comunista o que resultou em uma profunda confusão que dela devemos nos libertar. Devemos considerar, isto sim, que o socialismo não é um sonho, um desejo, uma utopia. O socialismo é, antes de tudo, uma urgente necessidade histórica, pois sem ele a humanidade estará fadada à tragédia total que, celeremente, o capitalismo nos arrasta.

sexta-feira, 25 de janeiro de 2013

Lula, o prefeito




         O sr. Lula da Silva fabricou a candidatura do desconhecido Fernando Haddad e com ela foi às ruas para elegê-lo prefeito da cidade de São Paulo. Diante das opções que se colocaram para os eleitores paulistanos, por um processo de exclusão, terminou-se por eleger Haddad, para prefeito daquela cidade.
         Ocorreu, entretanto, um episódio intrigante. O sr Lula interpretou que o eleito teria sido ele e, em uma reunião de secretários municipais, ele sentou-se no lugar do prefeito e, nessa condição, passou a determinar os afazeres dos secretários, uma inequívoca posição de prefeito de fato.
         Parece que ninguém detém a megalomania desse ex-metalúrgico que tantos serviços prestou e vem prestando ao sistema capitalista. Exímio palanqueiro, o sr Lula da Silva conseguiu garantir, à grande burguesia nacional e internacional, a tranquilidade social e política que ele havia prometido em sua “Carta ao Povo Brasileiro”, quando deixou claro que não havia razões para os temores das classes ora dominantes, uma vez que o leão seria mansinho.
          Utilizando-se da máquina partidária (PT), da CUT, da UNE e de outras centrais sindicais e estudantis, ele pôde garantir que as massas populares iriam estar em plena imobilidade, enquanto a grande burguesia auferia lucros.
          Através da ampliação do programa assistencialista, implantado por Fernando Henrique e rebatizado como Bolsa Família, o sr. Lula conseguiu montar um imenso colégio eleitoral que haveria de lhe conferir altos níveis de popularidade. Não esteve esse senhor, em nenhum momento, movido qualquer gesto de desaprovação ao sistema capitalista, responsável por tantas e quantas chagas sociais. Ao contrário disso, ele se esmerou na tentativa de produzir um “capitalismo de feição humana”, posição essa bem ao gosto da burguesia, que repete o falso discurso de que o capitalismo é bom, desde que administrado com competência, honestidade e generosidade.
         Foi no quesito generosidade, que o sr. Lula buscou construir a sua imagem, tipo “Pai dos Pobres”, embora escondam que ele foi realmente a “Mãe dos Ricos”, pois eles, os ricos, nunca usufruíram de tantos benefícios e tantos lucros, como no governo do ex-metalúrgico e hoje, prefeito de fato da cidade de são Paulo.

quarta-feira, 23 de janeiro de 2013

País, País, País...


País, País, País...

            Os socialistas alemães Marx e Engels, através do Manifesto Comunista de 1847/48, afirmaram que o motor da História é a luta de classes. A derrota da revolução socialista em escala mundial, levou a que a Terceira Internacional, criada com o propósito de reanimar o processo revolucionário no mundo, se transformasse no seu oposto. Ou seja, se transformasse em um instrumento da contrarrevolução, em linha auxiliar de sustentação do capitalismo, tarefa bem sucedida, pois aí está, de pé, esse aludido sistema.
            Uma das primeiras medidas de caráter contrarrevolucionário tomada pelo stalinismo consolidado, a partir de 1927, foi a de promover um profundo trabalho de distorção e assassinato do socialismo científico. Utilizando-se da Academia de Ciências da URSS, entre outras barbaridades, tratou de revogar o princípio da luta de classes e impor o falso princípio de que a contradição que movia a História se dava no nível de: nações opressoras e nações oprimidas.
            Dessa maneira, foi suprimida a política socialista, explicitamente anticapitalista, e floresceu, no lugar dessa premissa, o nacionalismo que tão bem serviu e serve aos interesses da ordem econômica e social vigente.
            Com profundo pesar, assistimos a uma longa entrevista de uma deputada do PCdoB e nessa entrevista, em nenhum momento, ela falou em capitalismo. Toda a sua falação enquadrava-se no discurso burguês dos interesses nacionais que, em última instância, são os interesses da burguesia. Então dizia aquela parlamentar “comunista” que o “nosso país” havia logrado grandes avanços nos governos Lula e Dilma.
            Quando ela se reportava a questões mundiais, trabalhava também com a categoria de país, abordando a crise do capitalismo por um prisma essencialmente burguês. É triste perceber quão longe foi a descaracterização de um leque de partidos e movimentos que, sob o carimbo do “marxismo-leninismo” ou do “marxismo-leninismo-trotskismo” reivindicam-se de esquerda, sem que para isso assumam qualquer postura claramente anticapitalista e sem que levem em consideração o fato de que a sociedade vigente é constituída de classes e camadas sociais com interesses conflitantes.
             Esses despropósitos são frutos de uma longa História, cujas raízes vamos encontrar no processo de derrota da revolução socialista, particularmente na URSS, que estendeu os seus raios pelo universo a fora, difundindo mitos e lendas tão necessárias para que o capitalismo pudesse sobreviver, gozando hoje de uma ampla hegemonia política, mesmo que estejam às claras as suas crises econômicas e financeiras.

                                                                                                                            Gilvan Rocha

segunda-feira, 21 de janeiro de 2013

Políticas Públicas




A burguesia é muito esperta. Para dominar o mundo ela semeia alguns discursos que são bastante massificados. Diante das absurdas mazelas sociais ela faz a seguinte colocação: necessitamos elaborar políticas públicas. Com políticas públicas bem elaboradas e a vontade política de realizá-las, tudo se resolverá. Assim sendo, não precisamos questionar o sistema sócio econômico vigente, o capitalismo. Tudo poderá se resolver dentro dos seus limites.
            Esse tipo de discurso só interessa à burguesia, mas, em torno dele, se enfileira uma legião de pessoas que se propõem trabalhar na elaboração dessas políticas públicas de caráter salvador. É bem verdade que um grande número de militantes da “boa causa” é encharcado pelos discursos burgueses, enquanto alguns são tangidos pelo oportunismo, na medida em que a formulação de políticas públicas tem se prestado a ser cabide de emprego para um bom contingente de pessoas.
             Há que se desmascarar essa manobra que redunda em nos afastar da questão central. Urge, também, entender que, nas fronteiras do capitalismo, não há salvação. É claro que não se pode abandonar a luta cotidiana por situações menos penosas, mas a denúncia do capitalismo como matriz dos males sociais não pode ser negligenciada.
A burguesia consegue massificar seus discursos enganosos e enquanto isso, a esquerda, por sua maioria, termina por se tornar porta voz do engodo.
Daí a necessidade de se construir uma esquerda explicitamente anticapitalista cuja  tarefa maior seja desnudar a realidade e por abaixo a fraude dos discursos correntes.
            Já se disse que a verdade é transformadora, mas não é fácil agitar a bandeira da verdade diante do assombroso e massacrante domínio  da mentira, desmentindo a lenda, dita e repetida, de que a mentira tem pernas curtas. Pernas curtas tem a verdade política que é reprimida e cerceada constantemente, pois ameaça os privilégios de uma minoria ardilosa.  


sexta-feira, 18 de janeiro de 2013

REVOLTA E REVOLUÇÃO


      Temos assistido a várias revoltas mundo a fora. Em 2005, foram os imigrantes na França que se rebelaram, incendiando veículos e confrontando-se com a polícia. No Oriente, processaram-se movimentos de revolta em alguns países, e elas foram batizadas como a “primavera do mundo árabe”. Essas revoltas têm demonstrado muito vigor e custado muitas vidas, particularmente na Líbia e na Síria. Esses movimentos são expressão de indignação dos excluídos por um sistema que não traz nenhuma perspectiva de melhores dias para os revoltados.


       Observe-se, porém, que esses movimentos não revelam projetos políticos de maiores mudanças, dão apenas vazão ao seu inconformismo. Partidos e movimentos de esquerda, quando existem, não se apresentam como canais de expressão política, como foi no caso da França. No caso dos países árabes os revoltosos sequer têm uma proposta clara, mesmo que de natureza democrática burguesa, reclamando a deposição dos seus governos, a conclamação de uma assembléia nacional constituinte e a garantia do exercício político em liberdade. Na Inglaterra, em Londres, esses acontecimentos se deram tendo o mesmo caráter despolitizado.

       Tais fatos servem para demonstrar a radical diferença entre revoltas e revoluções. As revoltas, regra geral, expressam insatisfações, mas não trazem em seu bojo propostas de natureza política. As revoluções representam o desejo dos explorados em transformar a sociedade, sepultar o modelo vigente e implantar uma nova ordem que lhes garanta justiça e paz. Dito de outra forma: a revolta é despolitizada e a revolução é essencialmente um ato político.

quarta-feira, 16 de janeiro de 2013

AÇÃO SOCIAL E SOCIALISMO




            Há uma confusão reinante, que atinge setores da esquerda, em confundir ações sociais como se fossem ações socialistas. Não percebem, esses senhores de esquerda, deles até existem os que se proclamam “marxistas-leninistas” ou até mesmo “marxistas-leninistas-trotskistas”, que a política de promoção calcada em ações sociais, foi assumida pela burguesia internacional, particularmente nos países da Europa Ocidental, como forma de conter um possível avanço do projeto socialista.
             Assim é que, os senhores do capital implementaram uma política que entrou para a História como sendo a criação de Estados de “bem estar social”. Na vanguarda desses estados capitalistas, estavam os chamados países nórdicos e neles existiam e sobrevivem políticas assistencialistas, tão “avançadas”, que chegavam a se colocar como uma via para um presumido socialismo democrático. Na verdade, esses países apresentavam um nível de bem estar e segurança social muito acima dos padrões nos indevidamente chamados, países socialistas. Mas, não era somente nos países nórdicos que se fez presente o assistencialismo nos limites do capitalismo. Em países como Alemanha, França, Bélgica, Áustria e mesmo na Itália, observava-se a existência de políticas semelhantes.
            Esse perfil avançado de política social, vamos encontrar também nos EUA, no Canadá e no Japão, para citarmos alguns poucos exemplos. Ora, essa manobra de levar avante políticas assistencialistas para garantir o apoio das massas populares ao sistema capitalista, teve pleno sucesso e, não é, de bom alvitre, que partidos e militantes supostamente socialistas, acenem para o povo com promessas de ações sociais, cujo resultado final é, sem dúvida, o fortalecimento do próprio capitalismo, pois essa conduta, dá margem a que se imagine ser possível, no âmbito desse sistema, se promover a emancipação da humanidade dos grilhões espoliadores em que vive. Vale pois, nos desfazermos desses equívocos e pararmos de confundir ação social com o projeto emancipador de que o socialismo é instrumento.

segunda-feira, 14 de janeiro de 2013

Verde, maduro e podre




O Partido dos Trabalhadores já passou dos trinta, quanto partido institucional. Nasceu verdíssimo e como se diz que o verde é a cor da esperança ele exalava esperanças por todos os poros.
Três eram os esteios desse partido. O primeiro deles era o sindical. Era o mais forte e o que inspirava maiores esperanças, calcadas na intuição e no instinto de classe. Assim pensávamos.
O segundo grande esteio na composição do Partido dos Trabalhadores eram as chamadas CEB’s – Comunidades Eclesiais de Base, movimento apoiado na então propalada Teologia da Libertação. A tradição do cristianismo não é a de erradicar a pobreza. A isso ele nunca se propôs, todo o seu pensamento poderia ser resumido na afirmação do padre dominicano Regis Lebrê, quando dizia ser obrigação dos cristãos “empenharem-se para que os ricos fossem menos ricos e os pobres menos pobres”. Não podemos deixar de lembrar que a “nossa” Santa Madre Igreja teve um papel importantíssimo no processo do golpe de Estado em 1964. A CNBB chegou, em documento oficial, a agradecer os préstimos das “gloriosas Forças Armadas” que libertaram o Brasil das garras sinistras do comunismo ateu.
O terceiro esteio na formação do PT era o mais frágil, extremamente fracionado e politicamente atrasado, confuso e prostrado diante da capitulação geral que se avizinhava. Tratava-se de dezenas de grupelhos de origem marxistas-leninistas-trotskistas ou, simplesmente, marxistas-leninistas. Esses grupelhos traziam consigo todos os defeitos de nascedouro, eram grupos de matrizes stalinistas e, assim sendo, não se cansavam de levar à prática um exacerbado monolitismo, uma absoluta supressão do livre debate, a excludência do tipo “somos o povo escolhido de Deus”, o aparelhismo como objetivo precípuo, fosse ele de estado, sindical ou partidário, usando para os seus fins políticos a rasteira e a calúnia.
No começo, a burguesia egressa dos anos de ditadura amedrontou-se com a possibilidade da real implantação de um partido que representasse os interesses históricos dos trabalhadores. Buscou de todas as formas inviabilizar essa proposta, fosse pela via da confusão da legislação eleitoral ou pela via da intolerância e da perseguição. Frustradas essas tentativas anti-petistas levadas a cabo pela direita troglodita, o seguimento burguês mais lúcido onde estavam incluídas figuras como: Mario Covas, Ulisses Guimarães, Franco Montoro, Fernando Henrique, Teotônio Vilela e uns poucos outros, compreendeu, perfeitamente, que “o leão era mansinho”, ou seja, o assustador Partido dos Trabalhadores – PT, não era e não viria a ser uma organização de caráter anticapitalista como temiam os menos avisados e pretendia alguns socialistas revolucionários.
Além da boa fé da imensa maioria dos que aderiram ao Partido dos Trabalhadores, acreditava-se no refrão de que o PT seria um partido diferente. Ou noutro momento, levou-se a sério a afirmação de Luis Inácio Lula da Silva de que o que faltava no Brasil era “vergonha na cara”. Noutro instante o “salvador” proclamou que existia no congresso nacional “mais de trezentos picaretas”. Deixou de dizer, entretanto, que esses picaretas haveriam de ser os seus mais sólidos aliados.
Lula no governo veio provar que o “leão era realmente mansinho”. O seu governo garantiu os maiores lucros para a burguesia, enquanto concedeu migalhas de vantagens ao sofrido povo e transformou a massa de miseráveis, através do programa Bolsa Família, num imenso colégio eleitoral, que bem lhe serviu para reelegê-lo e eleger sua sucessora Dilma Rousselff.
A cada concessão que fazia o governo Lula e seus apaniguados a burguesia exultava e proclamava aos quatro quantos: “O PT já não é mais aquele partido verde, hoje ele é maduro e totalmente confiável”.
Antes, Lula e sua laia distanciavam-se dos PMDBistas de perfil ideológico como eram Ulisses Guimarães, Tancredo Neves, Franco Montoro, Mario Covas, Teotônio Vilela, como já citamos. Hoje, ao deixar de ser “maduro” para se tornar PODRE, assumiu de público, sem nenhum recato, estreita aliança com o que existia e existe de mais pútrido, mais picareta, mais fisiológico no cenário nacional.
            É nosso dever estabelecer a diferença entre os interesses imediatos do povo trabalhador e seus interesses históricos. Os interesses imediatos consistem em se defender da ganância desabrida de uma burguesia sempre famélica por vultosos lucros. O defender-se, o buscar uma ou outra melhoria nas condições de vida é uma tarefa de casa, de cada dia, das massas de trabalhadores. Outra coisa é lutar pelos interesses históricos dessas massas. Outra coisa é quebrar as algemas que prendem a humanidade à cruel dominação capitalista. O interesse imediato, o interesse reformista reduz-se à busca da migalha, os interesses históricos representam a busca da total liberdade. 

sexta-feira, 11 de janeiro de 2013

Vão e Vêm!




            Dár-se a mudança dos governos municipais em todo o Brasil. Essa mudança de governos é colocada fraudulentamente, como se fosse um processo de alternância de poder. Isso não é verdade! Governos vão e vêm, e a realidade capitalista da sociedade dividida em classes e camadas sociais permanece, sustentada pelo real poder que é o poder de Estado, sempre a serviço da ordem social e econômica vigente.
             Mudanças de governos operam algumas outras mudanças, mas sempre de caráter formal e superficial e nenhuma mudança de conteúdo, pois mantém-se, como foi dito, o capitalismo, com todas as suas mazelas sociais.
            É verdade que existem governos mais responsáveis e competentes, com alguma preocupação social, e existem outros governos, seja em nível municipal, estadual ou federal, que se conduzem de forma atabalhoada, irresponsável e desonesta. Dessa maneira, quando somos chamados a participar do processo eleitoral, nós, socialistas, devemos aproveitar o ensejo para denunciar a ordem vigente e desmentir o discurso da alternância do poder, quando elas, as eleições permitem, tão somente, mudanças de governos.
            Em última instância, quando por falta de um maior vigor do movimento socialista em aberta oposição ao capitalismo, resta-nos, como saída eleitoral, escolher o menos ruim, sem a ilusão de que tais opções impliquem em consequências de caráter qualitativo.
            Vão governos e vêm governos, e tudo fica como dantes, no “quartel de Abrantes”. Ou melhor, atenuam-se ou agravam-se certos aspectos de nossa realidade crítica, mas nunca que essa realidade poderá ser alterada, substancialmente, pela via de mudanças de governos.
            Essa é uma constatação que deveria orientar a militância política que se rotula de socialista, comunista ou até mesmo trabalhista. Essa gente, muitas vezes, por má fé ou ilusões, se presta a vender fantasias, se presta a colaborar efetivamente com o trabalho de enganação das massas populares, confundindo, por exemplo, algumas ações sociais com socialismo o que é totalmente improcedente.

quarta-feira, 9 de janeiro de 2013

“CAPITALISMO EXAGERADO”


      Deveria ser muito claro o quanto de mazelas sociais, das mais cruéis, são produzidas e mantidas pelo capitalismo, não fosse o empenho da esquerda direitosa em esconder a própria existência desse sistema, aderindo ao discurso da burguesia de que o capitalismo é bom desde que administrado com competência, honestidade e determinação. A partir dessa visão, chegaríamos a ter um capitalismo humanizado, em lugar do capitalismo selvagem, como se isso fosse possível.
            As extravagâncias, os níveis de crueldade do sistema capitalista, que além do mais, é extremamente predatório, chega ao cúmulo, levando o atual papa, Bento XVI, figura comprometida com uma trajetória de extrema direita, vir a público, durante a passagem do ano, para dizer que o capitalismo deve evitar os seus exageros.
            O discurso de um papa ultra-direitista, termina ficando bem à frente da esquerda direitosa, que omite, sob todos os aspectos, qualquer denúncia ao sistema socioeconômico em causa e, dessa forma, contribui para a sua manutenção enquanto ele nos arrasta para a tragédia total.
            A sobrevida do capitalismo, apesar de suas enormes contradições e ostensivas crises, se deve ao papel que jogou e joga a esquerda direitosa, nesses últimos noventa anos de hegemonia stalinista. Como decorrência desse papel levada a cabo por essa esquerda de matriz stalinista, temos aí, como testemunha eloquente de nossas sucessivas derrotas, a permanência dessa ordem econômica e social exaurida. Mesmo contrariando toda a lógica, eles gozam de uma estranha hegemonia política, pois falta a existência de movimentos e partidos anticapitalistas com o devido peso.
            Face ao extremo estado de pobreza política, fica a esquerda direitosa e seus circundantes, alimentando-se de migalhas políticas do tipo o chavismo na Venezuela, Evo Morales na Bolívia, Rafael Correia no Equador, enquanto somam-se, a essas migalhas, os estremecimentos conjunturais que se passam na Grécia, na Espanha, na França, na Itália, como expressão do quadro de exaustão do capitalismo, enquanto dá-se a ausência de um projeto de superação desse sistema, ou seja, a ausência de um projeto socialista com a envergadura política que se faz necessária.

segunda-feira, 7 de janeiro de 2013

ORIGEM HUMILDE




      A cultura judaico-cristã exalta a pobreza como fator importante para o cultivo das virtudes e estigmatiza os ricos, atribuindo-lhes graves defeitos de índole. Esse viés cultural, sempre está presente em nossas vidas, particularmente na atividade política, quando algumas pessoas colocam a sua origem humilde como um trunfo para merecer a preferência e a confiança dos demais. Recentemente, o noticiário político dava conta de que o estado de saúde do Coronel Hugo Chávez era tão periclitante que poderia desembocar no seu falecimento. Antes de submeter-se a uma quarta cirurgia que lhe curasse do câncer, o Coronel Hugo Chávez apontava a figura de seu vice-presidente como possível candidato, em caso de sua ausência.

      A imprensa noticiando essa escolha do coronel venezuelano, ressaltava que o sr. Nicolas Maduro, era um homem de origem humilde. Ora, o exemplo mais contundente de que a origem humilde de um fulano ou de um sicrano não pode servir como garantia de um comportamento ilibado, nós temos, sobejamente, no caso de Joseph Stálin. Esse senhor, filho de um sapateiro alcoólatra e de uma mãe lavadeira, era  membro do Comitê Central do Partido Bolchevique que tinha em seu currículo um passado de pobreza e miséria, isso, contudo, não impediu que essa figura dantesca se transformasse no maior algoz da humanidade, pondo por terra a premissa de que  a pobreza gera virtudes.
      Quanto ao sr, Adolf Hitler, também vinha de uma origem econômica bastante modesta e isso também não evitou que ele procedesse junto à História como o mais tresloucado assassino. O metalúrgico polonês, Lech Walesa, após liderar a luta política contra o estado policial, veio assumir a presidência daquele país e prestar um grande serviço ao imperialismo no processo de reestruturação do capitalismo na Polônia.
      E o que dizermos do retirante da seca nordestina, Luís Inácio da Silva, que na Presidência proporcionou grandes serviços aos banqueiros, ao agronegócio, aos industriais, aos exportadores, enfim, ao grande capital, enquanto se empenhava em manter sob controle as massas populares, servindo-lhes migalhas? O sr. Paulo Malluf disse: “Diante dos banqueiros, eu pareço ser comunista, enquanto Lula se apresenta como um esmerado servidor desses senhores”. Vê-se pois, o quão infundada é a cultura judaico-cristã na sua exaltação á pobreza como fonte de virtudes.

sexta-feira, 4 de janeiro de 2013

O PT CAIU NA PRIVADA!


O PT CAIU NA PRIVADA!

            A nossa desinformada esquerda direitosa tem como um dos seus postulados, o de que existe uma dicotomia entre o público e o privado. Para eles, devemos fazer a opção pelo público, que é do povo. Não enxergam que o público é o Estado e esse é uma instituição de classe. No capitalismo, o Estado representa o poder burguês e se organiza em torno da defesa desse sistema sócio-econômico. Portanto, trata-se de uma fantasia, de uma balela, pretender que o Estado seja do povo.
            Fruto dessa falsa dicotomia entre o público e o privado, imagina-se construir dois projetos políticos. Um, pretensamente de esquerda, que se propõe a defender a bandeira da “coisa pública”, através do Estado, e o outro, que seria nesse caso a direita, que tem por proposta a defesa e a exaltação da iniciativa privada. Nessa dualidade, trafega a “nossa” esquerda direitosa que não se atreve a assumir uma postura anticapitalista, pretendendo apenas o exercício de governos estaduais, municipais e federal sem extrapolar o âmbito da ordem econômica e social vigente, sem ameaçar o poder real, o poder da burguesia, representado pelo Estado como já dissemos.
            Fiéis a essa equivocada visão, o PT, o PCdoB e o PSB, autênticos representantes da esquerda direitosa, aferram-se ao discurso do público contra o privado, sem dizer que são faces de uma mesma moeda, são faces complementares da ordem capitalista.
            Após tantos anos de gritaria contra as privatizações e a denúncia cerrada de que o caminho da privatização como política neoliberal, encarnava o direitismo, quando direita são, tanto uma como a outra das forças políticas em litígio. Aconteceu, porém, que o Estado brasileiro não teve condição de realizar obras de infra-estruturas principalmente nos quesitos portos, aeroportos, rodovias e ferrovias e isso levou a um grave estrangulamento da economia, impedindo a burguesia brasileira de ter um maior grau de competitividade.
            Dessa maneira, o PT e os seus aliados, não tiveram outra saída senão recorrer à privatização que começou com os aeroportos e há de continuar em várias iniciativas de investimentos que se fazem necessários. Assim sendo, não é injusto dizer que o PT e a esquerda direitosa, terminaram por cair na privada, lugar de onde nunca deixaram de ter fortes laços, pois é a eles que seus governos prioritariamente servem.

quarta-feira, 2 de janeiro de 2013

DOIS PROJETOS



            A esquerda direitosa procura nos convencer que existem, apenas, dois projetos no cenário político brasileiro. Um deles, encampado pelo PSDB, DEM e PPS seria o neoliberalismo, a direita. O outro, seria o nacional-desenvolvimentismo, inspirado em Celso Furtado e seria representado, pelo PT, PSB, PCdoB. Ora, isso é mais uma fraude. Veja-se que tanto um projeto como o outro, não passam dos limites do capitalismo. Bastaria esse fato para nos sentirmos seguros em dizer que se tratam de duas vertentes da direita: uma direita reacionária e uma direita progressista. Isso, porém, é uma meia verdade, quando ficou evidente que o PT se comprometeu de que haveria de respeitar o Plano Real, do governo de Itamar Franco, continuado por FHC. Eleito, Lula da Silva,  em conluio com o imperialismo, escolheu um banqueiro de confiança do grande capital, Henrique Meireles, para presidir o Banco Central, e a burguesia, nacional e internacional, derramou sorrisos. Com essa atitude, Lula demonstrou, claramente, que poderia trair os interesses maiores dos trabalhadores, mas não trairia os da burguesia.
            Como socialistas revolucionários, defendemos e fundamentamos a tese de que, na verdade, existem nessa sociedade, dois grandes projetos antagônicos e inconciliáveis. O primeiro deles, estamos convencidos, atém-se à manutenção do capitalismo, difundindo o discurso de que o sistema é bom, desde que administrado com competência, abnegação e honestidade. O projeto de conservação do capitalismo, é defendido tanto pelo PSDB, quanto pelo PT, ambos com o DNA de direita, pois consideramos, politicamente de direita, todos os partidos e movimentos que se coloquem nos limites da ordem econômica e social vigente. O segundo projeto, esse sim, merece muito bem, ser chamado de esquerda. Trata-se do projeto socialista, portanto, um projeto claramente anticapitalista, incapaz de qualquer gesto de conciliação, uma vez que não há nenhum ponto de convergência entre essas duas propostas, uma de conservação desse sistema e a outra de transformação.