quarta-feira, 9 de janeiro de 2013

“CAPITALISMO EXAGERADO”


      Deveria ser muito claro o quanto de mazelas sociais, das mais cruéis, são produzidas e mantidas pelo capitalismo, não fosse o empenho da esquerda direitosa em esconder a própria existência desse sistema, aderindo ao discurso da burguesia de que o capitalismo é bom desde que administrado com competência, honestidade e determinação. A partir dessa visão, chegaríamos a ter um capitalismo humanizado, em lugar do capitalismo selvagem, como se isso fosse possível.
            As extravagâncias, os níveis de crueldade do sistema capitalista, que além do mais, é extremamente predatório, chega ao cúmulo, levando o atual papa, Bento XVI, figura comprometida com uma trajetória de extrema direita, vir a público, durante a passagem do ano, para dizer que o capitalismo deve evitar os seus exageros.
            O discurso de um papa ultra-direitista, termina ficando bem à frente da esquerda direitosa, que omite, sob todos os aspectos, qualquer denúncia ao sistema socioeconômico em causa e, dessa forma, contribui para a sua manutenção enquanto ele nos arrasta para a tragédia total.
            A sobrevida do capitalismo, apesar de suas enormes contradições e ostensivas crises, se deve ao papel que jogou e joga a esquerda direitosa, nesses últimos noventa anos de hegemonia stalinista. Como decorrência desse papel levada a cabo por essa esquerda de matriz stalinista, temos aí, como testemunha eloquente de nossas sucessivas derrotas, a permanência dessa ordem econômica e social exaurida. Mesmo contrariando toda a lógica, eles gozam de uma estranha hegemonia política, pois falta a existência de movimentos e partidos anticapitalistas com o devido peso.
            Face ao extremo estado de pobreza política, fica a esquerda direitosa e seus circundantes, alimentando-se de migalhas políticas do tipo o chavismo na Venezuela, Evo Morales na Bolívia, Rafael Correia no Equador, enquanto somam-se, a essas migalhas, os estremecimentos conjunturais que se passam na Grécia, na Espanha, na França, na Itália, como expressão do quadro de exaustão do capitalismo, enquanto dá-se a ausência de um projeto de superação desse sistema, ou seja, a ausência de um projeto socialista com a envergadura política que se faz necessária.

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