sexta-feira, 18 de outubro de 2013

Bloqueio a CUBA



Bloqueio a CUBA

            A ausência do livre debate impede que tenhamos uma visão clara da realidade política que atravessamos. Em nome do “maxismo-leninismo” e do “trotskismo”, lendas e mentiras foram ditas. As distorções chegam ao ridículo. Um exemplo disso está nos discursos em que as culpas dos insucessos são debitadas ao inimigo. Esse ridículo se resume em dizer: “não vencemos porque o inimigo não permitiu”.
            Vimos por ocasião do golpe contrarrevolucionário de 1964, no Brasil. Sob o titulo “O golpe nasceu em Washington” dizia-se que, em caso de conflito armado, naquela ocasião, os ianques desembarcariam e impediriam qualquer êxito revolucionário. Diziam: o inimigo rasgou a constituição e atropelou a legalidade, assim, ele era culpado de não ter dado certo o projeto da conquista pacífica do socialismo.
            O mesmo argumento foi apresentado em relação ao golpe chileno de 1973, afirmando-se que o insucesso do “socialismo”, ali, deveu-se ao papel da CIA. Esquecem que as tropas ianques desembarcaram no Vietnã com oitocentos mil homens e desfecharam vários bombardeios e, mesmo assim, não impediram os vietcongs da vitória.
            Outro ridículo do discurso da “esquerda direitosa”, dá-se em torno do bloqueio econômico a CUBA. Mais uma vez culpa-se o cruel inimigo de não colaborar com o processo de construção de um projeto socialista. Porém, cabem algumas indagações: quando se viu CUBA, através de seu governo monocrático, fazer algum apelo dirigido aos trabalhadores da América do Norte? Por que esses trabalhadores não impediram que se desse o bloqueio a CUBA?
            Não nos consta nenhum apelo, nenhum manifesto dirigido ao povo ianque. Aliás, CUBA nunca conseguiu ultrapassar os limites do “pátria ou morte venceremos” e o discurso mais avançado, produzido neste meio século, “A Segunda Declaração de Havana” se volta contra o imperialismo ianque e nenhuma palavra diz sobre o imperialismo canadense, italiano, francês, inglês... o que demonstra um reducionismo do conceito de imperialismo.
          Por essas razões é que o capitalismo, apesar das crises, mantêm a hegemonia política. Precisamos de uma esquerda anti-capitalista em palavras e ações e devemos repudiar o desvio nacionalista decorrente da substituição do principio da luta de classes para se assumir o dogma de que a contradição maior está entre nações opressoras e nações oprimidas.

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