Bloqueio a CUBA
A
ausência do livre debate impede que tenhamos uma visão clara da realidade
política que atravessamos. Em nome do “maxismo-leninismo” e do “trotskismo”,
lendas e mentiras foram ditas. As distorções chegam ao ridículo. Um exemplo
disso está nos discursos em que as culpas dos insucessos são debitadas ao
inimigo. Esse ridículo se resume em dizer: “não vencemos porque o inimigo não
permitiu”.
Vimos
por ocasião do golpe contrarrevolucionário de 1964, no Brasil. Sob o titulo “O
golpe nasceu em Washington” dizia-se que, em caso de conflito armado, naquela
ocasião, os ianques desembarcariam e impediriam qualquer êxito revolucionário.
Diziam: o inimigo rasgou a constituição e atropelou a legalidade, assim, ele
era culpado de não ter dado certo o projeto da conquista pacífica do
socialismo.
O
mesmo argumento foi apresentado em relação ao golpe chileno de 1973,
afirmando-se que o insucesso do “socialismo”, ali, deveu-se ao papel da CIA. Esquecem
que as tropas ianques desembarcaram no Vietnã com oitocentos mil homens e desfecharam
vários bombardeios e, mesmo assim, não impediram os vietcongs da vitória.
Outro
ridículo do discurso da “esquerda direitosa”, dá-se em torno do bloqueio
econômico a CUBA. Mais uma vez culpa-se o cruel inimigo de não colaborar com o
processo de construção de um projeto socialista. Porém, cabem algumas
indagações: quando se viu CUBA, através de seu governo monocrático, fazer algum
apelo dirigido aos trabalhadores da América do Norte? Por que esses trabalhadores
não impediram que se desse o bloqueio a CUBA?
Não
nos consta nenhum apelo, nenhum manifesto dirigido ao povo ianque. Aliás, CUBA
nunca conseguiu ultrapassar os limites do “pátria ou morte venceremos” e o
discurso mais avançado, produzido neste meio século, “A Segunda Declaração de Havana”
se volta contra o imperialismo ianque e nenhuma palavra diz sobre o imperialismo
canadense, italiano, francês, inglês... o que demonstra um reducionismo do
conceito de imperialismo.
Por
essas razões é que o capitalismo, apesar das crises, mantêm a hegemonia
política. Precisamos de uma esquerda anti-capitalista em palavras e ações e
devemos repudiar o desvio nacionalista decorrente da substituição do principio
da luta de classes para se assumir o dogma de que a contradição maior está entre
nações opressoras e nações oprimidas.
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