Da
Revolução Russa
Caros camaradas Gílber,
Mauro Nunes, Diego e outros mais. Seria muito importante, para entendermos
realmente toda a dimensão da Revolução Russa, a leitura de alguns trabalhos, acompanhada
de um vivo debate sem censuras, sem preconceitos e sem intolerância. Trabalhos
esses, escassos é verdade, mas que tratem da questão sem desfigurá-la. Dentre esses
desejados trabalhos, sobre aquele rico episódio, temos a destacar o ensaio
escrito por Rosa Luxemburgo, já nos fins de 1918, quando a questão ainda estava
em plena efervescência. A leitura desse ensaio vai nos ajudar a entender porque
a retirada estratégica, diante do fato de que o processo contrarrevolucionário
estava em plena gestação, traria menores danos para a causa socialista, sem a
obsessão voluntarista em atropelar as leis da história.
Reconhecer a derrota não
seria por meio de um decreto, seria através de todo um processo, a começar pela
Assembleia Nacional Constituinte, realizada com plena liberdade de expressão
política. Aliás, a própria Rosa Luxemburgo nos afirma: “É possível a liberdade
política sem o socialismo, entretanto, é impossível o socialismo sem a
liberdade política”.
De forma apressada e irrefletida,
costuma-se afirmar que reconhecer a derrota e promover a retirada estratégica,
seria um ato que descambaria para o massacre dos bolcheviques. Em primeiro
lugar, é bom ter a consciência, a clareza, de que o massacre dos bolcheviques
foi plenamente levado a cabo, sob a batuta do senhor Josef Stalin e seus
asseclas. Em segundo lugar, devemos lembrar que o massacre dos communards, em
1871, na França, não redundou na derrota total do socialismo. Muito pelo contrário,
ensejou todo um aprendizado em torno daquela tragédia. Enquanto isso, sob o
pretexto de evitar um massacre dos bolcheviques, coisa que não ocorreu, tivemos
como resultado um imenso massacre da humanidade, que teve de suportar tragédias
das mais agudas, como o nazifascismo; a Segunda Grande Guerra; Hiroshima e Nagasaki;
o fascismo franquista; o massacre da Indonésia, e tantos outros episódios dos
mais cruéis. E, temos como resultado, hoje, um mundo repleto de mazelas
sociais, enquanto o capitalismo exaurido goza da mais completa hegemonia
política.
É sobre esse viés que
devemos olhar a Revolução Russa e seus nefastos desdobramentos, sobretudo no
quesito consolidação da contrarrevolução stalinista, cujo um dos maiores danos
foi a supressão do livre debate, com todas as suas nefastas consequências,
ontem e hoje.
Nenhum comentário:
Postar um comentário