sexta-feira, 21 de março de 2014

Da Revolução Russa



Da Revolução Russa

                                                                          
Caros camaradas Gílber, Mauro Nunes, Diego e outros mais. Seria muito importante, para entendermos realmente toda a dimensão da Revolução Russa, a leitura de alguns trabalhos, acompanhada de um vivo debate sem censuras, sem preconceitos e sem intolerância. Trabalhos esses, escassos é verdade, mas que tratem da questão sem desfigurá-la. Dentre esses desejados trabalhos, sobre aquele rico episódio, temos a destacar o ensaio escrito por Rosa Luxemburgo, já nos fins de 1918, quando a questão ainda estava em plena efervescência. A leitura desse ensaio vai nos ajudar a entender porque a retirada estratégica, diante do fato de que o processo contrarrevolucionário estava em plena gestação, traria menores danos para a causa socialista, sem a obsessão voluntarista em atropelar as leis da história.

Reconhecer a derrota não seria por meio de um decreto, seria através de todo um processo, a começar pela Assembleia Nacional Constituinte, realizada com plena liberdade de expressão política. Aliás, a própria Rosa Luxemburgo nos afirma: “É possível a liberdade política sem o socialismo, entretanto, é impossível o socialismo sem a liberdade política”.

De forma apressada e irrefletida, costuma-se afirmar que reconhecer a derrota e promover a retirada estratégica, seria um ato que descambaria para o massacre dos bolcheviques. Em primeiro lugar, é bom ter a consciência, a clareza, de que o massacre dos bolcheviques foi plenamente levado a cabo, sob a batuta do senhor Josef Stalin e seus asseclas. Em segundo lugar, devemos lembrar que o massacre dos communards, em 1871, na França, não redundou na derrota total do socialismo. Muito pelo contrário, ensejou todo um aprendizado em torno daquela tragédia. Enquanto isso, sob o pretexto de evitar um massacre dos bolcheviques, coisa que não ocorreu, tivemos como resultado um imenso massacre da humanidade, que teve de suportar tragédias das mais agudas, como o nazifascismo; a Segunda Grande Guerra; Hiroshima e Nagasaki; o fascismo franquista; o massacre da Indonésia, e tantos outros episódios dos mais cruéis. E, temos como resultado, hoje, um mundo repleto de mazelas sociais, enquanto o capitalismo exaurido goza da mais completa hegemonia política.

É sobre esse viés que devemos olhar a Revolução Russa e seus nefastos desdobramentos, sobretudo no quesito consolidação da contrarrevolução stalinista, cujo um dos maiores danos foi a supressão do livre debate, com todas as suas nefastas consequências, ontem e hoje.

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