sexta-feira, 7 de março de 2014

“Não será a mesma!”



“Não será a mesma!”
           
Fortaleza viveu um episódio de notável importância quando alguns jovens, heroicamente, ocuparam o “Parque do Cocó”, no propósito de resistir a algum projeto de construção de um viaduto. Essa construção agredia, de forma brutal, aquele manguezal. A expansão imobiliária, que produz altos lucros para esse ramo do capitalismo, não se detém em sua sanha devastadora. Cinicamente, eles dizem que a destruição contínua da natureza corresponde ao preço que se deve pagar pelo “progresso”. Sabemos que a alma do capitalismo é o lucro para uns poucos e, em busca desse lucro, praticamente não existem barreiras. Em razão de tudo isso, vale ressaltar a atitude valente e consciente que, de forma desprendida, foi ocupado o Parque do Cocó. Para a quase absoluta participação desses militantes, estava se vivendo a sua primeira e mais comovente experiência política.

            Em razão dessa comoção é que um dos líderes desse aludido movimento, na busca de fazer uma análise do citado episódio, afirmou, peremptoriamente, que Fortaleza não seria a mesma. Isto é, teríamos uma cidade antes do “Ocupe o Cocó” e, outra cidade, dotada de uma qualidade diferenciada, na sua essência, daquela anterior. É evidente que essa avaliação retratava uma paixão que tende a obscurecer a razão. Não podemos colocar, em dúvida, o valor da atitude daqueles que, bravamente, resistiram a um momento maior de atentado contra a natureza e, por sua vez, não obstante o resultado final do enfrentamento ter sido a derrota, as denúncias e a conscientização foram valiosas!

            O grande erro que se comete no trato desse embate é não perceber que o verdadeiro assassino da natureza tem nome e endereço: trata-se do capitalismo, e ele está sempre presente em nossas vidas. Pretender personificar o assassino do “Parque do Cocó”, na figura de fulano ou de sicrano, é praticar um reducionismo que nos traz graves problemas quanto à compreensão justa da realidade.

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