“Não
será a mesma!”
Fortaleza
viveu um episódio de notável importância quando alguns jovens, heroicamente,
ocuparam o “Parque do Cocó”, no propósito de resistir a algum projeto de
construção de um viaduto. Essa construção agredia, de forma brutal, aquele
manguezal. A expansão imobiliária, que produz altos lucros para esse ramo do
capitalismo, não se detém em sua sanha devastadora. Cinicamente, eles dizem que
a destruição contínua da natureza corresponde ao preço que se deve pagar pelo “progresso”.
Sabemos que a alma do capitalismo é o lucro para uns poucos e, em busca desse
lucro, praticamente não existem barreiras. Em razão de tudo isso, vale
ressaltar a atitude valente e consciente que, de forma desprendida, foi ocupado
o Parque do Cocó. Para a quase absoluta participação desses militantes, estava
se vivendo a sua primeira e mais comovente experiência política.
Em razão dessa comoção é que um dos
líderes desse aludido movimento, na busca de fazer uma análise do citado
episódio, afirmou, peremptoriamente, que Fortaleza não seria a mesma. Isto é,
teríamos uma cidade antes do “Ocupe o Cocó” e, outra cidade, dotada de uma
qualidade diferenciada, na sua essência, daquela anterior. É evidente que essa
avaliação retratava uma paixão que tende a obscurecer a razão. Não podemos
colocar, em dúvida, o valor da atitude daqueles que, bravamente, resistiram a
um momento maior de atentado contra a natureza e, por sua vez, não obstante o
resultado final do enfrentamento ter sido a derrota, as denúncias e a
conscientização foram valiosas!
O grande erro que se comete no trato
desse embate é não perceber que o verdadeiro assassino da natureza tem nome e endereço: trata-se do capitalismo, e ele está sempre presente
em nossas vidas. Pretender personificar o assassino
do “Parque do Cocó”, na figura de fulano ou de sicrano, é praticar um
reducionismo que nos traz graves problemas quanto à compreensão justa da
realidade.
Nenhum comentário:
Postar um comentário