Transita um discurso de que as
manifestações populares acobertam um plano de golpe de Estado. Lendo os
cartazes exibidos, nada disso encontramos. Esse discurso tem por objetivo
desqualificar o movimento popular. Diz-se que o fato de haver repúdio quanto à
participação de partidos, é um gesto fascista. Entretanto, esse gesto tem dois
vieses. O primeiro deles, é a atitude dos anarquistas que agitam a palavra de
ordem: “O povo unido não precisa de
partido”. O segundo viés, deve-se a um sentimento natural do povo. Afinal,
cabe perguntar: o que a população entende por partidos? Existem no Brasil mais de 30 partidos e eles, regra geral, se identificam
com demagogia, cambalacho, corrupção e é, por essa razão, que o povo tem esse
sentimento de repúdio e isso nada tem de fascismo, como querem dizer.
Caso queiramos realmente descobrir os
verdadeiros golpistas da nossa história mais recente, vamos encontrá-los no PT
e no PCdoB. O PT se apresentou com a proposta de partido diferente e golpeou as mais legítimas esperanças, quando
passou de malas e bagagens, para o outro lado, o lado da burguesia. Seria um
partido do povo, aquele que não tem o menor pejo em promover alianças com o que
existe de pior nessa pútrida república brasileira? Cremos que não!
Por sua vez, o PCdoB, dissidência do
velho PCBão, que nos seus primórdios optou por Pequim e defendeu, com toda
bravura, os seus equívocos, tais como “campo
cercando a cidade” e “guerra popular
e prolongada”, deixou de lado o seu passado ideológico para se converter em
uma agremiação fisiológica. A sua contribuição para uma pretensa formulação “revolucionária”,
estaria na tese do caminho para socialismo através do esporte, e isso expõe
toda a sua transmutação.
É oportuno, frisar bem, que o
passado heróico do PCdoB, com os seus mártires, não pode servir de salvo-conduto
para suas nefastas práticas recentes. PT e PCdoB são verdadeiros golpistas,
sempre prontos a golpear a boa fé e,
nessa condição eles servem aos interesses do capitalismo, em troco de polpudas
vantagens. Enquanto isso, os sentimentos populares expressos nas ruas e as suas
reivindicações, não podem ser contemplados no âmbito desse sistema, logo podem
ser potencializados no rumo da transformação social.
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