segunda-feira, 27 de outubro de 2014

Glamour




É verdade, o CAEP não tem o glamour da academia burguesa. Não tem o charme que nos conferem os títulos de bacharel, mestre, doutor e pós-doutor. Não tem aceitação e o louvor, quase unânime, da sociedade. Não é alvo dos mimos e do financiamento que a burguesia “generosa” confere aos seus graduados.

Porém, o CAEP sabe estabelecer a diferença entre a forma e o conteúdo. Sabe distinguir o que é poder e o que é governo. Tem clareza da gênese do Estado e sabe do seu conteúdo de classe. É informado de que a propriedade capitalista dos meios de produção se dá pela apropriação direta, chamada de propriedade privada, e sua apropriação indireta pela burguesia, através do seu aparelho de Estado. Não se deixa enganar pela lorota que é a de chamar a propriedade estatal de propriedade pública, propriedade do povo. Não aceita o logro de considerar que o “petróleo é nosso”; que “a Amazônia é nossa"; que o Banco do Brasil é de Maria, Pedro, José, Tereza... Refuta, com toda veemência, a falsa contradição entre o público e o privado, no âmbito do capitalismo. Denuncia a farsa de que “o poder emana do povo e em seu nome exercido”.

É fato que o CAEP não tem o glamour que o império da mentira confere a alguns, enquanto a burguesia se encharca nos seus vultosos lucros.

A verdade histórica não é conferida, no capitalismo. As honras são destinadas à mentira, como elemento útil à sustentação desse sistema socioeconômico. Isto se dá, porque a verdade tem um perfil herético. Não foi considerado herege Galileu, ao afirmar que a Terra era móvel? Não foi jogado na fogueira Giordano Bruno, por rejeitar os dogmas da Santa Madre Igreja? Não foi execrado pela academia de ciências, Charles Darwin, ao proclamar a improcedência da criação divina da vida?

Sem a mentira, sem a fraude, sem as ilusões e fantasias, a desigualdade social não se manteria de pé. A verdade, e somente ela, tem a prerrogativa de promover a revolução, a transformação. Em razão desse fato é que ela, a verdade, ao contrário do que se diz, tem pernas curtas. Enquanto a mentira tem pernas longas e robustas.

Essa é a realidade que clama por reconhecimento. Mas a mentira tem em seu favor as palavras dos bispos, dos generais, dos doutos, que lhe conferem o glamour. Reverter esse quadro e desvendar a natureza cruel da sociedade em que vivemos é a nossa grande tarefa, tangendo para bem longe a fraude, apesar do seu inegável glamour.


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