quinta-feira, 23 de outubro de 2014

PT nas ruas



Dizem que o PT mudou após chegar ao poder. Esta afirmação incorre em dois graves erros. O primeiro é de desconhecer que esse partido mudou para poder chegar ao governo. Dizendo melhor, não mudou depois, mudou antes. O segundo equívoco, muito frequente, inclusive entre os chamados cientistas políticos, é não perceber a diferença abissal entre governo e poder.

Quando do surgimento do PT, nos ocorreu a esperança de que essa agremiação politica, impulsionada pela intuição e pelo sentimento de classe, poderia encarnar a defesa dos interesses históricos das classes trabalhadoras que é, em principio, a superação do capitalismo.

Em 1984, escrevemos e publicamos, um artigo de jornal, com o seguinte titulo: “PT, uma proposta e muitos riscos”. Dizíamos então, que se poderia ir para o gueto da intolerância e do sectarismo ou poderia ocorrer a sua cooptação pela burguesia, o que de fato veio a acontecer, quando se assumiu o caminho único da institucionalidade e se derivou para o fisiologismo.

Quando das campanhas, Lula, presidente, se cantava o Lula Lá e, nós, caepistas, saímos às ruas com Lula Cá, através de modestos panfletos. Dizíamos, então: não queremos Lula Lá no Planalto dividindo a mesa com banqueiros, industriais, agropecuaristas, importadores e exportadores... enfim com a burguesia. Queríamos Lula Cá, nas fábricas, nos sindicatos, nas comunidades, nas ruas. Não queríamos ver o PT fugir dos seus destinos para se envolver em episódios do tipo: assassinato de Celso Daniel e do Toninho, do PT. Não queríamos ver o PT ligado a tantos escândalos, ressaltando-se o Mensalão e o esquema da Petrobras. Não queríamos ver o PT dizendo que tem um projeto que agrada personagens da escória política como Sarney, Barbalho, Calheiros, Temer, Jucá, Collor, Maluf... 

Sob o argumento de que a agremiação em causa promove um serviço de assistência aos pobres, amenizando-lhes os seus sofrimentos, esquecem de dizer que a maior dádiva que se poderia destinar às classes populares, seria a conscientização politica, levando-as a ver que se vive no capitalismo e nele não existirá conquistas definitivas para os trabalhadores.

Por seu turno, é bom que se afirme: a tarefa de governar o capitalismo é da burguesia e de seus prepostos. Não existe, no âmbito desse sistema socioeconômico, a possibilidade de se governar para os pobres. Não existe a livre escolha. Quando um governo concede dez para os desfavorecidos, concede um milhão para os ricos. Dessas circunstâncias, governo nenhum poderá fugir e caso pretenda, será deposto pelo poder, e sobre isso, a história está repleta de exemplos. 

Não nos apetece, ver um metalúrgico e retirante ladeado por políticos cuja marca é o fisiologismo.  Um partido que realmente se coloque na perspectiva histórica dos trabalhadores não deveria e nem deve “estar lá” e sim devia e deve estar cá, nas fábricas, nos sindicatos, nas comunidades, nas ruas, bradando: não queremos apenas míseros ganhos, queremos aquilo a que realmente temos direito. Queremos as riquezas que produzimos, queremos um mundo de igualdade, justiça e paz, e esse mundo não poderá ser alcançado nos marcos do capitalismo. Fora o Capitalismo! Viva a vida!

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