terça-feira, 19 de outubro de 2010

Lição esquecida

Nos idos de 1848, os jovens Karl Marx e Friedrich Engels vieram a público com o famoso Manifesto Comunista e ali disseram, com todas as letras, que a história da humanidade é a história da luta de classes. Tal princípio, fartamente demonstrado como verdadeiro, foi estupidamente revogado pelo stalinismo. Assim, todos os chamados Partidos Comunistas passaram a defender a esdrúxula tese de que o eixo da luta política era a contradição: nações opressoras e nações oprimidas. Inclusive esse conceito, por si, totalmente infundado, sofreu um rebaixamento maior quando, esse mesmo stalinismo passou a desconhecer os imperialismos inglês, japonês, alemão, francês... para centrar seu discurso, tão somente, no “inimigo principal” o imperialismo ianque. Atirados na cesta do lixo os princípios do socialismo científico foi eleito o nacionalismo como a principal bandeira, e não mais se falou em luta de classes. Ora, como a nossa esquerda convencional, de diversas matizes, tem como fonte formadora o stalinismo e os seus dogmas, fincou pé na tese da luta de libertação nacional contra a opressão do imperialismo ianque. Tal desvio chega ao cúmulo de se ver fascistas como Marmud Armadinejad e Bin Laden, serem considerados parceiros de um anti-americanismo obtuso, pois deixa de registrar que, nos Estado Unidos, existem classes e camadas sociais, e tudo e todos recebem o carimbo de imperialistas ianques. Quem mais levou a fundo essa visão tão estreita e distorcida foi, sem dúvida, o Sr. Fidel Castro. Nacionalista empedernido, reduziu todos os seus discursos, nesse meio século, a denunciar o nefasto imperialismo ianque, porém, nenhuma palavra é dita, nenhum apelo é dirigido aos trabalhadores, aos espoliados e oprimidos daquele país. Projeção dessa limitação política que troca a luta de classes pelo nacionalismo, vê-se nos casos de Hugo Chaves, Rafael Correia e Evo Morales que se tornaram “vanguarda” na luta pela emancipação nacional, fato louvável, porém insuficiente considerando-se os interesses emancipatórios da humanidade.

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