sexta-feira, 1 de março de 2013

Fazer Política




            Quando o sr. José Dirceu ainda não era secretário geral do Partido dos Trabalhadores, entretanto, próximo de Luís Inácio, hospedado em nossa casa dizia: “O PT precisa aprender a fazer política”, e nós concordávamos. Tínhamos em mente a afirmação do revolucionário Vladimir Lênin de que os socialistas precisavam ser políticos tão competentes como eram os políticos da burguesia. Não percebíamos que o Zé Dirceu tinha um outro entendimento, quanto ao fazer política. Para ele, fazer política era alinhavar alianças esdrúxulas com o que existia de mais podre na política brasileira.
            Foi imbuído desse conceito, que Dirceu patrocinou a elaboração da “Carta ao Povo Brasileiro”, instrumento pelo qual, assegurava ao capitalismo, que o PT seria um guardião zeloso dos interesses do sistema. Moto-contínuo, ele foi a procura do “capitão de indústria”, o sr. José Alencar e propôs que ele figurasse como candidato a vice presidência na chapa lulista.O assentimento de José Alencar em compor a citada chapa, custou ao PT, o desembolso da astronômica importância, para um partido dito dos trabalhadores, de dez milhões de reais.E assim, o fazer política do citado cidadão, revelou a opção pelo carreirismo fisiológico e transformou o PT em uma agremiação a serviço do capitalismo.
            Eleito presidente, Lula procurou cumprir as promessas feitas ao grande capital. Após uma audiência, com o então presidente dos EUA, George Bush, anunciou que seria presidente do Banco Central, uma figura da confiança dos grandes capitalistas. Anunciou que o banqueiro Henrique Meireles, assumiria essa função e essa atitude dava tranquilidade ao sistema.
            Lula respeitou os mandamentos do Plano Real e implementou uma política assistencialista, para depois convertê-la em apoio popular aos seus propósitos eleitorais. Ao mesmo tempo, ele, tendo como íntimo colaborador, o seu ministro da Casa Civil, José Dirceu, levou a cabo, um bem sucedido trabalho de cooptação e engessamento das centrais sindicais e estudantis, e não bastasse, o seu “fazer política”, tomou o caminho da cooptação de partidos e líderes parlamentares, em nome da governabilidade, praticando distribuição de propinas, que veio a lume através do escândalo do mensalão. Esse era o fazer político que Dirceu prometia pôr em prática. .

Um comentário:

  1. Ótimo texto, Gilvan. Sua lucidez é algo que deve ser usada com muito mais frequência por nós da esquerda.

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