Latifúndio
Por
conta dos mesquinhos interesses da burocracia soviética, no seu empenho em
edificar o capitalismo de Estado, por ocasião do VI Congresso da Internacional
Comunista, em 1928, o Brasil foi enquadrado na condição de país semi-colonial
que convivia com “restos feudais” no campo. A partir desse infundado
diagnóstico, foi formulada uma teoria para a revolução brasileira. Essa
revolução se daria em duas etapas. A primeira etapa seria a revolução
democrática burguesa, de perfil nacionalista e reformista, que cumpriria as
tarefas de proclamar a soberania nacional e promover, entre outras reformas, a
reforma agrária. A segunda etapa, seria a revolução socialista, sempre adiada
para as calendas gregas.
Em
nome da revolução democrática burguesa, agitava-se com veemência, a bandeira de
uma profunda reforma no campo e se acusava o latifúndio como o gerador da
maioria de nossas misérias sociais. A agitação contra o latifúndio, até resvalava
para propostas distributivas da terra em minifúndios, apresentando essa forma
de propriedade como progressista. Propunha-se então, a substituição da grande
propriedade agrária por pequenas propriedades, ou seja, propunha-se a
substituição de um proprietário, por vários e vários pequenos donatários.
A
condenação ao latifúndio atropelava o conceito real sobre ele. Latifúndio quer
dizer, grande propriedade rural e esse tipo de propriedade se coaduna com o velho escravagismo; com o feudalismo; com
o capitalismo e com toda certeza, poderá se coadunar com o socialismo, caso
esse venha se sobrepor ao exaurido sistema socioeconômico vigente. Fica claro,
pois que a questão não é o tamanho da propriedade rural e sim o caráter dela.
É
muito fácil desnudar o caráter equivocado da teoria da revolução brasileira,
formulada pela Terceira Internacional Comunista. Em tempo de imperialismo,
devemos opor ao capitalismo a revolução socialista e nunca a inviável soberania
nacional, mola propulsora de um execrável nacionalismo de tão perniciosas
influências. Por sua vez, as reformas propugnadas, tendo como espinha dorsal a
reforma agrária, se prestariam apenas a adequar à economia burguesa, no Brasil,
a uma nova etapa do seu desenvolvimento e essa não é a tarefa dos socialistas.
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