segunda-feira, 8 de setembro de 2014

Qual chicote?



Qual chicote?

A que nível deplorável de rebaixamento político chegou a nossa pretensa “esquerda”. Há anos, revogou por completo o princípio da luta de classes e de seus interesses históricos, para se confinar nos limites de escolha entre quem é o melhor para governar o capitalismo. Insistem no argumento de que existem, no Brasil, dois projetos em pugna: o projeto do mal, chamado de neoliberal e o projeto do bem, de caráter nacional-desenvolvimentista. 

Não discutem a natureza de classe do Estado e se colocam como estadistas, na presunção de que o Estado é do povo, é coisa pública, e a propriedade privada é da burguesia.

Nada mais enganoso do que essa suposição. Há muito, os grandes clássicos do socialismo revolucionário deixaram transparente que o Estado é um instrumento político de dominação de uma classe sobre o conjunto da sociedade.

O grande objetivo do movimento socialista não é a conquista do menos ruim. Não podemos ficar restritos à escolha do chicote que açoita com mais ou com menos intensidade. O fato de, em momentos dados, termos que escolher entre o ruim e o pior, não pode se constituir na bússola do nosso caminhar político; eis a verdade que nos interessa e nunca a eterna vocação em vestir a camisa do populismo, ora com o peronismo na Argentina, ora com o getulismo no Brasil, ou com o Estado paternalista de hoje, que concede migalhas às massas trabalhadoras, enquanto permite vivo e lucrativo o velho capitalismo.

Nosso propósito, reafirmamos, não é a conquista da exploração, pretensamente suportável. Nosso objetivo é suprimir, totalmente, a exploração do homem pelo homem, e isso não se dá pelo caminho gradualista, senão pela ruptura total com a ordem socioeconômica vigente, fato que só poderá ocorrer com a acumulação de forças, rumo à conquista do socialismo.

Carros, geladeiras, razoáveis padrões de consumo, os países capitalistas mais desenvolvidos souberam oferecer às suas respectivas massas de trabalhadores, logrando dois níveis de ganhos. O primeiro deles, turbinando as suas indústrias e, o segundo, cooptando os trabalhadores para o seu projeto político de manutenção do capitalismo e não é isso que devemos pretender. Não se trata, pois, de escolher, como já foi dito, o chicote; trata-se de suprimi-lo e, para tanto, torna-se necessário clareza política, determinação e coragem para desfazer as lendas que tão bem servem para a perpetuação desse sistema socioeconômico exaurido.





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