Pelegos eram chamados os
sindicalistas que se dedicavam a uma política de evitar atritos entre trabalhadores
e o patronato. O peleguismo era um sindicalismo chapa branca. Tornou-se muito
presente no governo do sr. João Goulart, com quem estabelecia o mais íntimo diálogo.
Com o golpe de Estado contrarrevolucionario, em 1964, o sindicalismo janguista
foi desmontado e sob as sombras da ditadura instalou-se um sindicalismo
desfigurado.
Já em 1978, inicia-se um
processo grevista, particularmente no ABC paulista, que traz no seu bojo a
proposta de um novo sindicalismo. A palavra de ordem era desmontar o peleguismo
e afugentá-los das hostes sindicais. Essa proposta teve repercussão no seio das
classes trabalhadoras, o que ensejou a criação da Central Única dos
Trabalhadores. Naquele momento, a criação da CUT representava um episódio
alvissareiro. Pretendia-se haver sepultado o sindicalismo chapa branca para, em
seu lugar, colocar-se um sindicalismo à altura dos anseios legítimos das classes
laboriais.
O andar da carruagem, porém,
levou a que o irmão siamês da CUT, no caso o Partido dos Trabalhadores,
conseguisse, em estreita aliança com o patronato, na chapa Lula da Silva e José
Alencar, chegar à presidência da Republica em 2002.
Em uma aliança, capital e
trabalho, um dos dois haveria de sobrepor-se e o que se teve foi a sobreposição
dos interesses do capital sobre os do trabalho. Essa política de capitulação
levada a cabo pelo PT e o PCdoB seria inexequível, caso a mudança de foco do PT
não fosse acompanhada de uma mudança similar na CUT. O governo petista
necessitava de um sindicalismo chapa branca, um sindicalismo governista pronto
a resguardar os encaminhamentos do novo governo dentro dos interesses do sistema
vigente.
Dessa forma, em lugar do
velho peleguismo, instalou-se o neopeleguismo, hoje representando não só pela
CUT, mas por outras centrais sindicais incluindo-se nesse vil papel a UNE e a
UBES, tuteladas pelo PCdoB. Trata-se de uma situação adversa, e desconstruí-la
é um dever de todos nós que pretendemos a superação do atual sistema
socioeconômico e a construção de uma nova ordem econômica e social.
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