O velho PCB costumava criar euforias
em torno de alguns fatos. O nutrólogo Josué de Castro tornou-se festejado por
pessoas de esquerda, por conta de sua obra maior, “Geografia da Fome”. Agitando
discursos apaixonados, ele denunciava a fome, mas não dizia a verdadeira causa
dessa chaga social, recorria a afirmações que pecavam pelos equívocos.
Em se tratando do Brasil, o
PCB dizia que a fome e outras mazelas sociais, decorriam da presença de restos
feudais e da exploração ianque e, assim sendo, deveríamos implementar uma
política que erradicasse os “restos feudais” ao mesmo tempo que viabilizasse
uma política de “libertação nacional”.
Ora, a verdade é que no
Brasil nunca existiu o feudalismo e assim não poderiam existir restos feudais.
O descobrimento e a colonização do Brasil, se deram sob os auspícios do
capitalismo mercantilista e os engenhos, base da colonização. Eram
empreendimentos que nada tinham de feudal, pois presumia a existência de capital
acumulado, capaz de levar avante um custoso projeto de construção de uma indústria
açucareira voltada para a exportação.
Por seu lado, o Brasil sempre
foi dependente. Primeiro de Portugal, depois do imperialismo inglês e, por fim,
tributário das grandes corporações. Propor a soberania nacional em época de
imperialismo, é um total engano, sobretudo hoje, em época de “globalização”,
quando reina a dominação do capital transnacional.
Diante desses fatos,
observamos que a grande denúncia da fome, não associava esse flagelo a sua
verdadeira causa, a vigência do capitalismo. Lutar contra essa chaga social e
tantas outras mazelas, deveria ter como bandeira a luta anticapitalista e a
esse patamar não ia o ilustre sr. Josué de Castro e, muito menos o PCB, que se
limitava, por orientação de Moscou, a pugnar por um programa nacional
reformista, e isso representava uma verdadeira tragédia política na medida em
que, a citada agremiação, gozava de ampla hegemonia nas hostes do movimento
popular enquanto empunhava uma postulação política tão equivocada.
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