terça-feira, 24 de janeiro de 2012

BANCO PALMAS


            Num bairro da periferia de Fortaleza, que se caracteriza pela presença de uma população carente, surgiu a proposta de organizar um Banco Popular, que se prestasse a socorrer pessoas em estado de necessidade, efetuando empréstimos a juros baixíssimos.  A ideia prosperou e mereceu o apoio e os aplausos da população em geral e a boa vontade das entidades filantrópicas. Na verdade a iniciativa é digna de aplausos, mas é necessário procurar situar a sua natureza. Trata-se de uma ação de resistência à miséria que é produzida pelo sistema capitalista.
            Buscando diminuir o sofrimento, o citado Banco não deixa de prestar um grande serviço ao próprio capitalismo, quando atenua situações de sofrimento da população excluída ou à beira disso.
            Não se trata de uma organização que tenha por objetivo a denúncia necessária contra o capitalismo. Trata-se de uma atitude que tendo por objetivo servir a esse próprio sistema merece os afagos de grandes instituições como o BNB, a UFC, e outras instituições do mesmo naipe. Até setores progressistas, ao invés de ver na experiência apenas uma iniciativa de resistência, chegam a imaginar que se trata de uma experiência de caráter mais avançado. Isso porque a maioria das pessoas confunde obras sociais com socialismo. Ora, as obras sociais são aquelas voltadas para a população, especialmente a população carente sem, contudo, ultrapassar os limites do sistema vigente. Enquanto isso, o socialismo propriamente dito, é um projeto de transformação radical da sociedade e isso faz a diferença.
            É justamente pelo caráter estritamente de resistência que essas iniciativas merecem os nossos aplausos, mas merecem também a nossa advertência de que tais atitudes, se não avançarem rumo à denúncia e à oposição ao sistema capitalista, que é a causa de seus sofrimentos, estaremos aplaudindo uma iniciativa que, em última instância, faz a alegria da burguesia na medida em que acalenta os desafortunados, evitando que sua possível indignação venha à tona e coloque em risco os seus interesses. 

Um comentário:

  1. Gilvan Rocha chegou onde qualquer socialista gostaria, quer pelo conhecimento ou pela nobreza do seu inabalável caráter.Que tal, o PSOL convidá-lo para conselheiro geral!

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