sexta-feira, 23 de abril de 2010

Sono Tranqüilo

A depender dessa esquerda convencional da qual fazem parte o PT, o PC do B e similares, a burguesia pode dormir o seu sono tranqüilo. Primeiro ela não é explicitamente anticapitalista, nem na teoria e muito menos na prática. Na melhor das hipóteses diríamos que essa esquerda convencional é de caráter evolucionário.
Acreditam a maioria e fingi acreditar os vivaldinos, que delas se locupletam que de “vitoria em vitoria” alcançaram o grande objetivo de termos uma sociedade sem a exploração do homem pelo homem e que respeito a natureza.
Ora, tem-se fartamente demonstrado que o socialismo evolucionário nos leva a sucessivos desastres, pois é sabido que a burguesia quando dá com uma mão tira muito mais com a outra e que não poderemos conquistar uma sociedade igualitária sem que haja rupturas. Comecemos por lembrar que a serviço da desigualdade existe o poder de Estado que é um conjunto de instituições e aparatos que servem para a manutenção chamada ordem capitalista. Temos dito e repetido, que governo é apenas governo e que o poder é coisa bem distinta. Conquistar governos, não significa conquistar o poder. E quando acontece dos governos conflitarem com o poder, estes depõem o governo, o põem fora. A história é rica de exemplos. A começar pelo governo do senhor João Goulart, no Brasil; o governo do Salvador Allende, no Chile; o governo de Sukarno, na Indonésia; de Juan Torres, na Bolívia e por aí seguem os exemplos contundentes que essa própria esquerda evolucionária, na sua credulidade ou no seu oportunismo preferem calar.
Enquanto isso, a pretensa esquerda revolucionaria, praticamente se abstém de fazer uma campanha eficaz para impopulariza realmente o capitalismo. Esquece que o povo é a única força capaz derrotar esse sistema e que, para tanto, é necessário que ele, o povo, tenha consciência do seu real inimigo. Tivemos o exemplo do PSTU, por anos a fio agitou a bandeira do “Fora ALCA e o FMI”, que o governo Lula tratou de esvaziar completamente, deixando esse partido, presumidamente revolucionário, sem nenhum discurso.

2 comentários:

  1. “Getúlio é um ditador, patife e corrupto.”

    “Mas, Dr. Assis, não posso dizer isso do Presidente.”

    “Então, escreve aí: Getúlio é um grande patriota, dos maiores de nossa história.”

    Este diálogo, mais ou menos reproduzido, é descrito por Samuel Wainer em suas memórias, a propósito do cinismo dos poderosos. Chateaubriand vai de um extremo a outro, numa ilustração perfeita, como dá pra se ver.
    O jogo político é duro, pesado, prático – o que não se confunde com pragmatismo.
    O caro blogueiro sabe da tática de infiltração, pela qual se apóia um ditador populista, pela possibilidade de se ter acesso ao interior do aparelho de Estado, a fim de se miná-lo e inutilizá-lo, por dentro.
    O caro blogueiro também sabe das críticas de Marx aos líderes da Comuna de Paris. Se a grande lição que tira foi que a revolução não pode aproveitar a máquina burguesa, mas, sim destruí-la e, no seu lugar, construir uma nova, revolucionária, socialista, como, de resto, esboçou a Comuna, ao acabar com tripartição clássica do poder de Montesquieu e organizar um comitê central a um só tempo administrativo, legislativo e judiciário; se esta foi a grande lição, Marx aponta os seus erros dramáticos: o escrúpulo pequeno-burguês de não ter se apropriado dos valores depositados no banco de Paris, o que obrigaria a burguesia francesa a pensar duas vezes e a negociar com a Comuna, e a vacilação de não ter marchado sobre versalhes e destruído os escombros reacionários do governo de Thiers.
    Não foi à toa que iniciei este comentário com o cinismo dos poderosos. Foi justo para dizer que não acredito numa esquerda tão ingênua, que não conheça as vinculações históricas de nossa burguesia, nada nacionalista ao estilo próprio burguês de diluição das contradições e desde sempre “contaminada” pelo imperialismo, conforme já a descrevera Caio Prado Jr, em “A Revolução brasileira”.
    Em português claro: não se trata de “socialismo evolucionário”. Não se acredita nisso. Trata-se de condições objetivas disponíveis: é possivel alcançar o poder via revolução?
    Na ausência da resposta certa, a correlação de forças mais apta certamente não é a do PSOL, tampouco a candidatura de Plínio. Como enfrentariam as forças de sustentação do cinismo que expus acima?

    Um abraço
    Antônio Máximo / desenhista e estudante veterano (de idade) de História / UERJ
    www.vilaisabel28.bolgspot.com.

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  2. “Getúlio é um ditador, patife e corrupto.”

    “Mas, Dr. Assis, não posso dizer isso do Presidente.”

    “Então, escreve aí: Getúlio é um grande patriota, dos maiores de nossa história.”

    Este diálogo, mais ou menos reproduzido, é descrito por Samuel Wainer em suas memórias, a propósito do cinismo dos poderosos. Chateaubriand vai de um extremo a outro, numa ilustração perfeita, como dá pra se ver.
    O jogo político é duro, pesado, prático – o que não se confunde com pragmatismo.
    O caro blogueiro sabe da tática de infiltração, pela qual se apóia um ditador populista, pela possibilidade de se ter acesso ao interior do aparelho de Estado, a fim de se miná-lo e inutilizá-lo, por dentro.
    O caro blogueiro também sabe das críticas de Marx aos líderes da Comuna de Paris. Se a grande lição que tira foi que a revolução não pode aproveitar a máquina burguesa, mas, sim destruí-la e, no seu lugar, construir uma nova, revolucionária, socialista, como, de resto, esboçou a Comuna, ao acabar com tripartição clássica do poder de Montesquieu e organizar um comitê central a um só tempo administrativo, legislativo e judiciário; se esta foi a grande lição, Marx aponta os seus erros dramáticos: o escrúpulo pequeno-burguês de não ter se apropriado dos valores depositados no banco de Paris, o que obrigaria a burguesia francesa a pensar duas vezes e a negociar com a Comuna, e a vacilação de não ter marchado sobre versalhes e destruído os escombros reacionários do governo de Thiers.
    Não foi à toa que iniciei este comentário com o cinismo dos poderosos. Foi justo para dizer que não acredito numa esquerda tão ingênua, que não conheça as vinculações históricas de nossa burguesia, nada nacionalista ao estilo próprio burguês de diluição das contradições e desde sempre “contaminada” pelo imperialismo, conforme já a descrevera Caio Prado Jr, em “A Revolução brasileira”.
    Em português claro: não se trata de “socialismo evolucionário”. Não se acredita nisso. Trata-se de condições objetivas disponíveis: é possivel alcançar o poder via revolução?
    Na ausência da resposta certa, a correlação de forças mais apta certamente não é a do PSOL, tampouco a candidatura de Plínio. Como enfrentariam as forças de sustentação do cinismo que expus acima?

    Um abraço
    Antônio Máximo / desenhista e estudante veterano (de idade) de História / UERJ
    www.vilaisabel28.bolgspot.com.

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