terça-feira, 7 de setembro de 2010

“Coisa mais importante”

Falava com uma jovem militante de nossa esquerda. Cobrava dela sua leitura e ela, então, respondeu que estava lendo o livro de Eduardo Galeano: As veias Abertas da América Latina. Evidentemente que se trata de uma obra muito lida nos meios da esquerda convencional. Em um livro de leitura fácil, Galeano limita-se a nos transmitir um pensamento pesaroso diante da sangria da América Latina colonizada.
Primeiro, foram os espanhóis e portugueses a nos tirar o ouro e a prata. Depois, foi o velho Império Inglês a nos sugar as entranhas. Por fim, estabeleceu-se o Império do Norte e mais recentemente as diversas corporações nos impingindo desatada sangria. Essa denúncia leva-nos a um compreensivo sentimento de revolta calcado no nacionalismo, não compreendendo que essa é a trajetória do desenvolvimento capitalista e que o nacionalismo tornou-se uma bandeira completamente inviável em tempos de imperialismo. Isso para não falar que essa abordagem nos faz imaginar que a contradição fundamental da sociedade é: nações opressoras versus nações oprimidas. Escamoteando a verdadeira contradição: classe opressora versus classe oprimida.
Quando cobrei, da aludida jovem, a leitura do livro Revolução Russa, ela respondeu que não havia lido, pois tinha “coisa mais importante” para ler. Ora é totalmente impossível para um militante socialista orientar, corretamente, seus passos sem conhecer a história do socialismo, particularmente, a história da Revolução Russa de forma profunda.
Existe uma diferença conceitual entre o que é importante e o que é politicamente fundamental.

2 comentários:

  1. A boa leitura é fundamental para as pessoas em geral, principalmente para os socialistas. Sem o conhecimento através da leitura, os equívocos serão inevitáveis. Essa jovem deveria agradecer ao amigo. Alias, o Gilvan é um dos poucos no Ceará que tem conhecimento dos caminhos do marxismo. Acho que faltou um pouco de humildade a mencionada jovem.

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  2. O habito da leitura teria mais eficácia se fosse institucionalizada. Os governantes ou não querem ou não tem coragem de falar o seguinte: Temos que priorizar o ensino médio e fundamental. Tratam apenas do ensino Superior em virtude da classe média ser mais politizada. Se fossem criados Centros Educacionais publicos para todos as crianças com acompanhamento de professores bem pagos, Assistentes Sociais, Psicólogos em todas as escolas Públicas onde a criança entraria das 7:00 as 18:00h.Encontraria, alem da merenda e almoço, musica, dança,jogos,natação, ginástica, incentivo a leitura Etc. A religião ficaria por conta dos pais. Quem sabe, não teríamos jovem militante Socialista, desprezado leitura indispensável para seu conhecimento.

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