sexta-feira, 4 de novembro de 2011

TECNOCRACIA



            No governo exercido pelos militares para defender os interesses da burguesia, uma corrente liderada pelo Delfim Neto, dizia que se deviam afastar os políticos de carreira e instalar quadros aptos, técnicos-cientificamentes. No olhar dessa gente, os problemas sociais, deveriam ser tratados por pessoas aptas para a tarefa específica que pretendíamos. Exemplo: tem-se o problema da malha viária, então busca-se alguém dotado de conhecimento especial para resolver essa questão. Fosse o problema de natureza agrária, se buscaria alguém apto a resolvê-lo. Com muito rigor seriam escolhidos verdadeiros “gênios” no trato das questões econômicas e financeiras.
            Dessa maneira, atingir-se-ia dois objetivos: um, era se livrar dos politiqueiros; outro, era pôr em lugar desses, uma legião de técnicos e cientistas. Assim, estaria posta uma sólida tecnocracia dotada de competência, honestidade e dedicação, uma vez que esses tecnocratas escolhidos “livremente” pelas pontas das baionetas tinham “amor” e zelo à causa capitalista.     
            Os “socialistas”, que propagavam um mundo capitalista decadente e um mundo socialistas ascendente, ficaram sem discurso diante da queda do muro de Berlim. No vazio, floresceu o “marxismo legal” transitando pelas dependências das academias, recebendo seus pecúlios e privilégios.
            Formaram-se grupos em torno da disputa por vantagens e, raramente, por razão de diferenças teóricas. Não escrevem eles para o vulgo, a quem abomina. Estão sempre voltados para os seus umbigos.
            Assim, vem se comportando a velha esquerda, particularmente os trotskistas. Não lhe importa o acúmulo conquistado por alguém nas suas andanças, embates, leituras e polêmicas. O que importa é o nível de qualificação acadêmica. O assunto é transporte? Busque-se entre os doutos e eles derramarão várias teorias que deveriam ser praticadas pelos diferentes governos. Não proclamam a necessidade de um novo sistema sócio-econômico. Propõe apenas governos de perfis tecnocráticos, livres da gentalha dos políticos gatunos e dessa forma os capitalistas ver-se-iam livres do alto custo que representa as propinas desembolsadas na forma de corrupção.

2 comentários:

  1. Infelizmente não temos espaço para o debate político seja nos movimentos, sindicatos ou partidos porque somos pautados pela agenda e regime do capitalismo. O valor de um militante para a esquerda não é a ideia que defende, mas o número de votos nas disputas internas e eleições burguesas como também o título acadêmico que possuem. Quem não têm títulos acadêmicos termina sendo excluídos dos debates, pois só lhe restam três minutinhos de intervenção enquanto para os doutores o tempo é largo.

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  2. i.g.cavalcante50@hotmail.com5 de novembro de 2011 às 16:03

    A esquerda é dotada de um robusto preconceito cultural. Você tendo um diploma, mesmo que eventualmente esse diploma tenha sido adquirido de maneira não merecedora, mesmo assim, você é bem visto nas rodinhas e discussões dos festivais de besteiras, feita pela esquerda festiva e discurso vazio. Os grandes temas que deveria ser incluído em pauta, ficam à margem. A burguesia se delicia dos “inimigos” de plantão, ontem e hoje, se levarmos em consideração os 90 anos de stalinismo. A burguesia sabe, e sabe muito bem, quem são seus inimigos no campo ideológico.

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