As
academias têm produzido, em escala quase industrial, legiões de “cientistas
políticos”. Caberia a eles desvendar os enigmas da nossa vida social e aclarar
as questões pertinentes ao constante jogo de poder. Ora, não é possível que essa
tarefa possa ser equacionada e resolvida a partir das academias burguesas, pois
desvendar as causas de nossos problemas, implica em constatar que as mazelas
sociais e os imbróglios políticos têm como pano de fundo o capitalismo.
Decorrente desse fato, o trato dessas questões, tenderia em levar a uma postura
revolucionária, anticapitalista, e isso jamais poderia ser patrocinado pelo
próprio sistema.
As
escolas têm duas tarefas a cumprir. A primeira é a de qualificar mão de obra
para o mercado. A segunda, é a de consolidar a ideologia das classes dominantes,
dando-lhes respaldo por conta do prestígio decorrente das titulações do tipo:
bacharel, mestre, doutor, pós-doutor...
Diante
disso, rejeitamos, a ideia de que possa o saber oficial, produzir um conhecimento
que leve à contestação do próprio sistema capitalista. É em função dessa
impossibilidade real dos “cientistas políticos”, forjados pelas academias
burguesas, de empreender um trabalho que nos leve a situar as causas dos males
sociais e os caminhos pelos quais devemos trilhar para superá-los, é que
clamamos pelo restabelecimento do livre debate e da reflexão necessária para
nos trazer a lucidez política no encaminhamento de nossas tarefas e isso não
haverá de se dar sob a permissão e o patrocínio da burguesia.
Por
conta da natural confusão e da ineficiência dos chamados “cientistas políticos”
é que vemos esses senhores revelarem-se incapazes de perceber as diferenças
entre governo e poder, redundando em sua incompreensão, formulações políticas
das mais desastrosas consequências.
Outro
obstáculo que se coloca para os discípulos da academia burguesa é compreender o
caráter de classe do Estado. Isso redunda, também, em posições desastrosas
tanto na percepção da realidade política, como na proposição dos
encaminhamentos. Em suma, poderíamos dizer: há uma total impossibilidade de um
aparelho político e ideológico da burguesia, como é a academia, fornecer um
conhecimento em contraposição ao próprio sistema.
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