sexta-feira, 15 de outubro de 2010

Em defesa da vida

Está em andamento a discussão sobre o aborto. Infelizmente ela não transcorre de modo honesto. Criam-se movimentos que levantam a bandeira de defesa da vida, insinuando, maldosamente, que quem se coloca pela legalização do aborto estaria atentando contra a existência humana. Ora, ninguém em sã consciência, poderia se colocar contra a vida. Em princípio somos todos contra o aborto, como somos contrários à amputação de uma perna ou de um braço. A questão, portanto, não é dividir a opinião pública em duas grandes correntes: os que são a favor da vida e os que atentam contra ela. Esse dilema é falso, é desonesto e não seria, a rigor, tão cristão, pois escamoteia a verdade.
Quando se defende o aborto assistido, pretende-se evitar a hipocrisia e defender a vida de milhares de mulheres pobres que, por várias razões, são levadas a esse extremo. Legalizar o aborto é evitar a carnificina que se pratica diuturnamente contra a mulher desprovida de recursos, quando são submetidas a incursões nada profissionais dos charlatães do ofício. É, sim, uma atitude humanitária que se quer levar a cabo superando a hipocrisia reinante por conta de uma cultura que, há milênios, está a serviço do atraso, do obscurantismo e da injustiça social. Caso na verdade esses senhores e piedosas senhoras, que se arvoram defensores da vida, quisessem realmente lutar por ela, deveriam serrar fileiras na luta explícita contra o capitalismo, esse, sim, destruidor de vidas. Mas como o problema é esse, nenhum protesto, nenhum murmúrio. Aliás, a nossa milenar cultura se omite diante da questão maior e desvia as atenções para os efeitos, escamoteando as causas e investindo na salvação de suas almas. Diante da fome, organiza-se uma sopinha. Diante do frio, faz-se uma campanha pelo cobertor. Diante das drogas, salvam-se uns poucos através da dança, da música, do trabalho manual e das orações. Termina-se praticando o varejo, quando necessitamos combater no atacado, denunciando o capitalismo.

2 comentários:

  1. Por que recomendar Dilma também? Saímos do PT em função dos desmandos, corrupção, desvio de conduta e princípios, envolvimento com mensalões, traição ao socialismo,convivência com corruptos e corruptores, criticamos a candidata do PT, denunciamos as mazelas, e agora recomendar voto pra Dilma? O PSOL, deveria recomendar o voto nulo ou deixar os filiados e simpatizantes a vontade,nunca recomendar voto a uma pessoa totalmente comprometida com a corrupção, isso é o que podemos dizer, o PSOL pisou na bola. Por que recomendar Dilma? Nesse caso, por que votamos em Plínio de Arruda Sampaio no primeiro turno? Ficou parecendo uma espécie de saudosismo, corroboração com as falcatruas e as arrogâncias do PT,não pegou bem.

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  2. Apenas para concluir nosso raciocínio a respeito da posição do PSOL. O que consegui extrair dessa posição do PSOL, foi o seguinte: A ESQUERDA ESTÁ SIMPLESMENTE FALIDA!...

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