segunda-feira, 11 de outubro de 2010

Qual diferença?

Assisti atentamente ao debate pela TV Bandeirantes entre os candidatos Dilma Rousseff e José Serra à Presidência da República. Não vi a menor diferença entre os dois discursos. Ambos defendem, de forma exacerbada, o continuísmo cuja matriz é o Plano Real implantado pelo presidente Itamar Franco em 1994. Essa política econômico-financeira tem como tripé o controle rigoroso da inflação, o câmbio flutuante e o superávit primário. Para os citados candidatos não existem classes e camadas sociais com interesses conflitantes e até antagônicos. Para eles, fiéis políticos do sistema, existe, tão somente, o Brasil, e tentam passar a idéia de que os interesses “brasileiros” são interesses de todos, como dizia a propaganda lulista: “Brasil, um país de todos”. Ora, esses discursos tem por objetivo escamotear o fato de que a sociedade é divida em classes com interesses diametralmente opostos e inconciliáveis. O tão zelosamente cultivado, pela burguesia, sentimento patriótico, é uma completa fraude. Tentam, com êxito, esconder do povo que as terras, as minas, as fábricas, os bancos, os transportes, o grande comércio são propriedades da classe burguesa e não de todos os brasileiros. Desmascarar esse discurso é dever de uma verdadeira esquerda, de uma esquerda cujo eixo seja a denúncia sistemática do capitalismo como gerador da desigualdade e das inúmeras mazelas sociais. Porém, é triste registrar que essa verdadeira esquerda representa uma fração diminuta no cenário político e o que predomina é a esquerda direitosa, que há muito renunciou à luta anticapitalista para se transformar em muleta de sustentação de um capitalismo exaurido e predatório. Temos, assim, nesse segundo turno, uma direita versus direita e cabe a nós discutir do ponto de vista tático, entre o ruim e o pior. Mas temos que levar a cabo uma análise política desprovida de preconceitos e escrúpulos e isso não quer dizer que, ao final da discussão venhamos considerar ser a postura mais consequente o voto nulo. Não cabe cercear a discussão e sim, torná-la livre.

2 comentários:

  1. Vou anular o meu voto outra vez.

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  2. Eu vou anular tambem, não vale a pena arriscar, pois os dois projetos são iguaiszinhos na forma no conteúdo. que pena que o PT traiu seus principios.

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