sexta-feira, 15 de julho de 2011

Rasga Trapo


O nome dele era realmente José Benedito da Silva. Não sabemos porque ele recebeu esse apelido de Rasga Trapo. A verdade é que quase por toda vida não foi chamado pelo seu verdadeiro nome. Isso, porém, é de pouca importância, o fato é que Rasga Trapo celebrizou-se por sua coragem física. Não era perverso. Era destemido, temerário. Muitos foram os episódios de sua vida em que a coragem quase suicida foi posta a prova. Entretanto, Rasga Trapo tremia de medo de assombração. Temia qualquer fantasma dos muitos que povoavam sua mente. Pouco adiantava, ou melhor, era inútil dizer para aquele homem que fantasmas não existiam e que, na absurda hipótese de existir, ele era incapaz de promover qualquer tipo de agressão além de assustar pessoas. Rasga Trapo continuava irredutível. Enfrentava um batalhão, mas fugia de qualquer presumido fantasminha.



Há uma semelhança extraordinária entre Rasga Trapo e grande parte de nossa esquerda. Esta, em diversos momentos, enfrentou heroicamente os esbirros e torturadores do sistema, embora, negasse em desfazer-se das crendices impostas pela burguesia. Mostram-se incapazes de encarar as inúmeras inverdades construídas pelo sistema vigente cuja característica é a divisão da sociedade em classes e camadas sociais.



Ora, uma sociedade que impõe uma cruel desigualdade que castiga uma imensa maioria não poderia manter- se de pé não fosse a construção e manutenção desse imenso Império da Mentira. Ele contém as mais descabidas cretinices que vão desde a popular condenação da cobiça à sofisticada propalação de um chamado Estado de direito tão festejado pelos bacharéis e políticos da burguesia.



Temos repetido que o Estado é um instrumento de classe. Ele existe para impor os interesses de uma classe sobre outra. Assim sendo, o Estado burguês não passa de um estado de direita, essa é uma das verdades que devia ser encarada pelas esquerdas ditas socialistas ou comunistas. Essa coragem, porém, tem faltado e assim como Rasga Trapo essa esquerda continua cultivando fantasmas.

Um comentário:

  1. i.g.cavalcante50@hotmail.com15 de julho de 2011 às 15:50

    Tenho visto os artigos do Gilvan no seu blog, como seria nossa esquerda sem Gilvan Rocha? Compreendemos que existe o processo dialético, todavia, seria um golpe muito grande e uma lacuna difícil de ser preenchida a falta de um companheiro socialista com o perfil do Gilvan. Às grandes questões do socialismo a esquerda convencional não está levando ao lavrador, operário, servidor público, estudantes e o povo em geral, quando chega, isto ocorre de forma distorcida e equivocada. Já é hora dos socialistas verdadeiros, contribuírem para emancipação da classe trabalhadora.

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