quarta-feira, 26 de novembro de 2014

Cientista Político


            Como podemos considerar alguém como cientista político, caso ele não parta do princípio de que o advento da propriedade privada é a pedra angular para que se entenda a vida social e política, hoje?
            Como podemos aceitar alguém que se diga cientista político, mas não veja o fato da propriedade privada ser um produto histórico e não decorrência da truculência, do egoísmo ou esperteza de alguns?
            Como podemos acatar alguém, como cientista político, se ele não reconhecer o caráter de classe do Estado? E ainda, se ele não tiver clareza de que o poder político, o Estado, não existia, na sociedade humana, durante centenas de milhares de anos, que precederam a divisão da sociedade em classes e camadas sociais?
            Como podemos consentir que sejam sábios da ciência política aqueles senhores que não distinguem a diferença substancial entre poder e governo?
            Como a academia burguesa, instituição que tem como objetivo cumprir duas missões: Produzir mão de obra qualificada para o mercado capitalista e aprofundar, consolidar e legitimar a ideologia desse sistema socioeconômico, poderia permitir uma formação revolucionária?
            Como podem alguns presumidos cientistas reivindicarem-se marxistas, graças à “generosidade” da burguesia que os acolhe e os financia, para que ofereçam a perspectiva de um socialismo emasculado, de sabor burguês?
            Como pode alguém se arvorar de cientista político sem constatar que o capitalismo, revolucionário nos seus primórdios, entrou em acelerado processo de exaustão, nos colocando diante do dilema: Socialismo ou a tragédia total?
            Não é a ciência política, gestada e desenvolvida fora do âmbito das academias burguesas, o conhecimento que nos orienta rumo à superação do capitalismo?            Em outras palavras, não é o marxismo o único instrumento que nos fornece os princípios do socialismo revolucionário?
            Enfim, por que os bem remunerados e prestigiados pela ordem socioeconômica vigente, aqueles que têm o “marxismo” como profissão e os olhos vesgos voltados para subjetividade, não se prestando a lançar luz que sirva a uma militância real e consequente, devem ser aceitos, por nós, como cientistas políticos?
            Seria a academia burguesa, tão ingênua, ao ponto de permitir que, do seu seio, brote o conhecimento necessário a elucidação dos “enigmas” sociais e políticos, que turvam a nossa visão, criam densas nuvens de fumaça para que não enxerguemos as verdades de nossa realidade social e política?
            Sempre é hora de refletir, hora de questionar, e esse tema, cremos, ser de grande relevância para aqueles que buscam livrar-se da pasmaceira político-ideológica que os longos anos de hegemonia stalinista, em conluio com a direita explícita, nos impôs.


Nenhum comentário:

Postar um comentário