sexta-feira, 21 de novembro de 2014

“Os grotões”


Nos anos da ditadura, existiam dois partidos: ARENA e o MDB. O primeiro representava os golpistas mais conservadores. O segundo reunia os que achavam que o Estado de Exceção havia cumprido a sua missão de afastar o “perigo vermelho” e que era hora de reinstalar o “Estado Democrático de Direito”.
Houve um momento em que o MDB batia a ARENA governista nos grandes centros urbanos, mas perdia nos “grotões”, especialmente no nordeste. Diante desse fato, o político Tancredo Neves, afirmou que a ARENA era o partido dos grotões, onde existia menor nível de informação e de independência, enquanto prevalecia o maior grau de controle do coronelismo.
Hoje, alguns repetem o argumento de que o nordeste dá sustentação ao PT e seus aliados como: Sarney, Temer, Barbalho, Calheiros, Collor, Maluf... Existem os que acusam o PT de usar uma imensa compra institucionalizada de votos através do Bolsa Família, transformada em grande reduto eleitoral.
Não se pode negar a vulnerabilidade de uma população carente, na linha do desespero. Marx, no Manifesto Comunista, referia-se aos excluídos, ao lupem, dizendo que sua precariedade levava a que eles pudessem se vender em troca de um prato de lentilha (feijão). Não obstante a procedência desse argumento, não podemos dar guarida às manifestações fascistas que, abstraindo as condições de vida da população nordestina, resvalem para o racismo, querendo imputar a eles a condição de sub-raça.
Entretanto, por conta desse nosso justo repúdio, não podemos deixar de ver que a vulnerabilidade política dos contingentes mais necessitados pode tornar esse público alvo fácil da chantagem e do terror, tão vastamente praticado pelo petismo, sem que essa constatação se preste a legitimar a outra ala da burguesia, pronta a patrocinar políticas comprometidas com o sistema.
A reflexão isenta, é a forma mais consequente para analisar as eleições de 2014. Afinal, nós nos posicionamos: “nem petralhas, nem tucanalhas”, somente o povo consciente poderá nos levar ao caminho da emancipação.


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