terça-feira, 5 de abril de 2011

Enxugar gelo



Existe uma expressão popular, “enxugar gelo”, quando se diz que uma pessoa se empenha em fazer algo impossível. A toda hora, vemos pela grande imprensa, especialmente pela televisão, exemplos de iniciativas com o objetivo, por exemplo, de retirar da rua o menor abandonado, eliminar a prostituição, evitar o uso das drogas e outras iniciativas.

Aqui, é apresentada uma “Banda de lata” em que uma centena de adolescentes está organizada em torno de um conjunto musical, e com essa iniciativa, pretende-se dizer que foi retirado das ruas esse número “significativo” de jovens expostos às garras das drogas. Ali, é apresentada uma comunidade de jovens praticando artesanato e, com isso, garantindo renda e evitando que algumas jovens sejam empurradas, pelas necessidades e outras pressões e terminem se lançando na prostituição. Em outro recanto é apresentado um Grupo de Capoeira e pretende-se que, com essa dança, outros tantos jovens sejam afastados da violência urbana. E assim, poderíamos levantar uma vasta lista de iniciativas positivas, enquanto atitudes de resistência à sanha destruidora do capitalismo.

Porém, o grade pecado reside no fato de que esses e tantos outros projetos, são organizados e levados à prática com o intuito de tornar o capitalismo humanizado, um capitalismo palatável. Mas, não são somente essas incontáveis iniciativas populares que pretendem transformar um capitalismo selvagem em um pretenso capitalismo civilizado. Várias iniciativas, nesse mesmo sentido, ou seja, no sentido de viabilizar o capitalismo, são tomadas pelo governo com inúmeros programas assistenciais e isso não passa de uma fraude política, má fé por parte de alguns, ou uma dose cavalar de ingenuidade, nos que, bem intencionados, buscam o caminho da construção de um mundo onde possa imperar a igualdade, portanto, a paz e a justiça, o que quer dizer um mundo liberto das garras desse sistema.

Essas práticas, além de enganosas, não passam do exercício de enxugar gelo, pois o sistema vigente permanecerá na sua marcha destruidora da vida.

Um comentário:

  1. interessante...porém, acredito que mudando aqui e acolá a vivência e evoluindo o pensamento dos envolvidos, vai-se construindo uma nova mentalidade, de maneira progressiva e crescente, mais e mais pessoas capazes de questionar e enxergar a sujeira que a escuridão anterior não permitia ver. Além, disso, pensando no indivíduo, no ser humano e não em uma massa despersonalizada, aquele sofre e tem carências... seu sofrimento não espera e não questiona de onde vem a ajuda. Ele é urgente... por isso, tais práticas não são enganosas (a não ser que não sejam realmente realizadas).

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