sexta-feira, 12 de agosto de 2011

REVOLTA E REVOLUÇÃO





Temos assistido a várias revoltas mundo a fora. Em 2005, foram os imigrantes na França que se rebelaram, incendiando veículos e confrontando-se com a polícia. No Oriente, processaram-se movimentos de revolta em alguns países, e elas foram batizadas como a “primavera do mundo árabe”. Essas revoltas têm demonstrado muito vigor e custado muitas vidas, particularmente na Líbia e na Síria. Esses movimentos são expressão de indignação dos excluídos por um sistema que não traz nenhuma perspectiva de melhores dias para os revoltados.

Observe-se, porém, que esses movimentos não revelam projetos políticos de maiores mudanças, dão apenas vazão ao seu inconformismo. Partidos e movimentos de esquerda, quando existem, não se apresentam como canais de expressão política, como foi no caso da França. No caso dos países árabes os revoltosos sequer têm uma proposta clara, mesmo que de natureza democrática burguesa, reclamando a deposição dos seus governos, a conclamação de uma assembléia nacional constituinte e a garantia do exercício político em liberdade. Na Inglaterra, em Londres, esses acontecimentos se deram tendo o mesmo caráter despolitizado.

Tais fatos servem para demonstrar a radical diferença entre revoltas e revoluções. As revoltas, regra geral, expressam insatisfações, mas não trazem em seu bojo propostas de natureza política. As revoluções representam o desejo dos explorados em transformar a sociedade, sepultar o modelo vigente e implantar uma nova ordem que lhes garanta justiça e paz. Dito de outra forma: a revolta é despolitizada e a revolução é essencialmente um ato político.

Nesses múltiplos momentos de agitação, um deles foge ao carimbo de simples revolta, como no caso das manifestações no Chile, quando as massas estudantis, irmanadas com segmentos da população, levantam-se contra o governo ultra-direitista propondo uma reforma na educação que venha ao encontro dos interesses da população estudantil e da sociedade como um todo. No Chile a revolta tem um caráter revolucionário, e isso é fundamental.

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