quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013

O Executivo executa




            Segundo os iluministas franceses, as repúblicas democráticas burguesas devem fazer o exercício do poder, através do Legislativo, Executivo e Judiciário. Dessa forma, se alicerça o Estado, que tem, no capitalismo, por objetivo, a manutenção dos interesses da burguesia.
            Tratemos do Executivo, no sistema capitalista. Como o nome denuncia, o Executivo, tanto na esfera, federal, estadual e municipal, tem como função diagnosticar, planejar e executar as tarefas próprias do capitalismo.
            Os “Governos populares”, do tipo Getúlio e Lula, se embrenharam em políticas assistencialistas, como forma de cooptar o apoio popular para o livre exercício dos seus governos. Getúlio, promoveu as leis trabalhistas e em torno delas conseguiu galvanizar significativos apoios no seio das classes trabalhadoras, sem contudo, deixar de promover ações que permitissem o desenvolvimento do capitalismo no Brasil, como foi exemplo, a Siderúrgica Nacional, a Petrobrás, a Eletrobrás e outras medidas.
            Considerado o pai dos pobres e a mãe dos ricos, Getúlio acumulou amplo apoio popular até ser apeado do governo por via do seu suicídio e das maquinações ultra-direitistas da velha UDN. Enquanto isso, Lula tratou de massificar o Bolsa Família e através dele, construir um amplo colégio eleitoral. Engessou as centrais sindicais e estudantis e, atraiu os movimentos populares.
            Essas medidas serviram para matar dois coelhos. Garantiu a tranquilidade social para que, sobre ela, pudessem navegar tranquilamente os interesses da burguesia. Por sua vez, as migalhas destinadas aos trabalhadores e aos excluídos, serviram plenamente para granjear grandes simpatias nos meios populares. Tanto Getúlio, quanto Lula e Dilma, merecem o reconhecimento e o agradecimento dos capitalistas, pelo tanto que receberam nos seus respectivos governos.
            Ora, sendo o Executivo, instrumento de execução das políticas próprias do capitalismo, não poderia essa função ser exercida por quem se reivindica socialista. A tarefa de gerenciar os interesses da ordem econômica e social vigente, deveria ser tarefa única e exclusivamente da burguesia, enquanto a tarefa dos socialistas, seria a de se voltar para educação política das massas populares e buscar acumular forças, com o propósito de desconstruir o poder burguês e construir o poder popular.

segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013

“Marighella”, o Livro.





            Recomendamos a leitura do livro Marighella, escrito pelo jornalista, Mario Magalhães. Trata-se de uma obra de fôlego. Um trabalho monumental de pesquisa e o mais importante: dotado da mais profunda honestidade intelectual.
             Lendo essa obra, vamos nos inteirar de vários fatos constitutivos da nossa História Política em uma determinada quadra, que vai dos anos 30 do século passado, até os nossos dias.
            É comovente testemunhar o quanto de militantes, de inestimável valor moral e de compromisso político, foram sacrificados durante todo o período abordado pelo autor do aludido livro. Pessoas de fibra, determinação e de certa qualificação intelectual, enveredaram pelos caminhos traçados pela Terceira Internacional Comunista que passou a agitar bandeiras estranhas à causa socialista, uma vez que defendiam posições políticas de caráter nacional-reformista, ou social patriota.
            Essa legião de heróis, movidos pela boa fé, verdadeiros beatos de um determinado credo, não mediram esforços para se levantar contra aquilo que era considerado nocivo, aos presumidos interesses do Brasil e não da classe.
             O nacionalismo foi obra do stalinismo, que através da malfadada Academia de Ciências da URSS, substituiu o princípio da luta de classe pelo “princípio” de nações opressoras versus nações oprimidas. Os militantes, ditos comunistas, deixaram de lado o anticapitalismo para assumir posições patrióticas e em nome delas, não hesitaram em sacrificar as suas vidas ou enfrentar as câmaras de tortura ou o exílio.
            O livro, em pauta, nos ensina muito da História e nos permite ter em vista os fatos relatados e evitar de cometer os tantos erros e equívocos que orientaram aquela brava militância, dentro dos quais se destaca a figura de Carlos Marighella e do seu entorno, registrando-se a participação heróica de figuras como: Mario Alves, Joaquim Câmara, Apolônio Carvalho, Davi Capistrano, Graciliano Ramos e o criminosamente caluniado, porém, bravo e digno companheiro, Hermínio Sacheta, com quem tivemos uma breve convivência militante no MCI. Por essas razões, a leitura que recomendamos torna-se bastante pertinente.


O “Mensalão” de Lincoln





            É verdade que para aprovar a 13ª Emenda à Constituição norte-americana com o objetivo de promover o fim do trabalho escravo, Abraão Lincoln, em plena Guerra de Secessão, quando os estados escravocratas se propunham a desligarem-se dos Estados Unidos da América, se empenhou em promover a aludida emenda e, para tanto, fazia-se necessário ter maioria no Congresso.
            Acontecia, naquela ocasião, ser a maioria dos congressistas contrários a tal emenda e isso por uma diferença de “vinte votos”. Diante desse obstáculo, o lendário Abraão Lincoln, lançou mão do expediente corruptor, “comprando” parlamentares em troca de cargos e dinheiro, de forma que pudesse levar a cabo o seu projeto abolicionista.
            Tratava-se de uma versão do “mensalão”, ocorrido no Brasil, no governo petista. Há que se considerar os distintos fins desses episódios. Enquanto o “mensalão de Lincoln” tinha por objetivo promover um espetacular episódio na História da humanidade, consentindo na revogação jurídica e política do trabalho escravo, o governo petista tinha o mesquinho interesse de acumular força política para garantir uma longevidade no governo e permitir que muitos dos militantes petistas continuassem a se locupletar das benesses do Estado e, permitir também, que alguns, não tão poucos, pudessem ampliar seus patrimônios, como elucidativo. É o caso do ex-ministro Antonio Palocci que conseguiu amealhar, em quatro anos, uma fortuna de vinte milhões de reais.
            Quando distinguimos os fins para tratar dos meios, não estamos promovendo uma adesão pura e simples ao maquiavelismo, do tipo “os fins justificam os meios”. Não podemos, porém, deixar de estabelecer diferenças fundamentais entre os que se regem por objetivos estreitos, como foi, e é o caso do petismo que, ao prestar grandes serviços ao capitalismo, cobra subterraneamente, uma taxa tolerável pela burguesia, pelos seus indiscutíveis serviços prestados ao sistema. Tal postura, diferencia-se, léguas, daquela praticada por Abraão Lincoln, sem que possamos deixar de concordar com a afirmação de que um dos mais significativos episódios históricos, de caráter humanista, a abolição do trabalho escravo nos EUA, tenha se dado pelo bafejo da corrupção.

sexta-feira, 22 de fevereiro de 2013

Ela é da CIA?


Confessamos não saber responder, a contento, se a blogueira Yoani Sánchez é patrocinada pela CIA. Sabemos, entretanto, que ela faz oposição ao governo castrista, por um viés claramente de Direita. Ela propõe, para Cuba, uma república democrática burguesa. É esse tipo de república que nós conhecemos aqui no Brasil, onde existem trinta partidos políticos e estamos em vias de ver esse número aumentar. Por sua vez, no Brasil existe uma ampla liberdade de imprensa, pois ao lado da grande mídia, comprometida com o capitalismo, existe uma mídia alternativa que extrapola os estreitos limites da política conservadora, seja esse conservadorismo o mais retrógrado, representado por figuras do tipo Maluf/Bolsanaro, seja o moderado e até reformista de certos seguimentos da burguesia. 
Com certeza, não é essa a realidade política que observamos em Cuba. Lá, reina a ditadura de um partido único, sob a tutela dos irmãos Castro e outras figuras do mesmo naipe, empenhados em manter um poder que assegura a manutenção de uma forma de Capitalismo de Estado, incapaz de promover uma economia que ofereça ao povo cubano, o merecido bem-estar social. 
Mesmo que se deva reconhecer, naquela ilha, existirem bons serviços de saúde e educação, devemos lembrar que em alguns países, nitidamente capitalistas, essas políticas sociais são muito mais avançadas e consistentes, ressaltando-se o exemplo dos países nórdicos. Assim sendo, fica evidente que uma revolução socialista não se realiza apenas por alguns feitos sociais. Em Cuba, devemos considerar que esses feitos são muito restritos, enquanto o povo carece de comida e, sobretudo, de liberdade para discutir livremente o seu cotidiano e seus destinos. 
Os cubanos são politicamente, tutelados por um partido avesso a qualquer tipo de tolerância e esse fato, comum aos países que formaram o fantasioso mundo socialista, prestou e ainda presta, um dos maiores desserviços à causa anticapitalista. 
A direita soube aproveitar dos descaminhos tomados em nome do socialismo, para utilizar dos seus desastrosos feitos, movendo uma campanha anticomunista. Um verdadeiro revolucionário, um socialista, não deve ter nenhum compromisso com a mentira, com a farsa, com a lenda. Um revolucionário socialista deve ter, o mais estreito e inarredável compromisso com a verdade, desfazendo engodos e fantasias que só prejudicaram e prejudicam a caminhada em busca da emancipação humana.

quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013

Isso é fascismo!




         A esquerda, de matriz stalinista, indigente teoricamente, conserva uma atitude estupidamente equivocada, quando se apega, obstinadamente, a uma posição extremamente anti-americanista. Estamos cansados de lembrar que o imperialismo é produto direto do desenvolvimento capitalista e ele não se circunscreve ao imperialismo ianque. Vamos encontrá-lo na Inglaterra, Alemanha, França, Bélgica,  Holanda, Itália, enfim, na Europa Ocidental assim como no Japão e no Canadá, além do tão badalado imperialismo norte-americano.
         Ser anticapitalista é a forma de ser anti-imperialista, no seu sentido mais amplo, mais completo. Entretanto, ser anti-americano é uma forma limitada de combate, além do que não é uma posição anticapitalista, pois temos o fundamentalismo islâmico, de caráter, essencialmente fascista, cuja tônica é o seu exacerbado fascismo como são testemunhos o Talibã, a Al Qaeda, o Irã, a Síria e alguns outros agrupamentos que têm o terrorismo como prática política.
         As vezes, figuras como Bin Ladem, despertam uma simpatia, mal simulada, dado a sua postura anti-americana e isso é um absurdo, uma vez que a nossa oposição ao imperialismo não se limita aos ianques e nem tampouco, queremos a sua derrocada que não seja pela superação do capitalismo e a implementação do socialismo.
         Feitas essas considerações, e para ilustrar a procedência delas, lançamos mão de um episódio estupidamente dantesco. No país africano, Nigéria, um grupo de jovens enfermeiras que visitavam os lares da população rural daquele país para ministrar doses de vacina contra “o pólio”, foi massacrado por um dos grupos fundamentalista islâmico, sob o argumento de que tais substâncias inoculadas na população pobre, tinha por objetivo esterilizá-los, cumprindo uma missão criminosa inspirada pelo imperialismo ianque. Trata-se do cúmulo da estupidez e isso se chama fascismo em sua manifestação mais exacerbada, como foi o holocausto nazista na Alemanha.

segunda-feira, 18 de fevereiro de 2013

Que horror!




            Telefonamos para um companheiro de São Paulo, as vésperas do carnaval, e perguntamos se ele ia festejar o “Rei Momo”. Ficamos horrorizados com a sua resposta: “Irei participar do bloco Unidos contra o Império, organizado pelos comunistas”.
            Os longos anos de total hegemonia política do stalinismo, serviram para produzir essa excrescência política que responde pelo nome de antiamericanismo. Expliquemos melhor: O stalinismo, produto da derrota da revolução socialista, em escala mundial, substituiu o princípio da luta de classes pela presumida contradição maior entre nações opressoras e nações oprimidas. Lançando mão da malfadada Academia de Ciências da URSS, com os seus manuais, e da Terceira Internacional, como instrumento da política soviética, foi imposto ao mundo um conceito totalmente distorcido de imperialismo, esquecendo que o imperialismo, como “fase superior do capitalismo” é decorrência do processo de desenvolvimento do sistema socioeconômico aludido.
            O imperialismo é EUA, Canadá, Inglaterra, França, Alemanha, Itália, Espanha, Bélgica, Japão... ou seja, imperialismo é a conjunção das corporações que atravessam fronteiras e determinam seus interesses em todos os recantos do mundo. Ao invés dessa compreensão, estabeleceu-se que imperialismo é tão somente os Estados Unidos. Isso porque, como nação mais apetrechada militarmente e de maior peso econômico, prestou-se a servir de gendarme do imperialismo. Ou seja, passou a exercer em nome do sistema, o papel de polícia e é natural que contra toda e qualquer polícia, desperte-se uma antipatia.
            Em decorrência desses fatos, criou-se todo um sentimento e um posicionamento, estritamente anti-ianque, cuja expressão mais recente é a oposição ao Império do Norte para os países sul-americanos. Essa postura política, abandona a luta de classes como contradição fundamental e passa ao largo do verdadeiro conceito de imperialismo, produzindo um nacionalismo tosco e até sujeito a posições esdrúxulas como a de promover simpatias pelo antiamericanismo fascista do Talibã, do Irã, da Síria, como exemplos. Isso é um horror!

sexta-feira, 15 de fevereiro de 2013

Heresias




            Imaginemos a reação geral diante de quem teve a audácia de afirmar que a Terra era redonda. Tal afirmação conflitava com o saber oficial da época, que imaginava ser a Terra “plana como uma mesa” e, se conflitava, mais ainda, com o senso comum. Assim, em determinado momento, dizer que a Terra era redonda não passava de “heresia”.
             Depois, chegou a vez do “herege”, Galileu Galilei, dizer que  a Terra se movia, e, por tamanha “heresia”  afrontava os doutores do sistema, e por isso, quase foi levado às chamas da fogueira, escapando desse destino por renegar a sua afirmação. Nicolau Copérnico, por desmentir a visão oficial sobre sistema planetário, visão essa apoiada em Ptolomeu, afirmando que o sol era fixo e que a Terra girava em seu redor, não sofreu as agruras da perseguição porque não tornou público, enquanto vivo, as suas “heresias”. Charles Darwin, quando formulou, baseado em suas pesquisas, a teoria da evolução natural da espécie que se chocava com as teorias criacionista dos livros sagrados, aceitas pelos seus pares cientistas, foi expulso da Academia de Ciências, da Inglaterra, e impiedosamente, execrado como “herege”.
            Por sua vez, Karl Marx e Friedrich Engels, abalaram os alicerces do conhecimento oficial, quanto à abordagem do desenvolvimento da sociedade humana, dissecando, com profundidade o capitalismo e desfazendo enigmas, como era a questão do valor, tornaram-se aos olhos do saber instituído, grandes hereges.
            Tomando-se como objeto o estudo do movimento socialista e desnudando seus desvios e seus incontáveis insucessos, somos levados a praticar inúmeras “heresias”, que fazem tremer os beatos que cultuam certos dogmas, como se verdade fossem. Para esses beatos, de boa fé, deles dispostos ao sacrifício de suas próprias vidas ou ao enfrentamento altivo diante das câmaras de tortura, há a tendência de se assustar diante de algumas “heresias” do tipo: “nunca existiu o Estado Operário”; “A Revolução Russa prestou-se, tão somente, a construir, por um alto custo social, o capitalismo de Estado”.
            Para a construção do capitalismo de Estado, não faltaram expedientes como trabalho forçado, expropriações de produtos agrícolas impondo a fome, fuzilamentos sumários, campos de concentração, industrialização forçada, depredação do meio ambiente e outras tantas barbaridades.
            Por sua vez, é assustadora a “heresia” em se afirmar que a Terceira Internacional Comunista, pretensa alavanca da revolução mundial, transformou-se em uma multinacional do anticomunismo, prestando-se à consolidação do capitalismo de Estado na URSS e, para tanto, apunhalando pelas costas qualquer iniciativa insurrecional rumo ao socialismo.
            Para outros, pode soar como “perigosa heresia” a afirmação de que Leon Trótsky, renegou o primeiro Trótsky e participou ativamente da construção de falsos conceitos do tipo: “Estado Operário Degenerado”, “Revolução Traída”, “Revolução Desfigurada”, “Revolução Política Regeneradora” e tantos outros equívocos de natureza idealista, isto é, de natureza anti-marxista.
            Tudo leva a crer que os beatos de hoje, de diversos credos, imaginaram que estariam ao lado daqueles que afirmaram ser a terra redonda ou que a terra se movia, ou que o sol era fixo em relação à terra, ou concordaria com a teoria da seleção natural da espécie da qual nasceu o homem.
            Duvidamos, porém, que certas pessoas, devotas de certas crenças políticas despidas de sustentação, disponham-se, facilmente, a discutir seus credos, sem preconceitos e sem se horrorizar com afirmações que fogem dos manuais produzidos criminosamente pela malfadada Academia de Ciências da URSS, com as suas diversas variáveis do tipo: maoísmo, kruchevismo, fidelismo e, sobretudo, o trotskismo, essa “sagrada verdade” que pretende desvendar os “mistérios” responsáveis pelas derrotas do movimento socialista. Contudo, cremos valer a pena dar ouvidos às “heresias” e submeter a uma apreciação crítica as “verdades” fraudulentamente sustentadas por esses muitos credos.

quinta-feira, 14 de fevereiro de 2013

Para quem governar?




            De certa feita, um dado senhor, leitor compulsivo e bibliomaníaco, proferiu a seguinte afirmação: “A questão não está em quem governa e sim para quem se governa”. Tal afirmação revela o alto grau que pode chegar a ignorância bem letrada. Governar não é um ato de vontade, é um ato de poder e o poder político que preside o ato de governar, está reservado a uma instituição chamada Estado.
            O Estado passou a existir no momento histórico em que adveio a propriedade privada e a sua função é, fundamentalmente, de proteger e assegurar os interesses de uma classe em detrimento de outra. Em decorrência desse fato é que se afirma ser o Estado, na sua essência, um instrumento de dominação política. Nos milhares e milhares de anos das sociedades primitivas, que desconheciam a propriedade privada, desconhecia-se, também, a existência de classes e camadas sociais e dessa forma, desconhecia-se esse instrumento de poder, o Estado.
            No capitalismo, temos o Estado burguês e ele se presta à defesa dos interesses dessa classe sobre o conjunto da sociedade. As instituições básicas do Estado não são postas em disputa nos processos eleitorais. Os governos eleitos para os chamados cargos executivos, são eventuais gestores dos negócios e das políticas consonantes aos interesses maiores da classe burguesa e nada poderá ser implementado que afronte esses interesses.
            Alguns governos se posicionam como se governassem para os pobres e excluídos. Têm-se, na História do Brasil, a figura de Getúlio Vargas que, buscando adequar-se à modernização do capitalismo, promulgou leis trabalhistas, de cunho protecionista, e com isso conseguiu cooptar, politicamente, os trabalhadores que o viam como o “pai dos pobres”, evitando ver, sobretudo, que ele era a “mãe dos ricos”.
            Anos depois, José Sarney, presidente, tentou se colocar como governo do povo, imprimindo o jargão “Tudo pelo Social”, enquanto viabilizava um programa de distribuição gratuita de leite para as crianças carentes. O governo Sarney, porém, fracassou nos seus propósitos populistas.
            Por fim, veio Lula da Silva, massificando uma política assistencialista, por via do Bolsa Família, enquanto engessava as centrais sindicais e estudantis, garantindo, através disso, a paz social propícia para a tranquilidade, tão ao gosto da burguesia.
            Nessas experiências, salienta-se o conteúdo fraudulento dos discursos que propõem governos populares, no âmbito do capitalismo. A História nega, peremptoriamente, a possibilidade de se governar para o povo, quando de fato governa-se para os ricos, para a burguesia.

sexta-feira, 8 de fevereiro de 2013

Solidários




            Nada mais gratificante do que gestos de solidariedade, particularmente nos momentos de tragédia, quando centenas ou milhares de pessoas são atingidas por algum infortúnio. Também louváveis são atitudes solidárias levadas a cabo de forma permanente nesse tempo de crise do capitalismo, quando as suas mazelas são potencializadas.
         É de estarrecer, porém, o movimento de solidariedade, encampado por uma grande ala do Partido dos Trabalhadores, que vem promovendo iniciativas, através de jantares e outros expedientes para socorrer os corruptos condenados pelo STF – Supremo tribunal Federal.
         Pensavam eles que haviam cometido o crime perfeito, aquele que não deixa rastros. Entretanto, não foi isso o que aconteceu e a justiça do próprio sistema capitalista o qual eles servem, conseguiu reunir provas contra o maior episódio de corrupção acontecido na história desse país.
         Não bastasse essa convicção dos delinquentes de que não haveria provas, mostrou-se uma inverdade. Enquanto isso, o sr. Lula, apoiado na ideia de que oito dos onze ministros do STF, haviam sido escolhidos pelos governos petistas, haveriam de proceder de forma generosa com os delinquentes. Condenados, eles argumentam de que o julgamento foi político. Ora senhores, como diz o poeta: “não existe nenhuma ação pública, maior ou menor, despida de conotação política”. O mensalão foi um ato, extremamente condenável de ação política, pois buscavam, esses senhores delinquentes, vantagens pessoais enquanto acumulavam recursos com o objetivo de se perpetuarem no governo e, através dele, continuar sugando as tetas do Estado.
         Exemplo patente da conduta do enriquecimento duvidoso, para não dizermos indecente, encontramos no episódio do sr. Antonio Palloci que, em quatro anos de “trabalho”, conseguiu acumular uma fortuna de 20 milhões de reais.
         Por aí vão os testemunhos de ações marcadas pela corrupção, em que petistas se fazem presentes, sejam traficando influências, como é o caso da amiga íntima do sr. Lula, a sra. Rose, e como tantos outros episódios, incluindo-se o escândalo de desvios no Banco do Nordeste Brasileiro, que até agora vem sendo silenciado. Cabe-nos lamentar essa triste solidariedade petista aos seus delinquentes, julgados culpados.

quarta-feira, 6 de fevereiro de 2013

O Holocausto




         Trata-se do mais terrível episódio da história da humanidade. Um crime planejado e sistematicamente levado à prática. Foi uma carnificina operada de forma industrial. Esse crime foi imputado ao nazismo alemão, capitaneado pela repugnante figura de Adolf Hitler.

         Regra geral, não existem pessoas que tomem conhecimento desse doloroso fato histórico, para não se comover e não se indignar, porém há uma facção de fascistas, cujas expressões maiores são: o Talibã, a Síria e o Irã. Pois bem, o presidente do Irã, o fascista Mahmoud Ahmadinejad, amigo próximo dos senhores Lula da Silva e do Coronel Hugo Chavez, teve o desplante de afirmar que o holocausto nunca existiu, foi uma criação dos ianques, mancomunados com os israelitas.

         Tratar-se-ia, apenas, da estupidez de um tresloucado tal afirmação. Entretanto, o que se observa é que setores de uma determinada esquerda mal informada, nutre simpatias por tudo que seja antiamericano. Ora, é claro que devemos nos opôr ao imperialismo ianque, que joga o papel de gendarme do capitalismo mundial. No entanto, não devemos nos opor aos ianques a partir de uma aliança com o fascismo. O nosso caminho deverá ser outro. Devemos ser oposição ao Império do Norte, através da proposição da revolução socialista. Aliás, nós tivemos um testemunho histórico muito forte quando socialistas e comunistas do mundo inteiro se aliaram com o imperialismo inglês, ianque e francês para abater o nazifascismo, durante a Segunda Grande Guerra.

         Enquanto isso, vemos hoje, o impulso dessa esquerda desinformada em estender olhares de simpatia ao fundamentalismo islâmico de conteúdo, eminentemente, fascista e isso é um absurdo. O fascismo islâmico, através do seu porta-voz, procura negar a existência do holocausto, considerando que tudo foi criação da propaganda. Por seu lado, alguns petistas tentam, obstinadamente, levar avante um discurso cujo eixo é negar a existência do mensalão e proclamar que tal fato é produto da imprensa golpista, irmanada com o neoliberalismo do PSDB, DEM e PPS. Infelizmente, a sensatez nos leva a perceber que tanto o holocausto, como o mensalão, existiram e eles devem, nas suas devidas proporções, serem condenados pela História.


segunda-feira, 4 de fevereiro de 2013

O Vietnã



            Grande parte dos jovens da década de 60, acompanhou, atentamente, o desenrolar da guerra do Vietnã. Aquele confronto, até parecia o embate entre o pequeno Davi e o gigante Golias. Os norte-americanos chegaram a mobilizar, no Vietnã, tropas formadas por cerca de oitocentos mil militares. Além desse grandioso exército, contabilize-se também o grande arsenal bélico que foi empregado contra os guerrilheiros vietnamitas, cabendo destaque para os constantes bombardeios, levados a cabo pelas Forças Aéreas norte-americanas, soberbamente apetrechadas.
            Num testemunho de que, como dizia Mao Tsé Tung, a decisão de uma guerra não se deve à natureza das armas, mas sim, à natureza da guerra, o povo vietnamita, que lutava pela soberania nacional, contra as tropas ianques, tinham a superioridade moral, pois eles, os ianques, eram os invasores e essa distinção determinaria drasticamente o curso da guerra.
            O mundo todo aplaudia a bravura dos vietcongs e inúmeras foram as manifestações de solidariedade àqueles bravos lutadores. Inspirado naquele flamejante episódio, o comandante Che Guevara, lançou a palavra de ordem: “um, dói, três... Vietnãs”. Obedecendo a esse apelo, tivemos o empenho de Carlos Marighella em fazer do Brasil um Vietnã, pretensão heróica, porém, fadada ao fracasso, porque diferentemente dos guerrilheiros vietnamitas, os soldados de Marighella, assim como a sua organização política a ALN, não tinham vinculações substanciais com as massas populares e isoladas delas, tornaram-se presas fáceis para a repressão direitista.
            Não obstante esses fatos, convém lembrar que estando no exílio em Portugal, junto a outros companheiros, em 1976, foi anunciada a entrada dos vietcongs em Hanói, então capital do Vietnã do Sul. Esse episódio foi motivo de júbilo entre todos nós, exilados. Quando serenaram os festejos, tive a oportunidade de dizer para uma dúzia e meia de companheiros, que após o decorrer dos próximos dez anos, não se ouviria falar no Vietnã, diferentemente do que ocorreu com a Revolução Russa, a Revolução Chinesa e a Revolução Cubana, isso porque, o Vietnã nos deixava como legado apenas o seu testemunho de bravura e, alguns ensinamentos militares. O conteúdo político do processo vietnamita, limitava-se à guerra de libertação nacional.
            Para além de alguns versos alinhavados por Ho Chi Mim, os vietnamitas não produziram nenhuma literatura que pudesse agrupar pessoas em torno de um projeto de transformação. Hoje, quem visita a capital vietnamita, tem a oportunidade de ver outdoors com a propaganda de produtos como, Cartão Visa e outras ofertas bem próprias do capitalismo. Por sua vez, são inúmeros os vietnamitas que imigram para a vizinha China em busca de trabalho, mesmo mal remunerado. Por essas e tantas outras razões é que a heróica guerra vietnamita, tornou-se página virada, enquanto o imperialismo ostenta uma indiscutível hegemonia política.

sexta-feira, 1 de fevereiro de 2013

Lula cá!




         Não seria correto imaginar que o Brasil é social e economicamente uniforme. Não! O Brasil, como todo o mundo capitalista, é marcado pela presença de pelo menos, duas classes sociais, bastante distintas. De um lado, está a classe burguesa, dona dos meios de produção, dona das fábricas, dos bancos, do grande comércio. Do outro lado, estão as classes trabalhadoras, que despossuídas dos meios de produção, só lhes restam a força de trabalho para ser vendida como mercadoria a troco de salário.
         Vemos pois, como duas classes, com interesses imediatos e históricos diferentes, compõem aquilo que genericamente é chamado de país. Como essas classes sociais têm interesses distintos, concluiu-se que, no mínimo, têm-se dois lados: o lado da burguesia e o lado dos trabalhadores.
         Quando veio à público, na campanha presidencial, a música repetindo o refrão “Lula Lá”, nós caepistas, também saímos à público clamando pelo “Lula cá”. Queríamos que Lula não fosse para o outro lado, como terminou por acontecer.
         A passagem do Lula, que inicialmente, parecia ser um legítimo representante dos interesses imediatos e históricos das classes trabalhadoras, para o lado da burguesia, particularmente dos banqueiros, mostrou-se um talentoso político a serviço da manutenção do capitalismo e, como tal, foi reconhecido pela cúpula dos países ricos, quando foi aclamado como, o personagem do ano.
         Por sua vez, Barack Obama não se esqueceu de “honrá-lo” com o título de “o cara”. Foi nisso que redundou o Lula lá. O lá significou o abandono do cá, e isso tornou-se um episódio de graves consequências para os reais interesses das classes trabalhadoras.
         Hoje acreditamos irreversível a posição da maioria dos grandes dirigentes do PT que junto ao Lula, passaram de  malas e bagagens para o lado da burguesia e para bem servi-la, tratou de engessar as centrais sindicais e estudantis, garantindo a paz social para que os capitalistas lograssem os seus polpudos lucros.