Caro Alexandre
Costa,
Na verdade,
você tem razão quanto ao uso da palavra expurgo, pois ela está associada aos
crimes do stalinismo ortodoxo. Terei o cuidado de não repeti-la e, ao invés de
expurgo, gostaria de clamar pela depuração do lixo fartamente produzido pelo
stalinismo nas suas mais diversas roupagens.
Sinto que você,
sem nenhuma má fé, deixou de tratar do foco da questão por mim levantada, em se
tratando de Ramón Mercader. Esse senhor, executor de Leon Trotsky, nunca se
considerou um homicida. Ele e legiões imensas de beatos do stalinismo
consideravam que a sua ação era de natureza estritamente revolucionária. Isso
se dá em função do caráter beato dos seguidores dos diversos credos. Toda
igreja, toda seita, têm os seus Ramón Mercader, herói para uns, facínora para
outros. O cerne da questão, portanto, caro Alexandre, é a idolatria acrítica
que leva, por exemplo, fundamentalistas islâmicos a se converterem em
homens-bombas.
Em polêmica com
Leon Trotsky, quando este afirmou para Rosa Luxemburgo que não era idólatra da
democracia formal burguesa, ela respondeu: “Não sou idólatra da democracia
formal burguesa, como não sou de Deus ou de Marx”. O que pretendemos, meu caro
amigo, é a depuração total da beatice acrítica e a reposição da crítica livre que
nos conduza a recomposição do socialismo revolucionário jogado na cesta do lixo
pelo “marxismo-leninismo” e “marxismo-leninismo-trotskismo”.
Fraterno
abraço,
Gilvan Rocha
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