Ramón
Mercader
Alguns poucos já ouviram falar do sr. Ramón Mercader.
Trata-se de um militante do Partido Comunista Espanhol e filho de Eustaquia
Maria, também devotada militante da citada agremiação política. Ramón era um convicto. Tinha plena certeza de que
Stálin era o legítimo herdeiro de Vladimir Lenin e dirigente maior da
“pátria-mãe” do socialismo. A sua convicção levava a crer que, todo aquele
oponente ou crítico da URSS, era inimigo do povo, inimigo da causa e, nessa
condição, mereceria ser abatido, fosse pela desqualificação, fosse pelo
trucidamento moral, fosse pelo cutelo assassino. Pensando assim é que Ramón,
com todo orgulho, assumiu a missão “revolucionária” de liquidar, fisicamente, o
dissidente Leon Trotsky, então refugiado no México.
Atendendo
as ordens da Terceira Internacional Comunista e ao aconselhamento da mãe
Eustaquia, ele se deslocou para a cidade do México e buscou aproximação com
Trotsky, de forma a lhe permitir que, em determinado momento, pudesse desferir-lhe
um golpe mortal, fraturando-lhe o crânio com uma machadinha de quebrar gelo.
Preso em flagrante, Ramón foi julgado e condenado a longos anos de reclusão.
Não se mostrou abatido; muito pelo contrário, sentia-se orgulhoso de ter
prestado um grande serviço à “causa”.
Com muita frequência, temos repetido que a convicção é
bem mais grave do que a mentira, e tem sido ela responsável por muitos
desacertos e crimes praticados por pessoas dotadas de boa fé. A convicção do
beato conduz pessoas a praticarem atos desvairados, que vão do assassinato à
calúnia, à fraude e outros crimes, sem que seus atores sintam-se culpados;
afinal, essas ações criminosas servem a um propósito “maior”. Assim sendo é que
vamos encontrar inúmeros Ramón Mercader em vários agrupamentos formados,
sobejamente, por beatos acríticos.
Não
somente no stalinismo ortodoxo, como também entre maoístas, kruchevistas,
fidelistas, vamos ter figuras semelhantes ao já citado Ramón Mercader. Os
agrupamentos trotskistas não estão isentos de ter seus Mercader prontos a
cometerem graves crimes de calúnia, fraude, trucidamento moral, rasteiras e
golpes; tudo isso levado a cabo em nome da sagrada e justa “causa”.
Não é por acaso que tais comportamentos, que têm sua
matriz no stalinismo, tornaram-se práticas correntes nas suas mais diversas
facções. É em razão desse fato que, há anos, temos repudiado a essa velha
“esquerda” que, na verdade, não passa de uma direita travestida, enquanto
clamamos por uma outra esquerda, essa, sim, fiel aos princípios do socialismo
revolucionário, fiel ao livre debate, honesto e qualificado, e pronta a
expurgar todo o lixo presente nas diversas facções “marxistas-leninistas” e
“marxistas-leninistas-trotskistas”.
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