Dentre os vários discursos
equivocados praticados, até de boa fé, por uma pretensa esquerda desinformada
ou má informada, registramos um que tem ares de altruísmo e desprendimento.
Trata-se da enganosa afirmação de que a nossa luta por um mundo fraterno, de
justiça e paz, poderá não ser uma conquista da nossa geração, mas certamente
será dos nossos netos ou bisnetos.
A grande verdade é que esse discurso
não oferece nenhuma sustentação, não passando, pois, de uma descabida
presunção. Nada é eterno, que não seja o movimento. Tudo é finito, tem o seu
“prazo de validade” e isso se aplica a tudo, inclusive ao capitalismo. Ele,
inicialmente progressista e revolucionário, no decorrer de sua acelerada
caminhada chegou, nos dias de hoje, ao seu momento de exaustão, de total
esgotamento. Esse fato impõe para a humanidade um dilema: ou esse sistema
socioeconômico dá lugar a um novo sistema ou teremos a tragédia total que
poderá ser a extinção da vida. Diante disso, levanta-se a pergunta: será que a
humanidade terá condições de superar o capitalismo em tempo historicamente
hábil? Ou seja, será que se pode evitar a tragédia total de que tanto falamos?
Para que logremos esse tento, para
que exista a vitória contra o colapso da vida, é necessário que se tenha força
política capaz de evitar a grande tragédia a que o capitalismo celeremente nos
arrasta. É necessário que se tenha força para alcançar essa vitória e é preciso
que isso, que essa força se conquiste a tempo. Dessa maneira se estabelece uma
louca corrida contra o relógio da história, pois sabemos, e sabemos muito bem,
que a sanha predatória do capitalismo não nos dá trégua e talvez não existam
nossos netos ou bisnetos para desfrutar de uma conquista que não tivemos. O
discurso desprendido que lega aos descendentes um inevitável paraíso é irreal,
é sonhático, pois esse paraíso poderá existir ou não, tudo dependerá da
correlação de forças no confronto final entre a revolução e a contrarrevolução,
e essa realidade é implacável e irrevogável.
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