sexta-feira, 12 de dezembro de 2014

Um paralelo


Para ensejar uma boa reflexão, lancemos mão de um paralelo entre Brasil e Cuba. Embora, já se tenha dito, com toda pertinência, que por trás da mais democrática república burguesa, está a ditadura do capital sobre o trabalho, haveremos de reconhecer estarem as liberdades políticas nesse sistema, anos luz à frente do fascismo, seja ele sob quaisquer dos rótulos.
Na pútrida república burguesa do Brasil, liderada hoje pelo PT, existem dezenas de partidos políticos, inclusive alguns se autodenominam comunistas, socialistas ou trabalhistas. Há, inegavelmente, franca liberdade de organização e de opinião. Existem tantos e quantos jornais em circulação com pensamentos diferentes. Por sua vez, mesmo vivendo-se, por alguns anos, um regime político de exceção, ou seja, um momento de ditadura, as liberdades políticas permitiram que desabrochassem centenas de quadros políticos qualificados. Exemplos contundentes desse fato é a emergência do político Lula da Silva, além de outros do mesmo naipe como, Olívio Dutra, Paim, Dilma Rousseff e mesmo Marina Silva. Concomitantemente, despontaram figuras como Tasso, Ciro Gomes, Alckmin, Eduardo Campos (falecido), Aécio...
Enquanto isso, vejamos a história de Cuba. Ali só existem um discurso, um partido, uma imprensa. Os dissidentes são taxados de agentes da CIA. Em mais de 50 anos, cabe perguntar: quais quadros teóricos foram gerados no processo cubano? Quais militantes socialistas ganharam expressão na “sagrada” ilha? O que explica o fato das lideranças públicas se restringirem aos irmãos Castro?
Uma reflexão critica e livre, nos levará a concluir que no Brasil existe um Estado democrático e em Cuba a democracia foi negada. Não podemos, é verdade, nos deter nos limites da democracia burguesa. Como os marxistas de outrora, pretendemos, ao lado da democracia política, construir a democracia social. Mas não devemos opor à democracia burguesa o totalitarismo que dá amparo ao capitalismo de Estado, como tem ocorrido.
A distorção desses fatos é o grande responsável pela sobrevivência de um capitalismo exaurido. O povo, as parcelas mais conscientes, se negam em trocar a democracia, mesmo burguesa, pelo fascismo, mesmo que ele esteja acobertado do rotulo socialista.

Tratemos, pois, dessa questão que merece ser vista com a devida coragem, com ausência de preconceitos e medos que aterrorizam os beatos de boa fé. Pensar, criticamente, a nossa realidade histórica é um imperativo do momento. Fugir desse desafio, é contribuir consciente ou inconscientemente para que o capitalismo nos arraste para a tragédia total.

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