Para ensejar uma boa reflexão,
lancemos mão de um paralelo entre Brasil e Cuba. Embora, já se tenha dito, com
toda pertinência, que por trás da mais democrática república burguesa, está a ditadura
do capital sobre o trabalho, haveremos de reconhecer estarem as liberdades políticas
nesse sistema, anos luz à frente do fascismo, seja ele sob quaisquer dos
rótulos.
Na pútrida república burguesa do
Brasil, liderada hoje pelo PT, existem dezenas de partidos políticos, inclusive
alguns se autodenominam comunistas, socialistas ou trabalhistas. Há,
inegavelmente, franca liberdade de organização e de opinião. Existem tantos e
quantos jornais em circulação com pensamentos diferentes. Por sua vez, mesmo
vivendo-se, por alguns anos, um regime político de exceção, ou seja, um momento
de ditadura, as liberdades políticas permitiram que desabrochassem centenas de
quadros políticos qualificados. Exemplos contundentes desse fato é a emergência
do político Lula da Silva, além de outros do mesmo naipe como, Olívio Dutra,
Paim, Dilma Rousseff e mesmo Marina Silva. Concomitantemente, despontaram
figuras como Tasso, Ciro Gomes, Alckmin, Eduardo Campos (falecido), Aécio...
Enquanto isso, vejamos a história de
Cuba. Ali só existem um discurso, um partido, uma imprensa. Os dissidentes são
taxados de agentes da CIA. Em mais de 50 anos, cabe perguntar: quais quadros
teóricos foram gerados no processo cubano? Quais militantes socialistas
ganharam expressão na “sagrada” ilha? O que explica o fato das lideranças públicas
se restringirem aos irmãos Castro?
Uma reflexão critica e livre, nos
levará a concluir que no Brasil existe um Estado democrático e em Cuba a
democracia foi negada. Não podemos, é verdade, nos deter nos limites da
democracia burguesa. Como os marxistas de outrora, pretendemos, ao lado da
democracia política, construir a democracia social. Mas não devemos opor à
democracia burguesa o totalitarismo que dá amparo ao capitalismo de Estado,
como tem ocorrido.
A distorção desses fatos é o grande
responsável pela sobrevivência de um capitalismo exaurido. O povo, as parcelas
mais conscientes, se negam em trocar a democracia, mesmo burguesa, pelo
fascismo, mesmo que ele esteja acobertado do rotulo socialista.
Tratemos, pois, dessa questão que
merece ser vista com a devida coragem, com ausência de preconceitos e medos que
aterrorizam os beatos de boa fé. Pensar, criticamente, a nossa realidade
histórica é um imperativo do momento. Fugir desse desafio, é contribuir
consciente ou inconscientemente para que o capitalismo nos arraste para a
tragédia total.
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