sexta-feira, 5 de dezembro de 2014

Socialismo e sacrifício


Somos, enquanto marxistas, absolutamente, contra o sacrifício desnecessário, o sacrifício do penitente que resvala para o autoflagelo, a partir da ideia mística de que o “sofrimento do corpo ameniza os pecados da alma”. Esse conceito de sacrifício sempre se prestou aos interesses das classes exploradoras, na medida em que a massa de sofredores possa se sentir bem, dentro daquele pensar bastante popular: “pouco importa o sofrimento, pois Deus esta vendo e haverá de me destinar a felicidade após a morte”. Apesar de refutar esse tipo de sacrifico calcado no autoflagelo, nós, socialistas revolucionários, sabemos que é inevitável o sacrifico para a conquista do objetivo maior que é a libertação da humanidade dos grilhões do capitalismo.
Quem conhece a história do movimento socialista, verá que bem antes do socialismo marxista, militantes revolucionários, além dos menores e constantes desconfortos, chegaram ao ponto de sacrificar suas vidas na luta pela justiça e pela paz. Exemplo digno de ser ressaltado encontra-se na “Conspiração dos Iguais” quando, em torno de um manifesto igualitarista, um grupo de revolucionários, já em 1796, urdia um plano para deposição do governo burguês e a instalação de um governo do povo. Esses conspiradores, logo que descobertos foram levados aos cárceres e o seu líder maior, Graco Babeuf, foi decapitado. Diante do tribunal que o sentenciou, Graco, pronunciou um destemido discurso de fé em seus propósitos.
São quase infindáveis os testemunhos de sacrifícios necessários à conquistas de nossos objetivos socialistas, desde o sacrifício da vida aos de menor monta, como uma longa caminhada, um jejum compulsório, noites mal dormidas, múltiplos desconfortos... estão na lista do fazer militante.
O sacrifício de um domingo de lazer, por um dia de intensa panfletagem, deve ser considerado, pelo militante ganho para a causa, como algo que acalenta nossos corações ávidos na busca da felicidade social plena, que só poderá acontecer com a superação do capitalismo. A isso podemos dizer: bendito sacrifício, pois foi o preço imposto na nossa busca de um objetivo superior a cada um dos nossos anseios menores, enquanto indivíduos. O que foi dito pode ser reduzido à reafirmação de que não faz sentido o autoflagelo místico, entretanto se impõe o sacrifício indispensável para a causa socialista quando o momento exige. 

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