terça-feira, 20 de julho de 2010

Coito interrompido

Conversando com o militante socialista, Inocêncio Uchoa, defendi a velha tese, ou melhor, o velho princípio socialista, de que não deveríamos assumir nenhum cargo executivo no capitalismo, fosse Presidente da Republica, Governador do Estado, Prefeito municipal, ministérios, secretarias ou autarquias. Não deveríamos assumir cargos executivos por entender que esses cargos representam o Estado e o Estado, nesse caso, é o exercício do poder político da burguesia. Essa colocação, que não é original, pois ela foi esposada por Rosa Luxemburgo nos idos de 1903, o citado companheiro ironizou afirmando que essa postura correspondia a um “coito interrompido”.
Para efeito didático, admitamos que o propósito de uma relação sexual seja a procriação. Nem o coito interrompido, nem tampouco o sexo solitário, levariam a conquistar o objetivo almejado. Dessa mesma forma, buscar a conquista de cargos executivos, nunca levou e nem levará, a nenhum tipo de avanço caso nosso objetivo seja a conquista de uma nova ordem econômica e social. Muito pelo contrário, as “vitórias” tipo Salvador Allende, no Chile, Jacó Arbenz, na Guatemala, Largo Caballero, na Espanha, Sukarno, na Indonésia, Léon Blum, na França, não representaram avanços mas contribuíram para a ascensão de governos fascistas.
As presumidas vitórias eleitorais a cargos executivos muito se assemelham ao sexo solitário, traz efêmeras alegrias sem nenhuma consequência, quando não consequências adversas como a história tem se encarregado de demonstrar fartamente.
Aos socialistas, aos revolucionários, portanto, não cabe construir fantasias e alimentar ilusões. É preciso deixar bastante claro que devemos participar dos processos eleitorais. Devemos, no entanto, saber que nesses processos não está em disputa o poder, mas, simplesmente, eventuais governos e como a essência do problema é a questão do poder não devemos atribuir às eleições o caminho para a construção do verdadeiro poder popular e, muito menos, comprar ou vender gato por lebre.

Um comentário:

  1. Muito bem camarada. Pena que ainda há muito militantes sociais que confunde poder com governo.
    O legislativo, apesar de ser também burguês é qualitativamente diferente do executivo.
    abraço revolucionário.
    Carlos Alberto

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