terça-feira, 12 de abril de 2011

“Esfregar a cara”

Assistindo a um desses programas policiais onde é costume bravejarem contra “delinquentes pobres”, escutei o seguinte: uma residência de um bairro nobre havia sido pixada por dois menores, e o delegado determinou que eles pintassem a mansão que haviam sujado. O apresentador, fingindo indignação, disse que o castigo era pouco, devia-se esfregar a cara desses delinquentes para lhes servir de lição. Nunca vi nenhum apresentador desses programas sugerir que se esfregasse a cara do Sr. Maluf, diante das roubalheiras por ele impunemente praticadas. Deveríamos esfregar a cara de Jader Barbalho que assaltou o Banco da Amazônia? E o Sr. Romero Jucá, líder dos governos FHC, Lula da Silva e hoje Dilma Rousself, onde se haveria de esfregar-lhe a cara? E o Sarney, que castigo humilhante mereceria pelos tantos roubos praticados? E para a quadrilha do mensalão, chefiada pelo sinistro José Dirceu, haverá castigo? A lista dos ricos que roubam e vivem na impunidade é grande. Enquanto isso, 60% da população carcerária do Brasil é formada pela juventude pobre que tem de 18 a 24 anos de idade. Esses sim, têm suas caras esfregadas e exibidas nos programas policiais, que gozam de grande audiência e servem de trampolim para eleger esses valentes apresentadores a cargos públicos.

Vê-se em tudo isso, o retrato pronto e acabado da hipocrisia que cresce viçosamente sobre o lodo que o sistema capitalista tão abundantemente produz. Faz pouco, um juiz de direito embriagado, quando voltava de uma balada, atropelou e arrastou por 123 metros um pobre motoqueiro. Apesar de embriagado, não foi lavrado o flagrante e ele pagou uma fiança de 900 reais e foi colocado em liberdade. Temos que assinalar que esse senhor tinha os 900 reais disponíveis, o que não aconteceria com grande parte de pobres e miseráveis que venha a cometer um delito que se julgue afiançável. Por sua vez, a titularidade desse senhor concede-lhe uma imunidade que o deixa muito longe do alcance dos braços curtos da justiça, quando se trata de alcançar os delinquentes ricos.

2 comentários:

  1. Quem era esse apresentador? Mas nem importa. Aqui no Ceará, apenas Nonato Alburquerque( e note-se ele não se candidata a cargos politicos - pois tem profissionalismo)tem transparência e fala com imparcialidade.Quando eu assisti o filme Tropa de Elite o personagem Fortunato me lembrou logo, de primeiro instante, Victor Valim, Ferreira Aragão, Edison Silva.É triste.Esses são uns sensacionalistas e mercenários.

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  2. é o capitalismo racista e covarde, aliás é o facismo...

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