sábado, 24 de dezembro de 2011

GOVERNO POPULAR?


            Há uma situação de degradação política nas hostes da esquerda. Sobretudo, a autointitulada marxista-leninista, justamente por não ser nenhuma coisa, nem outra. No transcurso da história, a esquerda, no seu primeiro momento, mal formulava algumas palavras buscando construir um projeto para uma nova ordem econômica e social que se colocasse além da situação de crise daquele momento.
            Uma das tarefas do socialismo consiste em definir com correção a instituição ESTADO. Os primeiros socialistas tentavam enfrentar o desafio de sistematizar um saber científico para elucidar os enigmas da sociedade. De início, foram os socialistas utópicos, para eles existiam duas causas que determinavam a divisão em classes sociais.     Esses primeiros socialistas imputavam a existência do Estado como causa da desigualdade. O posterior segmento socialista, chamado marxista, refutava essa tese dizendo que o ESTADO era produto da desigualdade e nunca a sua causa. No mais, os utópicos e os marxistas tinham bastante pontos de afinidades, mesmo que dentre eles ocorressem diferenças importantes, mas que não chegavam a ser de caráter essencial, como era no caso da discussão histórica que se fazia quanto ao papel do ESTADO, na construção da desigualdade e na presumida construção da igualdade.
            Caso fosse correto o conceito anarquista de que o Estado é causa da desigualdade, seria procedente promover a sua destruição, sem levar em consideração a tarefa da necessidade de uma nova organização da economia de maneira que fosse possível construir a igualdade.
            Enquanto isso, na perspectiva marxista, o governo seria um instrumento subalterno ao ESTADO e, sendo ele uma instituição de classe, não seria possível essa combinação entre um ESTADO burguês e um governo popular. Não se confunda popular com populista. O populismo serve tão somente aos propósitos do capitalismo.  Portanto, ou o governo serviria ao capitalismo ou esse hipotético governo serviria ao socialismo. Há uma impossibilidade em se servir a esses dois tão distintos senhores.


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