sexta-feira, 26 de outubro de 2012

MODO PSOL DE GOVERNAR?


MODO PSOL DE GOVERNAR?
            Participamos, como membros fundadores, da organização do Partido dos Trabalhadores- PT. Como antigos militantes, desconfiávamos de sua imprecisão política. Apostávamos, entretanto, no seu instinto de classe, na sua intuição. É evidente que esses atributos são insuficientes para assegurar um rumo político de grandes consequências. Na falta de um discurso elaborado, o velho PT limitava-se a se dizer “um partido diferente”. Quanto a nós, timidamente, perguntávamos: “mas em quê consiste tal diferença?” Seria diferente porque maior? Seria diferente porque mais aguerrido? Seria diferente porque possuído de miopia? Ou seria diferente por se tratar de um partido que traduzisse os interesses históricos dos trabalhadores? Ou seja, seria diferente porque teria os olhos voltados para a conquista de uma nova ordem econômica e social como negação radical da sociedade capitalista? Essa sim, uma diferença substancial!
            Nada se respondia e continuava a repetir-se: “o PT é um partido diferente.” À falta de estabelecer essa diferença, propôs-se o PT a espalmar a bandeira da moralização do capitalismo. Numa feliz expressão do político gaúcho Leonel Brizola, o PT foi chamado de UDN de macacão.  Pretender moralizar o capitalismo corresponde ao mesmo que pretender enxugar gelo.
            Mas, os “gênios” do PT não enxergavam essa verdade. Em 1984, como membro do Diretório Nacional do Partido dos Trabalhadores, tornei público um artigo sob o título: “ PT, uma proposta e muitos riscos”. Neste artigo, dizia de forma peremptória, que essa nova agremiação política trazia para a burguesia o perigo de levantar bem alto a bandeira do anticapitalismo, a bandeira do socialismo. Por outro lado, essa nova e gloriosa organização política que brotava das fábricas, dos campos, dos meios estudantis poderia descambar para o reformismo e se transformar num instrumento eficaz de sustentação do próprio sistema capitalista.
            Infelizmente, foi justamente isso que aconteceu, quando os petistas lograram, através de expedientes espúrios chegar ao governo. E é grave que do seu ventre tenha  nascido o PSOL, proclamando “uma nova forma de fazer política”. É evidente, que essa  nova forma não existe, desde que ela não seja explicitamente anticapitalista e se negue a colocar-se como agremiação cujo intento é galgar postos nos diversos aparelhos de governo, sejam eles, federal, estadual ou municipal. Em outras palavras: ou teremos a bandeira do socialismo ou repetiremos a trilha sinistra do velho PT.

4 comentários:

  1. Meu caríssimo camarada Gilvan Rocha, suas análises me parecem precisas. Só não entendo por que tem que ser através de um partido que chegaremos a derrubar o capitalismo e instaurar o socialismo. As análises e a realidade dos últimos 300 anos têm mostrado que, através de partidos políticos não é possível transformar o capitalismo no socialismo. Você mostra isso, quando diz: "que os que chegam ao governo não têm o poder mas simplesmente, vão administrar o capitalismo". Como então através de qualquer partido chegar ao socialismo? Será que as análises feitas não caem naquele erro do qual Marx, diz o seguinte:"até os políticos radicais e revolucionários já não procuram o fundamento do mal na essência do Estado, mas numa determinada forma de Estado, no lugar da qual eles querem colocar outra forma de Estado. Do ponto de vista político, o Estado e o sistema de sociedade não são duas coisas diferentes. O Estado é o sistema de sociedade" (Marx, "Critical Marginal Notes on an Article by a Prussian", MECW, vol. 3, p. 197. Citado por Mészáros em Para além do capital,3ª reimpressão,: jul. de 2009, p. 564). Meszáros diz que: "Para Marx era imperativo sair do 'ponto de vista político' para poder ser verdadeiramente crítico do Estado". Mészáros continua a citar Marx e a fazer sua análise nas p. 564-566. Acho que seria bom se fazer um seminário no PSOL sobre isso, além da análise que ele faz dos partidos políticos de esquerda que ao chegarem ao governo são cooptados pelo capitalismo. E, me parece, que isso é inevitável em um Estado seja ele qual for. Saudações físico-filosófico-matemático-histórico-ecossocialistas: Francisco MARTINS de Sousa (Prof. Martins).

    ResponderExcluir
  2. Caro Gilvan o socailismo so será possivel quando o povo tomar consciencia que o capitalismo fracassou, nao é um bando de intelectuloide que derrubará o capitalismo, num minimo formarão uma nova URSS, que prefiro dez mil vezes a democracia burgueza.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Não é um bando de "intelectuloide" mesmo não, é uma revolução auntênica do povo igual Cuba, e você preferi a democracia burquesa por que você vive só de teoria, é deve ter alguns previlegios dela né.

      Excluir
  3. Tudo bem Gilvan?

    Sou leitor do seu blog há algum tempo e admiro profundamente sua capacidade de análise da economia e da política. Contudo, gostaria muito de ler artigos seus que antecipassem um FUTURO REAL que teremos nos próximos anos. A simples crítica ao capitalismo não é mais suficiente para contentar os leitores ávidos por informação. O que vemos no mundo de hoje é a consolidação absoluta das forças do mercado financeiro em todo o planeta, influindo decisivamente sobre a soberania dos países de todos os continentes, principalmente os países centrais, excessivamente endividados. Podemos citar como exemplo os países europeus submetidos a severos cortes de gastos públicos para o pagamento de dívidas aos bancos, que terão como consequência a estagnação da economia e a proletarização da classe média desses países nas próximas décadas, além do fim do Estado de Bem-Estar Social. Como podemos falar em SOCIALISMO se toda essa situação só faz se aprofundar indefinidamente. Não sou filiado a partido político, mas entendo que o PT, apesar de todos os problemas, é o único partido no campo da esquerda que chegou ao poder e tem condições de permanecer nele nos próximos anos. Nas últimas eleições presidenciais, a votação do PSOL, PSTU e PCO juntos foi menor que a votação do Deputado Tiririca - e mesmo assim somente o PSOL teve uma votação expressiva dentre eles. A Islândia, através de plebiscito popular, deu um calote nos bancos que queriam submeter o país a severos ajustes e isso é um tabu para a imprensa mundial que não gosta de divulgar esse assunto. Contudo, será esse o caminho de outros países? Até o momento não vemos nenhum sinal de que isso vai acontecer. E esses países continuarão a sofrer com altos índices de desemprego e baixos níveis de crescimento do PIB devido aos compromissos de suas dívidas. Eu repito, a simples crítica ao capitalismo neoliberal que cada vez mais sacrifica a população através de cortes de gastos é inútil, porque nada se faz para mudar essa realidade. O mais importante é poder antecipar o futuro, mesmo que ele seja sombrio, até mesmo para que possamos nos defender de suas nefastas consequências. Continuarei lendo seus artigos. Um abraço! (Administrador/Blogueiro/Feira de Santana/BA)

    ResponderExcluir