sexta-feira, 26 de dezembro de 2014

“Coração valente”


A jovem Dilma Rousseff demonstrou ter um coração valente quando enfrentou as câmaras de tortura. Dessa mesma forma comportaram-se milhares de jovens dispostos a sacrificarem a vida, a liberdade e a submeterem-se à tortura insana dos seus algozes. É lamentável, entretanto, que, agora, o coração valente da, senhora Dilma, tenha derretido diante do grande capital. Não estamos falando de coisas fantasiosas. Veja as escolhas da presidente, reeleita para o ministério da agricultura. Nada mais, nada menos do que a emblemática Kátia Abreu, legitima representante do agronegócio. Veja, por outro lado, onde a senhora, agora, de coração acovardado, foi buscar a sua equipe econômica, senão entre os mais confiáveis quadros existentes entre os grandes banqueiros.
Coração valente seria dizer não ao capitalismo e não somente demonstrar bravura, como demonstraram os cristãos primitivos diante das feras que lhes estraçalhavam as vísceras. Não basta um coração valente, é preciso que ele esteja a serviço de uma boa causa, e a senhora Rousseff tinha como bandeira a luta pelas reformas e pela soberania nacional, enquanto propugnava por um modelo de país onde reinasse um discurso único, um partido único, uma imprensa única, uma polícia política, como era modelo a então URSS e hoje permanece Cuba, Coreia do Norte, China, para citarmos alguns exemplos.
O coração valente daqueles jovens tangidos pela má informação e pela ingenuidade, não se levantava contra o capitalismo e, tão logo deram-se as oportunidades, vimos muitos deles se agacharem diante do grande capital propondo-se gerenciar o capitalismo, garantindo a paz social necessária para que a burguesia auferisse, sem traumas, seus grandes lucros.
Os “corações valentes” que se alocaram no governo petista, engessaram as centrais sindicais e estudantis, transformando essas instituições em meros aparelhos burocráticos.

O socialismo, a luta direta e sem sofisma contra o capitalismo, precisam de corações valentes. Mas não bastam a bravura e o martírio para tornar legítima uma pretensa militância, quando tudo termina em um estúpido engano. Queremos, sim, homens e mulheres destemidos. Empunhando a causa da verdade e não cultuando apenas a bravura e o martírio sem atentar para quão inócuos foram tantos sacrifícios.

2 comentários:

  1. Requiescat in pace amigo Vieira !

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  2. Grande Gilvan, parabéns por sua luta incessante por um mundo justo e fraterno. O socialismo parece ser a vida de Sísifo em que o trabalho de colocar a pedra no cume da montanha parece ser sem sentido, pois ela sempre rola montanha abaixo antes de que seja possível fixá-la. Somente seres humanos como você parecem ter a dignidade necessária para continuar esta tarefa árdua - diariamente, incessantemente e, infelizmente, sabendo que ela não estará lá!

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