quarta-feira, 9 de março de 2011

Querer. Um ingrediente.

Como temos falado, o capitalismo, para se manter, se apóia em discursos mentirosos e falsos conceitos. A história, do ponto de vista da burguesia, é um feito decorrente de santos, heróis, bandidos, traidores, gênios e mártires. A história é movida pelo querer, pela vontade.

Na verdade o querer tem o papel de ingrediente, às vezes, importantíssimo, mas, não podemos esquecer que a vontade está subordinada às condições objetivas que a história coloca.

Um dos exemplos históricos é o da Comuna de Paris, em 1871, quando o proletariado daquela cidade assumiu o poder e nele permaneceu por setenta e dois dias. Sobre esse episódio, sentenciou Karl Marx: “O proletariado parisiense quis tomar o céu de assalto”. Essa afirmação propunha dizer que não havia condições objetivas para que o proletariado assumisse o poder político e implementasse o seu projeto socialista.

Somente nos fins do século XIX deu-se o advento do imperialismo e ele trouxe as condições objetivas para a consecução do projeto socialista. Porém, nesse momento, 1912/13, deu-se uma luta política monumental entre a proposta capitalista conservadora e a proposta socialista de transformação social.

Nesse embate político, cujo cenário maior foi a Europa Ocidental, o capitalismo obteve sua grande vitória política, ou seja, o socialismo foi politicamente derrotado. Restou na Europa lugar para o sucesso da proposta socialista na Rússia tzarista, onde não existiam as condições objetivas para implementação de um projeto socialista e, além disso, esse projeto se daria nos limites de uma só nação, agravado pelo fato de que se tratava de um país com baixos níveis de desenvolvimento, um país pré-capitalista, cujo traço predominante era os restos feudais e a autocracia.

Nessas condições, tão adversas, quis-se, por força da vontade, implementar o projeto socialista calcado na esperança de que essa proposta progredisse na Europa Ocidental, o que não ocorreu. E daí a grande tragédia, diante da qual a obstinada vontade não pode alterar.

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