sexta-feira, 23 de setembro de 2011

HELOISA HELENA

A história não é dotada de nenhuma moral. Ora é generosa com uns, cruel com outros, justa com uns poucos e indiferente com muitos. Quando maduros, os fatos históricos não deixam de acontecer por falta de alguém que assuma a condição de operador histórico, seja ele uma pessoa íntegra ou um canalha, um bravo ou um covarde, um santo ou um degenerado. Aos seus olhos, isto não tem a menor importância. A história não para em sua tenaz caminhada. Existem horas reservadas aos bravos, independente de suas causas, e há horas reservadas aos répteis e aos perversos, como soe acontecer nas sanguinárias ditaduras longevas que estão presentes na nossa crônica histórica de ontem e de hoje.

Feito esse preâmbulo, ou melhor, essas considerações, queremos lembrar que em determinado momento de nossa história mais recente, quando o Partido dos Trabalhadores se dispôs a ser fiel a sua maldita obra de capitulação e degeneração moral, com o vergonhoso episódio da aprovação da chamada Reforma da Previdência, em 2003, criaram-se as condições para que pudesse emergir algumas figuras capazes de traduzir um sentimento de desaprovação diante de tão triste fato, tornando-se alvo da atitude arbitrária do Diretório Nacional petista que expulsou esses bravos dissidentes.

Foi nesse cenário político que a então senadora Heloisa Helena, junto a outros parlamentares petistas de boa cepa, puseram-se de pé e assumiram, destemidamente, o caminho da ruptura com o velho PT desfigurado, ou melhor, prostituído.

O que fez Heloisa Helena assumir essa missão histórica? Católica fundamentalista, a senadora mostrava-se possuidora de uma grande dose de raivosidade e um amplo vocabulário cheio de adjetivos e ofensas que sabia matraqueá-los, em sequências quase intermináveis, para denunciar a carência moral tão explícita naquele momento e, sobretudo, naquele surpreendente episódio.

Deu-se uma dissidência parlamentar por ocasião da citada votação sobre a Previdência. Dessa dissidência nasceu o Partido Socialismo e Liberdade – PSOL, sob sua presidência. Com o andar da carruagem, entretanto, os fatos vieram mostrar que o fundamentalismo e os traços udenistas da então senadora, não seriam qualidades suficientes para empalmar as tarefas que a história exigia e exige. Ela, hoje, prepara-se para deixar o PSOL e se irmanar com Marina Silva na construção de um novo partido, este sim, pretenso instrumento moralizador do capitalismo. Não haverá, porém, ela de se desfiliar do PSOL no momento, pois necessita da legenda para tentar se reeleger vereadora de Maceió.

Um comentário:

  1. Sempre admirei Heloisa Helena. Tanto que estranhei muito ao ler na Folha de São Paulo, na semana passada, que ela estaria deixando o PSOL para se juntar a Marina Silva na criação de um novo partido. Perguntei, mas não obtive resposta. Esse artigo responde em parte minhas dúvidas. Mas ainda pergunto: por que informações como essas (de que ela é fundamentalista e tem traços udenistas) não vieram a público antes? Por que só agora isso é dito? Eu não a conheço pessoalmente. Moro muito longe da terra em que ela vive e atua politicamente. E tento acompanhar o noticiário político, porque me interessa. Mas desconhecia essas características da ex-senadora. Informações como essas precisam ser divulgadas, desde o primeiro momento em que essas pessoas se tornam lideranças de alcance maior do que o local. Estou negativamente surpresa com essa revelação - pois o é para mim. Gostaria que essas informações sobre quem são de fato as personalidades públicas fossem disponibilizadas e amplamente divulgadas para que não nos iludamos com pessoas aparentemente muito corretas.

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