segunda-feira, 28 de abril de 2014

Ser de esquerda não é...



Ser de esquerda não é...

            ... comprar ou vender gato por lebre. Não é cultivar mentiras, fantasias e fraudes. Não é ser cúmplice das atrocidades cometidas, ontem e hoje, em nome do socialismo ou do comunismo. Não é esquecer os princípios revolucionários para substituí-los por dogmas despidos de todo e qualquer fundamento. Não é se julgar pertencente ao “povo eleito de Deus” e considerar os demais como infiéis, portanto, dignos de serem abatidos. Não é acreditar que a forma sobrepõe-se ao conteúdo; ou seja, acreditar no rótulo sem atentar para a substância. Não é apoiar-se em dúzia e meia de chavões e em dúzia e meia de xingamentos e desaforos. Não é assumir o nacionalismo em detrimento do internacionalismo.
            O que será, então, ser realmente de esquerda? Em primeiro lugar, é ser explicitamente anticapitalista, sem nenhuma meia palavra, sem nenhuma tergiversação. É considerar que a contradição maior do capitalismo reside na dicotomia capital versus trabalho. É ter claro o caráter de classe do Estado e não confundir governo com poder. É se colocar na condição de militante que possa levar a cabo um trabalho de persuasão, de convencimento, respeitando o atraso e a confusão política que a ideologia burguesa impõe ao nosso povo. É reconhecer a impossibilidade de humanização do capitalismo e reconhecer, também, da impossibilidade de se chegar à transformação social através do caminho gradualista. É ter clareza de que revolução é muito mais do que uma simples luta armada. Ela é, antes de tudo, transformação, mudança qualitativa e radical. É não compactuar com as mentiras e embustes que passaram a constituir a cultura de uma pretensa esquerda, de um pretenso socialismo. É reconhecer que o pior inimigo é o falso amigo e que, portanto, uma esquerda que não passa de uma direita travestida, é o inimigo que merece o nosso combate.
            Assim como não é biólogo aquele que diz sou biólogo; assim como não é um químico aquele que diz sou um químico, pois não se trata, nos dois exemplos, de profissões de fé, da mesma forma não é, necessariamente marxista, aquele que diz sou marxista, quando toda a sua construção teórica, todos os seus valores políticos, repousam no equívoco ou na negação pura e simples dos princípios revolucionários.

Um comentário:

  1. Sugiro que você visite Cuba e veja o que a esquerda fez por lá. Caso pense, mas a China está bem, eu digo, eles nem conhecem o Google e é ainda são mais explorado pelo capital que 90% do mundo. Mesmo num lugar de esquerdas, será necessário: capital, trabalho, bens, propriedade e tudo mais que o capitalismo oferece, mas a esquerda não tem a mesmo excelência nos bens e nem na gestão. Nunca teremos um sistema perfeito, porque as pessoas não são perfeitas, mas todas tem o direito a liberdade, e isso o capitalismo permite com plenitude. O capitalismo pode ser melhor e vai ser, porque a consciência da sociedade por uma maior igualdade está aumentando, as grandes empresas sabem que precisam de projetos sociais para agradarem seus clientes, sabem que precisam ser sustentáveis, por que é isso que está vendendo. No capitalismo posso fazer minha parte, na esquerda ( ou como quiserem chamar) vou depender exclusivamente de governantes, e no caso brasileiro, posso afirmar que isso seria desastre.

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