quarta-feira, 2 de julho de 2014

“Arco de esquerda”



“Arco de esquerda”

Quando da consolidação da contrarrevolução na URSS, na década de XX do século passado, os dirigentes desse processo usaram alguns truques e praticaram, sobejamente, a perversão da verdade histórica. Primeiro, eles se apresentaram para o mundo como herdeiros diretos da revolução de 1917. Ao lado disso, se assumiram como legítimos e exclusivos representantes do povo e, assim, construíram uma terrível armadilha: todo aquele que se opusesse aos senhores dirigentes da URSS e da Terceira Internacional Comunista era apontado como inimigo do povo e agente do imperialismo. Essa criminosa construção começou a se processar sob o patrocínio dos grandes líderes revolucionários Lenin e Trotsky e se aprofundou com Josef Stalin e seus asseclas. Usando desse tipo de expediente, vários foram os revolucionários perseguidos, presos, torturados, executados... Uma das vítimas mais notáveis desse proceder calunioso foi, justamente, o sr. Leon Trotsky, que havia perseguido a Oposição Operária liderada por Alexandra Kollontai e caluniado os insurgentes do Soviete de Kronstadt. Posteriormente, esse mesmo senhor teve que provar do veneno que o mesmo ajudou a implantar.
Essa prática, de caráter totalitário, excludente e, sobretudo, desonesto, passou a ser usada pelos próprios trotskistas, de ontem e de hoje, sempre apoiados no argumento de que seus partidos, grupos ou movimentos são os únicos representantes da “causa” e, em nome disso, todos os pecados serão permitidos.
Hoje, no Brasil, o PT e o PC do B, com a anuência de alguns outros agrupamentos que se dizem de esquerda, divulgam uma terrível falsidade política. Dizem eles que existem dois projetos políticos em disputa: um de direita, representado do pelo PSDB, DEM e PPS, cujas figuras de destaque são Alckmin, José Serra, Roberto Freire, Fernando Henrique, entre outros; do outro lado, estaria um “arco de esquerda” defendendo um projeto “nacional desenvolvimentista” nos marcos do capitalismo. Curioso é que esse “arco de esquerda” tem, como figuras políticas de peso, Lula, Dilma, Sarney, Barbalho, Temer, Calheiros, Maluf, Collor de Melo e outros personagens do mesmo naipe.
Construída essa farsa dos dois projetos, parte-se para a velha prática de denunciar os que se opõem ao “arco de esquerda” como direitistas, quando na verdade direitistas são os dois agrupamentos, não só por se manterem nos marcos do capitalismo como por compactuarem e praticarem o mais descarado fisiologismo. Na verdade, essa construção nos colocaria diante da opção: PeTralhas versus tucanalhas. Devemos repudiar essa armadilha.

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