Pôr os
pingos nos is
Há mais de um século se
definiu, com precisão, o caráter do Estado como instrumento político de
dominação de uma classe por outra. Apesar dessa definição ter sido
exaustivamente demonstrada, pouquíssimos são os que têm o domínio correto dessa
questão. Não bastasse a crença corrente de que o Estado é fruto de um pacto
social e tem uma função reguladora diante dos conflitos sociais e políticos,
para o cúmulo do absurdo os “marxistas-leninistas” inclinam-se a propagar o
estatismo. Na estreita cabeça dessa gente existe uma dicotomia formada pelo que
se diz público (Estado) e privado.
Para esses senhores, a
propriedade estatal é do povo e a propriedade privada é da burguesia. Essa
sandice revela o nível de rebaixamento teórico que nos legou os longos anos de
hegemonia stalinista, cujo papel mais perverso foi a completa descaracterização
dos fundamentos do socialismo.
O Estado é de classe. O
Estado é o poder polÍtico. No capitalismo, o Estado burguês exerce o domínio
completo sobre o conjunto da sociedade, através de suas mais diversas
instituições.
Dentre essas instituições
tem-se, como exemplo, o braço armado da burguesia formada pelas Forças Armadas
e policiais. Tem, também, a instituição chamada escola. Essa instituição, assim
como as demais, surgiu com o advento da sociedade dividida em classes e camadas
sociais. A escola foi criada e existe para cumprir dois propósitos básicos: O
primeiro, formar mão de obra qualificada para tocar a economia; o segundo
objetivo, é consolidar os preceitos ideológicos e jurídicos necessários à
sustentação do sistema socioeconômico, em causa.
Diante do colapso do
fraudulento discurso dos dois mundos, o “marxismo-leninismo” da Academia de
Ciências da URSS e suas escolas similares, cedeu lugar aos “marxistas legais”,
presentes nas academias burguesas.
Dizem os incautos e os de má
fé que as academias estão em disputa. Isso é falso. As academias, no
capitalismo, são instituições regidas pelo Estado burguês para servirem aos
interesses do próprio sistema. Lá, é que a burguesia se abastece dos quadros
que necessita para tocar os seus negócios. Lá, vicejam técnicos, cientistas e
uma larga massa de medíocres e uma farta parcela de charlatães, especialmente
nas áreas ditas ciências humanas.
Em razão de tantas
distorções e fraudes é que se torna necessário expurgar, radicalmente, esses
desvios conceituais e pôr os necessários pingos nos is.
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