O
braço armado
As sociedades divididas em
classes e camadas sociais necessitam do aparelho de Estado para dar sustentação
a desigualdade. A classe dominante lança mão de diversas instituições com o
objetivo de conservar, a qualquer custo, a ordem vigente. Entre as várias
instituições que compõem o Estado existem as Forças Armadas.
Durante milênios e milênios,
na história da raça humana, nas sociedades primitivas, não existiam as Forças
Armadas separadas da sociedade, equipadas e adestradas para cumprir o papel de
braço armado do poder a serviço dos privilegiados, como é na sociedade
contemporânea. O poder político é monopólio de uma determinada classe social.
No capitalismo, esse poder é exercido pela burguesia através do Estado, como já
dissemos. A forma ideal de dominação da burguesia é o chamado “Estado
Democrático de Direito”; porém, quando as instituições pacíficas não dão conta
de conter as insatisfações sociais, quando elas se sentem ameaçadas, recorrem
ao seu braço armado e institui o Estado de exceção, popularmente chamado de
ditadura.
O fato de dizer que o golpe
de 1964, no Brasil, foi obra dos militares, esconde a verdadeira natureza de
classe da sociedade em que vivemos. Dizer que houve uma ditadura militar é livrar
a burguesia da responsabilidade pelas tarefas sujas praticadas no regime de
exceção. Os militares, não são uma classe; trata-se de uma corporação
subalterna, cujo princípio é a manutenção da “ordem vigente”. Como operadores
do aludido golpe e executores do Estado de exceção, todas as denúncias das
atrocidades cometidas recaem, unicamente, na conta desses operadores, isentando
a burguesia, como já observamos.
É profundamente lastimável
que a nossa esquerda “marxista-leninista”, junto com os “cientistas políticos”
das academias, tenham se empenhado em construir essa grande mentira de que
houve uma ditadura militar, quando na verdade tratou-se de um golpe
contrarrevolucionário para proteger o capitalismo. Essas verdades devem ser
amplamente anunciadas e a mentira largamente denunciada.
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