Obsessão
anticapitalista
Somos nós, caepistas, acusados de sermos obsessivamente
anticapitalistas. Confessamos ser dotados dessa obsessão. Não se trata,
entretanto, de um sentimento despropositado, gratuito, infundado. Essa nossa
obsessão deve-se ao nosso profundo amor à vida. Quando tomamos consciência de
que a existência da humanidade, e não só dela, está ameaçada pela sinistra
caminhada desse sistema socioeconômico que, na busca desvairada pelo lucro para
uns poucos, destrói, sistematicamente, vidas e ameaça pô-las em total colapso,
caso isso não seja interrompido em tempo hábil.
Vemos diversos discursos correntes tentando combater os
efeitos maléficos do capitalismo, sem se centrarem em sua causa. Mazelas
sociais como a fome, o desemprego, a violência crescente, as drogas e tantas
outras, não podem ser tratadas com a necessária eficácia, caso persistamos em
desconhecer que essas ditas mazelas são expressão do esgotamento de uma ordem
econômica e social que, se um dia foi progressista, tornou-se retrógrada e anti-humana.
Essa postura em negar-se a fazer o combate cerrado,
sistemático e direto ao fator gerador das desgraças sociais, presta um grande
desserviço à causa da humanidade. Em razão desse modo de encarar os fatos, é
que levantamos a bandeira do anticapitalismo. Entendemos, entretanto, que a superação
desse sistema não se dará pela vontade de um punhado de pessoas, mas pela
possível tomada de consciência e da vontade política das massas trabalhadoras.
A transformação social, essa gigantesca tarefa, só poderá realizar-se pelo
concurso da maioria da sociedade, e isso é bom ter bem claro.
É oportuno dizer que as massas populares não terão como
se pôr em pé na luta pela emancipação dos grilhões desse sistema exaurido e
assassino, caso não tomem a imprescindível consciência de quem é o verdadeiro
inimigo dos seus interesses. Daí a necessidade urgente de promover-se um amplo
trabalho de conscientização das massas populares, de forma que elas se deem
conta da verdadeira causa de seus infortúnios e, dessa maneira, se ergam na
luta consequente por uma nova ordem econômico-social, que nos permita um mundo
de justiça e paz.
Essa devia ser a tarefa central dos partidos que se
reivindicam de esquerda, mas não é isso o que presenciamos, e os processos
eleitorais revelam, regra geral, a inadmissível ausência de um claro discurso
anticapitalista. Esse quadro nos leva a redobrar nossa obsessão, esperando que
ela seja, um dia não tão distante, transformada em verdadeira pandemia, isto é,
uma “doença” alastrada no seio do povo.
Tudo em cima, só não podemos buscar um modelo ideal, onírico, quando o campo de combate é a luta renhida corpo a corpo dentro das contradições capitalistas. Daí das jornadas de 18 horas à época da Revolução Industrial Inglesa, A LUTA AVANÇOU PARA A SEMANA INGLESA (5 DIAS POR SEMANA) E A JORNADA PARA 8 HORAS, ALGUMAS CATEGORIAS MAIS AVANÇADAS CONQUISTARAM 6 HORAS ( A DOS BANCÁRIOS?)...OUTRAS CATEGORIAS CHEGARAM À JORNADA DE 6 HORAS, ESTE O CAMINHO PARA A CONSTRUÇÃO DE UMA SOCIEDADE CONCRETAMENTE JUSTA. DESVIAR O FOCO REAL COM VETOR DE CONCRETUDE É DELIRAR NO SONHO LENINISTA QUE SE CONCRETIZOU NA PERESTRÓKA! POIS, NÃO?
ResponderExcluirCaro Marcos Maggioli,
ExcluirSe eu entendi bem, você pugna pelo caminho gradualista, de acumulação de conquistas. Essas conquistas foram e são importantes, mas no capitalismo elas têm limites e, para ultrapassá-los, é necessário o ato revolucionário.
Abraços,
Gilvan Rocha
Gilvan Rocha, você tem o melhor texto e a melhor coerência de todos os articulistas deste CSL - CAEP. É o único que escreve com fluidez. Mas mesmo com sua coerência, fica em suspenso a forma de implantar o socialismo (que para Marx só pode ocorrer com a destruição do estado e das leis burguesas) e preservar o direito de minorias, os direitos individuais, etc. Neste campo, as boas intenções da esquerda terminaram sempre em autoritarismo e muitas mortes.
ResponderExcluirCaro Serapião,
ExcluirA nossa Rosa Luxemburgo dizia: "Pode existir liberdade sem socialismo, porém não pode existir socialismo sem liberdade". Na verdade, a tarefa maior de uma insurreição revolucionária é a desconstrução do estado burguês e a construção do poder político das classes trabalhadoras.
Isso, rigorosamente, não ocorreu na história. O que se viu foi o poder político ser exercido por partidos únicos e cumprindo a tarefa de construção do capitalismo de Estado.
Tudo, infelizmente, em nome do socialismo e do comunismo. Eis a nossa tragédia!
Abraços,
Gilvan Rocha