sexta-feira, 25 de julho de 2014

Social Democracia

Social Democracia

A maior herança imaterial deixada pela revolução burguesa foi, sem dúvida, a democracia política. A burguesia procedeu de forma radicalmente democrática, não por generosidade ou por esperteza. Ela necessitava promover a ruptura total com as amarras do feudalismo. Precisava realizar a mais ampla liberdade, fosse de natureza econômica, fosse de natureza política. 

Esse caráter democrático da proposta burguesa, já era exposto pelos enciclopedistas, ou seja, pelos teóricos que precederam a Revolução Francesa, destacando-se as figuras de Voltaire, Rousseau, Montesquieu, Diderot e D’Alembert. 

A democracia política, como produto do desenvolvimento histórico da sociedade, foi assumida pelos socialistas marxistas como uma grande conquista. Os socialistas marxistas, porém, acrescentavam que a democracia política não era o suficiente para os anseios libertários da humanidade. Reivindicavam, portanto, a democracia social, o que quer dizer, socialdemocracia.

Sociais democratas foram: Engels, Rosa Luxemburgo, Kautsky, Franz Mehring, Plekanov, Lenin, Trotsky, Martov e alguns outros. Entretanto, quando a Segunda Internacional Socialista capitulou e se converteu ao social patriotismo, a palavra socialdemocrata ficou enxovalhada. Em decorrência disso, abandonou-se a expressão socialdemocrata, então prostituída, passando a usar-se a expressão: comunista.

Mas, com a vitória da contrarrevolução e o advento do stalinismo, a palavra comunista tornou-se, também, imprópria, pois, em nome dela, foi praticado o mais ferrenho antissocialismo. Veja-se que, no transcurso dos acontecimentos, as denominações socialistas, socialdemocratas e comunistas tornaram-se expressões completamente degradadas.

Sob a denominação de comunismo deu-se um grande passo atrás, pois foi revogada a democracia política e instalado o totalitarismo de caráter fascista para viabilizar as tarefas de construção do capitalismo de Estado. 

 Rosa Luxemburgo dizia que podia haver liberdade política sem socialismo, entretanto, não poderia haver socialismo sem liberdade política. O que ocorreu na URSS, na China, nos “países socialistas” do leste europeu e em outros lugares, como Cuba e Coreia do Norte, foi a supressão absoluta da democracia política e isso significou e significa um retrocesso na caminhada da humanidade em busca de sua emancipação dos grilhões da desigualdade social. 

Esses fatos, essa trajetória histórica, necessitam ser vistos com toda profundidade para que nos libertemos da grande confusão teórica que foi imposta pela direita explícita e pela direita travestida de esquerda, sob o manto do “marxismo-leninismo” e do “marxismo-leninismo-trotskismo”. Eis uma questão que deve ser encarada com a necessária coragem, possibilitando assim, que possamos romper o cerco de aço e ferro que nos impediu e impede de ver, com a devida clareza, a verdade histórica. Em função dessa ausência de clareza, floresceram os mitos, as mentiras, as lendas e toda uma profusão de inverdades que nos cegaram e cegam, politicamente, impondo um sério nível de estreiteza, de rebaixamento no trato das questões políticas que se apresentam diante de nós. 

Eis o grande desafio de hoje: Ou romperemos com esse círculo de ferro e aço, ou estaremos fadados a testemunhar a falência da raça humana. Esse imperativo histórico nos leva à necessidade urgente de construir uma outra esquerda que já não pode ser denominada socialista, socialdemocrata ou comunista, dado o grande grau de prostituição a que chegaram essas expressões. Em função disso nos propomos expartaquistas, inspirados em Rosa Luxemburgo, embora reconheçamos que essa denominação não traduz, com eficácia, uma proposta de uma nova ordem econômica e social, pois prende-se, apenas, a um posicionamento político.

2 comentários:

  1. Gilvan, sempre digo que você e seu heterônimo Ivanildo Cavalcante são social-democratas envergonhados. Esta vergonha o levou a um salto mortal hermenêutico. Reconheço seu esforço em criar uma teoria para chamar de sua, mas é importante respeitar o sentido das palavras e dos conceitos. Acredito que esta questão está muito bem esclarecida no artigo abaixo: ESQUERDA x DIREITA: A TEORIA DAS GAVETAS OU COMO NÃO CHAMAR URUBU DE “MEU LÔRO”.
    http://questoesrelevantes.wordpress.com/2013/12/12/esquerda-x-direita-a-teoria-das-gavetas-ou-como-nao-chamar-urubu-de-meu-loro/

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  2. Gilvan, reconheço sua história e sua tentativa de teorizar, mas o fato é que Kruschev mentiu! Um novo paradigma terá que ser escrito: Kruschev mentiu, Stálin era um democrata, Trotsky colaborou com os nazis e japoneses! Leia o professor Grover Furr!!!

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